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Homem com a mão no peito e com medo

Câncer de Mama em Homens

O câncer de mama em homens é uma doença rara: menos de 1% de todos os casos de câncer de mama ocorrem em homens. Segundo o Instituto Nacional de Câncer – INCA, em 2017 16.724 mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama no Brasil, enquanto tivemos apenas 203 diagnósticos de câncer de mama masculino.

Homem tem câncer de mama?

Talvez você pense: homens não têm seios, como podem ter câncer de mama?

A verdade é que, assim como as mulheres, os homens também possuem tecido mamário, mas, eles são diferentes por conta dos tipos de hormônios presentes no corpo feminino que estimulam o desenvolvimento completo dos seios.

Geralmente o corpo das crianças e dos homens já adultos possuem poucos hormônios que estimulam os seios, consequentemente, seus tecidos mamários permanecem lisos e pequenos.

Mesmo assim, você já pode ter visto meninos e homens com seios de tamanho médio e até grande. Normalmente, são apenas montes de gordura, consequência do sobrepeso.

Entretanto, é possível que homens desenvolvam tecido glandular mamário devido ao uso de determinados medicamentos ou níveis hormonais anormais.

Os tipos de câncer de mama em homens

Entre 85 e 90% dos casos dos tipos de câncer de mama em homens são tumores invasivos (capacidade de se espalhar pelo corpo) e 10% são tumores In Situ, lesões que não têm capacidade de metástase. A maioria é do tipo ductal invasivo.

Fatores de risco para câncer de mama em homens

Existem vários fatores que podem aumentar o risco de homens desenvolverem câncer de mama:

  • Envelhecimento – Este é o fator mais importante. Pois, assim como as mulheres, o risco dos homens desenvolverem câncer de mama também aumenta com o passar dos anos. A idade média dos homens diagnosticados é de aproximadamente 67 anos;
  • Altos níveis de estrogênio – A presença de estrogênio estimula a multiplicação de células da mama, tanto as normais quanto as anormais. Os homens podem apresentar altos níveis de estrogênios devido a:
    • Uso de medicamentos hormonais;
    • Excesso de peso (o que aumenta a produção de estrogênio);
    • Consumo de alimentos que contêm estrogênio (o estrogênio e outros hormônios são usados na engorda de bovinos);
    • Consumo de álcool em grandes quantidades (pode afetar as funções hepáticas que regulam os níveis de estrogênio no sangue);
    • Doenças hepáticas, que produzem baixos níveis de andrógenos (hormônios masculinos) e altos níveis de estrogênio (hormônios femininos) podem causar o aumento do risco em desenvolver ginecomastia (crescimento não cancerígeno do tecido mamário), assim como o câncer de mama.
  • Síndrome de Klinefelter – Homens com a síndrome de Klinefelter, assim como os com doenças hepáticas, possuem baixos níveis de andrógenos e altos níveis de estrogênio. Portanto, também correm um risco maior de desenvolver ginecomastia e câncer de mama. A síndrome de Klinefelter é uma condição que afeta cerca de 1 em cada 1.000 homens ao nascer. Além dos níveis irregulares de andrógenos e estrógenos produzidos, os homens que possuem essa condição também possuem outros sintomas como: pernas mais longas, voz mais aguda e barba menos espessa, além dos testículos menores e infertilidade;
  • Histórico de câncer de mama na família – Assim como no caso das mulheres, o histórico familiar também aumenta o risco dos homens desenvolverem câncer de mama. Especialmente se houverem outros homens na família que sofreram da doença. Porém, o risco também aumenta se houver alguma anormalidade genética comprovada ligada ao câncer de mama na família. Homens que herdam os genes BRCA1 ou BRCA2 anormais têm um maior risco de desenvolver câncer de mama. Além disso, em uma família em que um câncer de mama foi diagnosticado em um homem, há um risco de 60% a 76% de os outros homens possuírem o gene BRCA2 anormal. Os genes BRCA2 anormais causam cerca de 40% de todos dos casos de câncer de mama em homens e parentes diretos (pais, irmãos e filhos) de um homem que foi diagnosticado com câncer de mama. Nesse caso, os homens dessa família devem consultar frequentemente um médico mastologista e realizar estudos genéticos para detectar genes anormais.
  • Exposição à radiação: a radioterapia no peito antes dos 30 anos, especialmente na adolescência, pode aumentar o risco de desenvolver câncer de mama.

Clique aqui para saber mais sobre os fatores de risco para o câncer de mama.

Sintomas

Um estudo revelou que a incidência de câncer de mama em homens está crescendo. No período de 1973 e 1988, houve um aumento de 25% no número de casos. Porém, não é claro se houve um aumento real de casos ou se os homens passaram a compreender melhor os sintomas, o que facilitou o diagnóstico.

Abaixo alguns dos sintomas aos quais os homens deve prestar atenção. Caso você observe algumas dessas alterações, procure um médico mastologista de sua confiança.

