Álcool aumenta o risco de câncer de mama? Veja o que você precisa saber
Saiba como álcool está relacionado a chances maiores de desenvolver diferentes tipos de câncer, inclusive nas mamas
Assim como uma série de outros hábitos, a ingestão de bebidas alcoólicas está associada a um risco adicional de desenvolvimento de uma série de tipos de tumor, incluindo nos seios. Por isso, é essencial entender como o álcool aumenta o risco de câncer de mama.
De acordo com a Associação Americana de Pesquisa do Câncer, o consumo dessa substância é o terceiro maior fator de risco para o desenvolvimento de um câncer, atrás apenas do tabagismo e do excesso de peso. Não por menos, uma série de evidências se acumula na relação entre o consumo inadequado de álcool e vários tipos de tumor.
A relação entre álcool e câncer
É consenso entre pesquisadores e órgãos de saúde pública que o álcool é uma substância carcinogênica. Em outras palavras, isso significa que a exposição a ele por meio do consumo de bebidas alcoólicas tem o potencial de elevar o risco do desenvolvimento de diferentes tipos de câncer. Além disso, as evidências também apontam que quanto mais álcool uma pessoa bebe, maior a chance de sofrer com a doença no futuro.
De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (conhecida como IARC), desde meados do século XX já se sabe da relação entre o consumo de álcool e tumores. Estudos conduzidos ao longo das décadas reforçam essa associação principalmente em tumores de boca, laringe, faringe, esôfago, fígado, cólon, reto e mamas.
Como o álcool pode aumentar o risco de câncer
Ainda de acordo com a IARC, são vários os mecanismos que fazem com que o álcool aumente a chance de desenvolver um tumor. Um dos mais destacados é resultado do metabolismo do álcool dentro do organismo, que o converte em acetaldeído. Esse agente químico tem potencial genotóxico. Ou seja: a exposição a ele faz com que as células sofram alterações negativas (tóxicas) no seu material genético, o que no longo prazo provocar o quadro de câncer.
O consumo de álcool também favorece a geração de radicais livres, que provocam metabolismo oxidativo e podem danificar o DNA celular, bem como afetar moléculas de proteínas e lipídios.
Além disso, o prejuízo na absorção de determinados nutrientes essenciais para a saúde (como ácido fólico, vitaminas do complexo B como o folato, vitamina C, vitamina E e carotenoides) e a elevação do nível de estrogênio são outras possíveis explicações para o desenvolvimento do mecanismo que faz com que o álcool eleve a chance de câncer.
No mais, vale sempre reforçar que a composição das bebidas alcoólicas é variada e é provável que muitas delas exponham o consumidor a uma infinidade de outras substâncias carcinogênicas.
O impacto do álcool no número de casos de câncer de mama
Em 2021, a própria IARC publicou um estudo estimando o número de casos de câncer relacionados ao consumo de álcool. De acordo com os dados levantados, em 2020, foram cerca de 740 mil casos de câncer que podem ser atribuídos à ingestão de bebidas alcoólicas. Isso representa um total de 4% dos casos totais de câncer diagnosticados no mundo todo no mesmo período.
Na lista de tipos de câncer com mais casos relacionados ao consumo de álcool em 2020, o câncer de mama apareceu em terceiro lugar, com aproximadamente 98 mil casos atribuídos ao hábito. Nem todos os casos parecem estar relacionados ao consumo severo da substância. Cerca de 14% estão atrelados a padrões de ingestão moderada ou mesmo leve, o que engloba a ingestão de até duas doses de bebida por dia.
O que pode ser feito para mitigar esse risco
Ao mesmo tempo em que mesmo o consumo habitual de doses pequenas de álcool eleva o risco de câncer, pode ser difícil eliminar por completo a ingestão de bebidas alcoólicas. Elas estão quase sempre relacionadas a momentos de interação social, diversão e relaxamento, o que torna difícil equacionar tal necessidade.
Ainda assim, qualquer diminuição no consumo de álcool se mostra positiva na redução do risco de desenvolver um câncer. Ou seja, sempre que for consumir bebidas alcoólicas, leve isso em conta e tente beber menos.
Durante um tratamento contra um câncer, o ideal é se abster por completo do consumo de álcool. Além do potencial cancerígeno, a ingestão de bebidas pode afetar a metabolização dos medicamentos prescritos pelo médico. Seja como for, vale discutir com o profissional que faz o acompanhamento a segurança de beber não só durante o tratamento, mas também depois de ele ser finalizado.
Ajustando as doses
Em geral, a recomendação da Organização Mundial da Saúde é para que mulheres nunca ultrapassem uma dose diária, uma vez que o processamento do álcool no corpo feminino é mais lento, mantendo a substância na corrente sanguínea por mais tempo. Como referência, uma dose de bebida alcoólica equivale a uma lata de cerveja ou chope (350 ml), uma taça de vinho (90ml), uma dose de bebida destilada (90 ml) ou ainda uma lata ou garrafa pequena de bebidas tipo ice (275 ml).
No entanto, vale sempre ter em mente que o consumo de qualquer dose de álcool pode elevar a chance de desenvolver vários tipos de câncer. Logo, como já destacamos, quanto menos álcool, menor o risco.
No mais, substitua ou alterne a bebida por opções não alcoólicas. Separar dias da semana para não beber também é uma medida interessante para reforçar hábitos que reduzam esse risco. Por fim, acompanhe de que forma se dá sua relação com o álcool e procure ajuda sempre que necessário. Além do câncer, o consumo excessivo de bebidas está associado a uma série de outros problemas de saúde e impactos psicossociais.
Como reforçamos ao longo do texto, o álcool aumenta o risco de câncer de mama. Mais do que condenar qualquer comportamento ou colocar medo diante de uma doença que gera tanto estigma, saber de que forma esse hábito contribui para o desenvolvimento de um tumor é fundamental para que cada um de nós faça escolhas mais inteligentes em prol da nossa saúde.
Aproveite e veja agora alguns dos principais mitos e verdades sobre o câncer de mama.