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Médica fazendo mamografia em paciente mulher

O que você precisa saber sobre os estágios do câncer de mama?

Saiba qual a importância da definição dos estágios do câncer de mama e como isso contribui para a adoção do tratamento adequado

A partir do momento em que um tumor nos seios é identificado, o médico responsável determinará em quais dos diferentes estágios do câncer de mama aquela neoplasia se encontra. Tal conduta é fundamental, uma vez que cada estágio de um tumor demanda diferentes abordagens terapêuticas, além de predispor a uma chance maior de alcançar a remissão.

Aliado a um diagnóstico precoce, o estadiamento correto de um tumor nas mamas pode ampliar a qualidade do suporte oferecido, melhorando o prognóstico e aumentando a sobrevida da paciente.  Por isso, vale entender melhor sobre como tal avaliação é posta em prática.

As principais características dos estágios do câncer de mama

Um tumor nas mamas pode ser enquadrado em 5 estágios, que vão do 0 ao IV, a partir do grau de disseminação da doença. Ou seja, um câncer de estágio 0 está em uma localização restrita (in situ), por exemplo. Além disso, uma neoplasia desse tipo é considerada um pré-câncer ou um tumor não invasivo.

De forma resumida, tumores em estágio I e II são considerados como tumores de mama em estágios iniciais. Já o estágio III indica um câncer de mama localmente avançado, seja pelo tamanho do tumor, seja pelo acometimento dos linfonodos e tecidos ao redor como pele, músculo ou costelas. Por fim, um tumor de estágio IV já se espalhou por outras partes do corpo além do chamado sítio inicial, como consequência de uma metástase à distância. Mais abaixo descrevemos mais detalhas de cada um desses estágios.

Para determinar o estadiamento de um câncer de mama o médico lança mão de uma boa avaliação clínica e física, além de exames laboratoriais e de imagem (como raios x do tórax, ultrassons, cintilografias ósseas, tomografia computadorizada e PET-CT) Ao lado do número que indica o estágio, podem ser inseridas letras (A, B ou C) que apontam uma maior ou menor progressão do tumor dentro daquele grau de acordo com a ordem alfabética.

Independentemente dos parâmetros para determinar o estágio do tumor, é importante reforçar que a evolução de um câncer varia bastante de pessoa para pessoa. Assim, não é raro que mulheres com tumores no mesmo estágio tenham experiências diferentes com a doença e os tratamentos adotados.  Embora importante, os parâmetros para definição do estágio não são aspectos absolutos sobre as condições de saúde e as perspectivas de sucesso no combate ao tumor.

Os aspectos centrais do sistema de estadiamento

O principal sistema de estadiamento de tumores na mama é TNM, desenvolvido pela União Internacional Contra o Câncer (UICC). Cada uma das letras da sigla TNM representa um aspecto do quadro de câncer:

  • T, que indica o tamanho do tumor;
  • N, que aponta o status linfonodal ou número de linfonodos comprometidos pelo câncer;
  • M, que indica a presença ou não de metástases à distância.

Além disso, em 2018 a última atualização o sistema TNM adicionou dados sobre a biologia do tumor para avaliação do estadiamento. Esse processo de inclusão de novos aspectos foi liderado pela American Joint Committee on Cancer (AJCC) e leva em conta:

  • Grau histológico do tumor (GH);
  • Status dos receptores de estrogênio, representado pela sigla RE;
  • Status dos receptores de progesterona, representado pela sigla RP;
  • Status do HER2, que representa a expressão dessa proteína;
  • Pontuação Oncotype DX, nos casos em que o câncer for receptor de estrogênio positivo, HER2 negativo e não houver comprometimento nos linfonodos.

A partir disso, os resultados da avaliação de cada fator são combinados para determinar o estadiamento do tumor.

A aplicação do sistema de estadiamento do câncer de mama

Dentro de cada parâmetro, o avanço da doença altera o número que acompanhará as letras TNM. Assim, um tumor de até 2 cm é classificado como T1. Tumores que não podem ser avaliados, que não são identificáveis por meio das evidências disponíveis ou que estiverem in situ recebem a classificação Tx, T0 e Tis, respectivamente.

