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Profissional de saúde analisando carcinoma oculto de mamografia

As principais características de um carcinoma oculto da mama

Quando se pensa em um câncer mamário, a primeira ideia que normalmente vem à mente é a de um nódulo palpável em um dos seios. No entanto, o chamado carcinoma oculto da mama subverte essa lógica.

Na prática, esse tipo de condição se manifesta principalmente pela proliferação de células cancerígenas nos linfonodos axilares, enquanto o tecido da mama permanece ileso, ao menos nos exames de imagem convencionais.

Embora bastante raro, a atenção necessária diante dessa suspeita pode acelerar o diagnóstico e garantir um tratamento mais efetivo.

Por que os carcinomas ocultos têm esse nome?

A maioria dos carcinomas mamários fica localizada nos ductos ou nos lóbulos. Eles se formam a partir da proliferação irregular de determinados tipos de células que compõem tecidos específicos do organismo. Dessas localidades, podem ainda se espalhar para outras partes do corpo conforme a doença evolui.

Em resumo, os ductos são as estruturas responsáveis por conduzir o leite materno até o exterior da mama. Enquanto isso, os lóbulos são as glândulas responsáveis pela produção do líquido.

Seja como for, na maioria dos casos essas alterações geram algum tipo de lesão na mama. Elas podem ser percebidas por meio de nódulos palpáveis ou identificadas em exames de rotina, antes mesmo de manifestar qualquer sintoma.

No entanto, os carcinomas ocultos da mama recebem esta denominação precisamente porque um tumor primário na mama não é detectável pelos métodos convencionais, como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética.

Simplificando bastante, trata-se de um tumor que não é detectado por nenhum exame clínico ou radiológico convencional.

A partir disso, as manifestações mais corriqueiras dessa categoria de tumor só aparecem no comprometimento dos chamados linfonodos axilares (estruturas do sistema linfático alojadas na axila, também chamadas de gânglios). Posteriormente, sua presença só pode ser determinada com análises laboratoriais específicas, como exames histopatológicos e imuno-histoquímicas.

Diversas fontes da literatura especializada sobre o tema apontam que somente entre 0,3% e 1% de todos os casos de câncer de mama são classificados com essa denominação.

Os sintomas e o processo de diagnóstico desses carcinomas são diferentes?

A compreensão em torno do que leva a essa manifestação oncológica ainda é bastante limitada. Entre as teorias que podem explicar o desenvolvimento de um câncer de mama oculto estão:

  • tumores de tamanho tão reduzido que passam despercebidos pelos exames de imagem;
  • circunstâncias em que o tumor primário apresenta uma regressão espontânea após a disseminação das células cancerígenas;
  • formação de lesão maligna em local atípico (fora do tecido mamário, próximo à região da axila).

Portanto, sem a lesão cancerígena no interior do tecido mamário, os possíveis sintomas capazes de sugerir a presença de um carcinoma oculto da mama também são diferentes.

O mais comum deles é a presença dos linfonodos axilares inchados (na forma das famosas ínguas). Ainda que tal processo seja relativamente comum e explicado quase sempre por infecções e inflamações, ele pode chamar a atenção para o problema quando se torna persistente e há um aumento progressivo dos gânglios.

Eventualmente, as alterações nos linfonodos são notadas em exames de imagem periódicos (como mamografias ou ultrassons).

Diante disso, a condição dos gânglios deve ser investigada com uma biópsia, na qual um fragmento do tecido da região é removido e enviado para a análise de um médico patologista.

Esse profissional consegue determinar se as células ali presentes têm características compatíveis com um câncer de mama.

Caso o resultado seja positivo, o médico responsável pelo acompanhamento pode sugerir a realização de exames de imagem nas mamas, incluindo mamografias, ressonâncias e ultrassons. O objetivo é garantir que não há nenhum foco de tumor no tecido mamário, confirmando o diagnóstico de um carcinoma oculto da mama.

Leia também: Conheça os tipos mais comuns de câncer de mama e entenda suas principais características

Quais os tratamentos disponíveis e as perspectivas de prognóstico?

Geralmente, a principal abordagem para combater um carcinoma oculto da mama é a intervenção cirúrgica, embora isso varie conforme as características biológicas do tumor diagnosticado. Em boa parte dos casos, a cirurgia axilar é suficiente, dispensando qualquer tipo de intervenção na mama. Nessa técnica, os linfonodos da axila são removidos.

Como complemento, sessões de radioterapia ou quimioterapia podem ser indicadas. O uso de tais recursos, a depender das circunstâncias, contribui para reduzir o risco de recorrências.

Intervenções adicionais (como hormonioterapia e terapias-alvo específicas) podem ser indicadas conforme determinados aspectos da doença (presença de receptores hormonais, status do HER2 etc.).

No geral, as perspectivas em torno de um carcinoma oculto da mama são parecidas com tumores convencionais identificados em estágios similares. O número reduzido de protocolos consolidados dada a raridade da manifestação talvez seja um obstáculo, mas o acompanhamento adequado pode superar essa limitação.

Antes de ir embora, saiba mais também sobre sintomas de um câncer de mama inflamatório e descubra como funciona o tratamento desse tipo também raro de tumor.

Médica mastologista especializada em reconstrução mamária. Além de sua prática clínica, Dra. Brenda atua como mastologista no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é preceptora da residência médica de Mastologia na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) e membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia. | CRM-SP 167879 / RQE – SP Cirurgia Geral: 81740 / RQE – SP Mastologia: 81741

ps.in@hotmail.com

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