Silicone pode causar câncer de mama? O que se sabe sobre o assunto?
Saiba se silicone pode causar câncer de mama e entenda quais são os riscos desse tipo de implante para as mulheres
Afinal, silicone pode causar câncer de mama? A polêmica em torno dessa questão ganhou mais uma página quando em setembro de 2022 o FDA (Food and Drug Administration responsável pela regulação desses dispositivos nos Estados Unidos) emitiu um alerta sobre o relato de alguns casos de carcinomas de células escamosas e linfomas na cápsula mamária, que acolhe o implante dentro da mama.
Embora esse tipo de manifestação não indique a presença de um tumor na mama, ele levanta uma série de questões em quem pretende fazer o implante nas mamas ou já passou por procedimentos dos tipos. Além disso, é muito comum que mulheres se perguntem se ter silicone nos seios atrapalha a realização de mamografias ou mesmo o tratamento de um eventual câncer nas mamas.
Afinal, silicone pode causar câncer de mama mesmo?
As cirurgias de implante de silicone para aumentar o tamanho das mamas são um dos procedimentos estéticos mais comuns em todo o mundo, inclusive no Brasil. De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, em 2021, foram realizados 1.685,471 procedimentos do tipo. Apenas no Brasil, foram 177.960 cirurgias para aumento dos seios, mais de 10% de todas as cirurgias estéticas do país.
Diante de tamanha popularidade, alertas como os emitidos pelo FDA em 2022 chamam a atenção, ainda que o número de casos de tumor identificados seja pequeno e restrito a tipos relativamente raros de neoplasia. De acordo com o comunicado da agência divulgado à época, foram identificados 20 casos de carcinoma das células escamosas e 30 casos de linfomas em torno da cápsula ao redor do implante de silicone. As informações foram coletadas mediante medidas de vigilância pós-comercialização, comuns a esse tipo de produto.
Em complemento, a agência alertou que eram necessárias investigações adicionais para confirmar a relação entre esses tumores e a presença do implante. Além disso, muitos pontos a respeito dos casos em questão permaneciam desconhecidos diante das limitações dos dados disponíveis.
Antes do caso em questão, já havia sido considerada a conexão entre implantes de silicone e casos de linfoma anaplásico de células grandes. Embora raros, eles podem se tornar mais comuns com o número alto de implantes realizados. Ainda assim, investigações adicionais também precisam ser feitas.
Seja como for, vale reforçar que nenhum dos tipos de câncer relatado diz respeito a tumores na mama em si. Ou seja, diante dessas e de outras evidências disponíveis não permitem associar o implante de silicone nos seios com o desenvolvimento do câncer nas mamas.
Saiba mais: Entenda a relação entre linfoma anaplásico de células grandes e silicone
Quais cuidados as mulheres que já fizeram ou pretendem fazer esse tipo de procedimento devem ter?
É claro que tal constatação não dispensa a necessidade de que alguns cuidados sejam observados por mulheres que pretendem se submeter a tal tipo de procedimento. Nesse cenário, a comunicação entre cirurgião e paciente é fundamental. Cabe ao profissional esclarecer dúvidas e apontar eventuais riscos desse tipo de intervenção, por exemplo.
Além disso, ele deverá fornecer orientações básicas para acompanhar a saúde das mamas e monitorar qualquer sinal que possa indicar alguma modificação provocada pelos implantes.
É necessário também que as mulheres estejam cientes da necessidade de procurar ajuda médica imediata caso notem sinais como inchaços, nódulos, caroços e assimetrias nas mamas.
Se você tem implantes mamários, não há necessidade ou recomendação para remoção das próteses devido aos relatos mencionados no tópico anterior.
No mais, o mastologista ou cirurgião especialista em mamas indicará de que forma deverá ser feito o acompanhamento da saúde das mamas no longo prazo. Ele poderá recomendar regimes diferentes para a realização de mamografias. Isso levará em conta o histórico da paciente e o tipo de procedimento realizado (cirurgia de aumento ou de reconstrução, por exemplo).
Além disso, tal acompanhamento envolve a realização de ressonâncias magnéticas e ultrassons periódicos para identificar possíveis problemas com a prótese. A manutenção desse cuidado também pode ajudar na identificação de alterações na saúde da mama de forma precoce.
O silicone pode atrapalhar no diagnóstico ou no tratamento do câncer de mama?
A presença dos implantes de silicone nos seios não costuma atrapalhar no processo de diagnóstico de um possível tumor nas mamas. Na hora fazer uma mamografia, mulheres que aumentaram os seios devem comunicar esse fato ao responsável pelo exame. Como a cápsula que armazena o silicone pode deixar a mama mais dura, o posicionamento dela no equipamento tende a ser um pouco diferente.
Assim, existem técnicas que facilitam a visualização adequada do tecido mamário mesmo na presença das próteses. No mais, outros exames de imagem (como as ressonâncias e ultrassons) podem auxiliar no complemento da investigação.
No caso do diagnóstico de um tumor nas mamas, a presença do silicone não interfere no tratamento. Além disso, não existe impedimento para que mulheres que já tiveram câncer de mama façam implante de silicone nos seios. Pelo contrário: essa costuma ser a solução adotada para a reconstrução mamária depois de uma mastectomia. Em todo o caso, é importante discutir as alternativas com o mastologista, para garantir a segurança do procedimento.
É normal que haja algum receio sempre que alguma notícia indica que silicone pode causar câncer de mama. Entretanto, o importante é manter a calma e consultar seu médico sempre que necessário. Por fim, cabe sempre considerar que o uso de implantes pode ser relevante do ponto de vista estético, inclusive para mulheres que passam pelo processo de reconstrução das mamas.
Aproveite e entenda agora como é feita uma mastectomia.