Tal raciocínio se aplica ao avanço sobre os linfonodos (N), que determina o estágio conforme o comprometimento de acordo com o número de glândulas do sistema linfático atingidas e do grau da metástase (M), se houver, variando entre M1 e M0 (ou seja, se há ou não processo metastático identificável). Assim, cada um dos estágios já mencionados descreve diferentes quadros de evolução doença.

Estágio 0

Esta fase descreve um câncer de mama em estágio inicial ou não invasivo denominado de carcinoma ductal in situ (CDIS). Nele, as células cancerígenas não invadem a membrana basal subepitelial. Por isso, o tumor não atinge veias e vasos linfáticos, não gera metástases e pode ser considerado como um pré-carcinoma. Com a difusão da mamografia, o carcinoma ductal in situ corresponde entre 10 e 30% dos casos de câncer de mama.

Estágio I

Esse estágio descreve o câncer de mama invasivo inicial ou precoce, no qual o tumor mede não mais do que 2 centímetros. Ele é subdividido em duas categorias (IA e IB). No estágio IA, o tumor tem 2 centímetros ou menos, não se espalhou além da mama e não comprometeu nenhum linfonodo. Por sua vez, o estágio IB significa que o tumor na mama também tem até 2 centímetros, mas com pequenos aglomerados de células de câncer encontrados nos gânglios linfáticos (com uma invasão de até 2 milímetros).

Estágio II

Esse estágio ainda indica a presença de um câncer de mama estágio inicial ou precoce. Ele também conta com subdivisões.  O estágio IIA representa um tumor na mama que ainda é pequeno. Pode não haver câncer nos gânglios linfáticos ou ser identificada uma disseminação que atingiu até três linfonodos. O estágio IIB indica que o tumor do seio pode ter até 5 centrímetros e ter atingido qualquer gânglio linfático.

Estágio III

Esse estágio indica o desenvolvimento de um câncer de mama localmente avançado que:

  • pode ser um tumor de mama grande (normalmente maior que 5 centímetros);
  • pode ter se espalhado para vários linfonodos axilares ou de outras áreas próximas à mama;
  • pode ter se espalhado para outros tecidos ao redor da mama, como pele, músculos ou costelas.

Estágio IV

Por fim, esse estágio indica a presença de um câncer de mama avançado ou metastático. Nessa fase, a doença se disseminou para outros órgãos e tecidos do corpo, além das mamas e axilas. Os locais mais comuns para o aparecimento de metástases são ossos, fígado, pulmões e cérebro.

Leia também: Entenda o que é um tumor HER2 positivo e o que isso indica

Exemplos da definição do estágio de um câncer de mama

A evolução do processo de estadiamento de um câncer de mama pode tornar sua compreensão um pouco mais difícil do que de outros tumores. Logo, a recomendação é sempre consultar seu médico se alguma dúvida persistir.

No mais, é preciso ponderar que o método pode oferecer um número enorme de combinações para determinar o estágio da doença. De qualquer forma, exemplos de aplicação são úteis para explicar melhor de que forma se determina o estágio de um câncer de mama.

Em uma mulher com um tumor de entre 2 e 5 centímetros, sem disseminação para os linfonodos e sem metástase, a classificação será T2+N0+M0. A partir de uma tabela de referência, constata-se que essa paciente tem um tumor em estágio IB.

Em outro exemplo, uma mulher com tumor maior que 5 centímetros, com disseminação que já atingiu entre 4 e 9 linfonodos, mas ainda não atingiu outros órgãos terá como classificação T3+N2+M0. Conforme a metodologia de estadiamento, isso representa um câncer de mama em estágio IIIB. Em ambos os casos, o médico investigará a expressão dos receptores hormonais, do HER 2 e do grau das células.

Conforme já mencionado, a progressão dos estágios do câncer de mama exige abordagens terapêuticas diferentes. Assim, em estágios iniciais, a combinação de diferentes opções de tratamento, incluindo aquelas restritas ao local no qual o tumor está, costuma surtir bons resultados. Exemplo disso são as cirurgias acompanhadas de terapia adjuvantes ou neoadjuvantes, como quimioterapia, radioterapia ou outras opções medicamentosas. Já cânceres avançados com maior grau de disseminação podem exigir a introdução de terapias específicas (como a imunoterapia, por exemplo) ou sistêmicas.

Aproveite e saiba mais sobre os quadros de recorrência de um tumor nas mamas e o que pode ser feito para reduzir esse risco.

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