  • Nódulo no peito, usualmente atrás de mamilo, é o sintoma mais comum;
  • Dor no mamilo;
  • Mamilo invertido;
  • Secreção no mamilo (transparente ou com sangue);
  • Úlceras no mamilo e aréola (anel colorido ao redor do centro do mamilo);
  • Linfonodos dilatados sob o braço ou ínguas axilares.

Diagnóstico

Uma vez que uma anormalidade é detectada na mama, é necessário realizar testes para que o diagnóstico seja confirmado. É possível que o médico mastologista solicite um ou todos esses exames:

  • Mamografia – A mamografia é uma imagem da mama obtida com raios X. A mama é comprimida entre duas placas de vidro e são tiradas duas imagens, uma de cima e outra de lado. O radiologista analisa as imagens e determina se há algo de anormal. Em seguida, o médico pode optar por obter novas imagens de uma área específica, detalhada ou ampliadas;
  • Ultrassom – O ultrassom envia ondas sonoras de alta frequência através da mama e as converte em imagens na tela de visualização. O ultrassom é usado como um complemento para outros estudos. Se for observada uma anormalidade na mamografia ou uma anormalidade durante o exame físico, o ultrassom é a melhor forma de saber se tratasse de algo sólido (como câncer ou fibroadenoma benigno) ou líquido (como cistos benignos). Entretanto, através do ultrassom não é possível determinar se o nódulo sólido é canceroso;
  • Biópsia – A biópsia é usada para distinguir o tecido normal do tecido cancerígeno.

Se houver confirmação do diagnóstico de câncer de mama, o médico poderá solicitar mais exames como, por exemplo, uma ressonância magnética ou a análise imuno-histoquímica. Esse tipo de informação permite que o mastologista defina o tratamento mais adequado para o câncer de mama diagnosticado, seja este medicamentoso e ou cirúrgico.

Tratamentos de câncer de mama em homens

O tratamento mais apropriado para câncer de mama em homens dependerá de vários fatores como o tamanho, a localização, o estádio e os resultados dos exames.

Esta seção fornece informações sobre as diferentes formas as diferentes opções de tratamento, porém vale ressaltar que o médico mastologista, em conjunto com o médico oncologista, é o profissional mais adequado para te orientar após a confirmação do diagnóstico do câncer de mama:

Cirurgia

A cirurgia é uma das opções de tratamento após a identificação de que a anormalidade da mama trata-se de um câncer. Com ela, é possível obter informações completas sobre o tumor e é uma etapa fundamental para o tratamento.

A cirurgia mais comum em homens é a mastectomia radical modificada, isso significa que o mamilo, aréola e todo o tecido mamário são removidos.

Não é comum, nos casos de câncer de mama em homens, realizar a lumpectomia (cirurgia que preserva a mama) devido ao tamanho pequeno da região mamária.

Após a cirurgia, quando o tumor e o tecido circundante são removidos, resta pouco tecido mamário.

Radioterapia

A terapia de radiação é um método altamente direcionado e muito eficaz de eliminar as células cancerígenas que não foram retiradas durante a cirurgia, pois reduz o risco de recorrência do câncer de mama.

A radiação é geralmente indicada após uma mastectomia em homens que têm:

  • Tumor grande (5 centímetros ou mais);
  • Margem de ressecção positiva (quando o câncer se aproxima demais ou se encontra na borda do tecido mamário removido);
  • Área significativa de vasos sanguíneos ou linfáticos que foram afetados;
  • Envolvimento linfonodal significativos (quatro ou mais linfonodos positivos);
  • Envolvimento tumoral da pele.

Após a mastectomia, ser recomendada pelo médico mastologista, a radioterapia deverá ser aplicada de acordo com a frequência e duração indicada pelo médico Radioterapeuta.

A radiação também pode ser usada em homens que apresentam um estádio avançado da doença (metastática) para aliviar os sintomas ou prevenir complicações em áreas específicas da disseminação.

Quimioterapia

A quimioterapia trata-se de medicamentos especiais usados no combate de células cancerígenas e pode ser indicada pelo médico Oncologista nos casos de possibilidade do câncer se espalhar para fora da mama ou já ter se espalhado.

Assim, as indicações para o homem receber quimioterapia seguem as mesmas indicações do câncer de mama feminino.

A indicação de quimioterapia varia muito com tipos celulares, tamanho e análise imuno-histoquímica. Após ampla análise dos exames pelo médico Oncologista, este deverá indicar o melhor tratamento para o caso específico.

É importante que homens e mulheres conheçam os sinais e sintomas do câncer de mama dos homens também.

Chance de cura câncer de mama em homens

Assim como nas mulheres, a descoberta precoce é fundamental para o tratamento e a cura. Quando o câncer de mama é detectado precocemente, as chances de cura da doença são de até 95%!

Por isso, é fundamental realizar consultas de rotina com seu médico mastologista e ficar atento aos sinais e sintomas dessa doença.

Médica mastologista especializada em reconstrução mamária. Além de sua prática clínica, Dra. Brenda atua como mastologista no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é preceptora da residência médica de Mastologia na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) e membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia. | CRM-SP 167879 / RQE – SP Cirurgia Geral: 81740 / RQE – SP Mastologia: 81741

ps.in@hotmail.com

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