O que significam microcalcificações na mamografia?
Ao analisar os exames de imagem, é possível encontrarmos o que chamamos de microcalcificações na mamografia.
Veja este artigo e entenda tudo sobre elas!
A mamografia, utilizada por mais de 50 anos, é um dos exames mais importantes e a melhor ferramenta disponível para que os médicos possam analisar visualmente os sinais iniciais e indícios de câncer de mama.
No entanto, o câncer não é o único problema que acomete as mamas e nem todo sinal de anormalidade é um indicativo disso. Ao analisar as imagens, é possível encontrar anomalias nas estruturas mamárias que podem representar problemas diversos.
Algumas delas são o que chamamos de microcalcificações na mamografia. Vamos explorar mais sobre esse assunto?
Sinais além do câncer de mama
Apesar do câncer de mama ser a maior preocupação na mamografia, até ele ser diagnosticado com precisão, é possível encontrar sinais de cistos e fibroadenomas, por exemplo, que não representam exatamente um risco de câncer.
Leia mais sobre o fibroadenoma aqui!
Já as microcalcificações, segundo artigo publicado na Revista Brasileira de Cancerologia do INCA, representam o risco de um câncer precoce, mesmo a maioria sendo benigna, necessitando de exames mais conclusivos, como a biópsia, por exemplo, para ser analisada com mais detalhes, pois as causas das microcalcificações são diversas.
Por que a mamografia é importante no caso de microcalcificações?
A microcalcificação não pode ser sentida no autoexame caseiro, aparecendo quase que exclusivamente apenas nos exames de imagem, por isso, é importante manter uma rotina anual de exames, especialmente, após os 40 anos de idade, ou até antes, caso o histórico familiar represente risco para o desenvolvimento da doença. Além disso, a mamografia ajuda a manter a vigilância das pacientes que já tiveram câncer de mama, que são os casos de recidiva.
O que causa as microcalcificações?
As calcificações são depósitos de cálcio que ocorrem naturalmente nos tecidos do corpo e, por isso, a maioria das microcalcificações identificadas na mamografia é benigna.
Para conseguir diferir as calcificações malignas das benignas, normalmente, o médico mastologista considera três fatores que ampliam as chances de malignidade:
- Microcalcificações menores do que 0,5 mm;
- Variações no tamanho e formato;
- Agrupamento em uma área da mama.
Do contrário, elas são consideras benignas se forem maiores de 0,5 mm, se tiverem tamanhos e formatos uniformes e se estiverem mais dispersas na mamografia.
Vale lembrar que essas calcificações não têm nenhuma relação com a quantidade de cálcio ingerida nas refeições.
Leia sobre a importância da alimentação como fator de risco para o câncer de mama aqui!
Outras causas que podem gerar o aparecimento de microcalcificações na mamografia são:
- Infecções ou lesões passadas;
- Estruturas benignas ou tumores não cancerígenos, como fibroadenomas calcificados, com calcificações mais grosseiras (em forma de pipoca);
- Sessões antigas de radioterapia feita nas mamas;
- Aterosclerose, uma inflamação que causa o crescimento de depósitos de cálcio nas artérias das mamas.
É preciso tratar as microcalcificações?
Normalmente, os laudos das mamografias recebem uma classificação que indica os resultados e os próximos passos a serem seguidos de acordo com um sistema chamado de Breast Imaging Reporting and Database System, o BI-RADS.
Conheça as categorias:
- Categoria 0: exige mais informação e não pode ser classificada precisamente;
- Categoria 1: significa que não há nenhuma anormalidade a ser reportada;
- Categoria 2: indica sinais de calcificações benignas ou de fibroadenomas não cancerígenos;
- Categoria 3: a anormalidade encontrada pode ser benigna e necessita repetição do exame em um período de seis meses;
- Categoria 4: foi identificado um sinal pequeno de possível câncer e pode ser necessário a biópsia para confirmação;
- Categoria 5: sinal altamente sugestivo de câncer, requer a biópsia para análise precisa;
- Categoria 6: utilizada em casos de câncer de mama ainda não tratados por cirurgia, como o que acontece em caso de mamografias pré-operatórias ou por quimioterapia neoadjuvante.
O tratamento de microcalcificações é bastante relativo, pois, como vimos, são naturais e bastante comuns de aparecerem nas mamografias, apresentando, em sua maioria, uma origem não cancerígena. Ou seja, o tratamento vai depender bastante da análise do médico mastologista e do resultado da classificação do sistema BI-RADS.
Quando e como é feita a biópsia de microcalcificações?
A biópsia é indicada para microcalcificações suspeitas, como as classificadas em BI-RADS 4 e BI-RADS 5. Ela pode ser realizada através de procedimentos como:
- Core biopsia (onde é feita a coleta de material da mama por meio de uma agulha grossa, permitindo que sejam coletados fragmentos maiores da formação suspeita)
- Mamotomia (é feito um corte a vácuo, onde a agulha é guiada de forma precisa até a lesão em que o material vai ser coletado).
Esses dois procedimentos são guiados por estereotaxia ou pela mamografia, já que é o exame capaz de visualizar estas lesões com mais precisão. Outra opção quando a biópsia não é possível devido a posição das calcificações ou pouco volume mamário é a cirurgia, com ressecção segmentar para diagnóstico.
Interpretando o resultado da biopsia
Depois de qualquer biópsia, o resultado deve ser correlacionado com a imagem (correlação anatomo-radiológica) para decidir se há necessidade de ampliação da biopsia através de cirurgia.
A indicação de que a formação é benigna pode dispensar a necessidade da cirurgia, por exemplo. Todavia, algum tipo de acompanhamento pode ser necessário, dependendo da avaliação do profissional.
No caso de formações em que a biópsia confirma a presença de células malignas, o profissional também orientará sobre os próximos passos, que ajudam a determinar a extensão, o tipo e o grau de crescimento do tumor. Pode haver também indicações de análises laboratoriais para saber se as células do tumor contam com receptores de progesterona ou estrogênio. Mas, novamente, vale reforçar a importância da realização dos exames para acompanhamento dessas microcalcificações. Por não trazerem sintomas como dor nas mamas, maior sensibilidade ou febre e também por não serem identificadas no autoexame, é importante identificar e analisar os sinais dos exames de imagem, pois, como já sabemos, as chances de tratamento e cura são sempre melhores quanto descobertos precocemente.
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