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Mulher fazendo caminhada

Benefícios da caminhada: pacientes com câncer de mama podem viver mais depois da doença

Diversos estudos já mostraram que movimentar o corpo regularmente pode aumentar a sobrevida de pacientes depois do diagnóstico do câncer de mama. Nesse contexto, os benefícios da caminhada também fazem dessa prática uma alternativa importante para reduzir o sedentarismo e suas complicações.

Para sustentar a afirmação, um estudo buscou mapear de que forma um número maior de passos diários está associado a uma menor mortalidade por qualquer causa depois que a doença foi identificada. Os resultados foram apresentados em um evento sobre estilo de vida e saúde cardiometabólica da American Heart Association.

A importância da atividade física entre pacientes com câncer de mama

Finalizar o tratamento do câncer de mama certamente é uma etapa fundamental na jornada que começa depois da notícia do diagnóstico. Mas esse marco não significa que é possível dispensar a manutenção de determinados cuidados com a saúde.

Desse modo, há vários motivos para reforçar as recomendações sobre uma vida ativa entre esse grupo de pacientes.

Logo de início, evitar o sedentarismo tem o potencial de amenizar o risco de recidivas do câncer de mama, independentemente da idade. Além disso, o hábito contribui com o bem-estar físico e mental como um todo, reduzindo possíveis efeitos colaterais de longo prazo associados ao tratamento.

Em paralelo, os exercícios também são essenciais para prevenir complicações cardiovasculares, obesidade e diabetes, entre outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). O Ministério da Saúde reforça que elas são as principais causas de morte em todo o país e que, por isso, devem ser monitoradas de perto para uma maior qualidade de vida.

Leia também: Como exercícios podem ajudar na prevenção e no tratamento do câncer de mama

O tamanho dos benefícios da caminhada na sobrevida depois do câncer

Com isso em mente, pesquisadores reuniram os dados de 2.600 mulheres sobreviventes de diferentes tipos de câncer já na pós-menopausa. Mais da metade da amostra era composta por pacientes com tumores mamários.

As participantes passaram pelo menos quatro dias de uma semana com um acelerômetro no quadril. O equipamento, mantido junto ao corpo por no mínimo 10 horas diárias, registrava todos os movimentos de cada uma delas.

Depois disso, elas foram acompanhadas por cerca de oito anos. Nesse período, eram registrados os óbitos por todas as causas, incluindo câncer e doenças cardiovasculares.

Os resultados obtidos indicaram que mulheres que praticaram pelo menos 60 minutos diários de atividade física moderada a vigorosa (como uma caminhada mais rápida) apresentaram redução significativa no risco de morte por qualquer causa, mas principalmente por doenças do coração. Além disso:

  • mulheres com 5.000 a 6.000 passos diários acumulados apresentaram um risco 40% menor de mortalidade por qualquer causa;
  • a cada 2.500 passos adicionais, a chance de comprometimento cardiovascular caía cerca de 34%;
  • a cada pouco mais de 100 minutos diários em posição sentada, observou-se um aumento de 12% no risco de morte por qualquer causa e de 30% no risco relacionado a doenças cardíacas;
  • os maiores benefícios foram entre aquelas que se exercitavam de forma vigorosa ou moderada, mas quem praticava exercícios leves também obteve ganhos, ainda que menores.

Os achados estão em linha com outro estudo sobre o tema publicado também em 2025 no Journal of the National Cancer Institute, reunindo dados de 90 mil sobreviventes de câncer, com acompanhamento médio de 10 anos.

No fim, os pesquisadores concluíram que entre 150 e 300 minutos de atividade física semanal (inclusive em momentos de lazer) com intensidade moderada ou vigorosa estão associados com uma maior sobrevida.

As recomendações para colocar em prática com segurança esse tipo de orientação

A caminhada, em particular, é um exercício que geralmente não exige equipamentos especiais ou treino intenso prévio. Ela pode ser feita ainda em diferentes ambientes e adaptada ao ritmo e à condição física de cada pessoa.

De qualquer maneira, antes de iniciar qualquer rotina de atividade mais intensa, é fundamental conversar com seu médico. O profissional poderá avaliar o estado geral, identificar eventuais limitações e indicar a melhor forma de começar.

Seja como for, entre as dicas que podem ajudar na busca de uma vida mais ativa estão:

  • começar aos poucos com um ritmo que seja confortável e ir aumentando-o progressivamente;
  • dividir o tempo de atividade em vários intervalos ao longo do dia e combiná-lo com outras atividades diárias (como levar o cachorro para passear);
  • evitar longos períodos sentados, procurando sempre levantar-se a cada hora para se movimentar, alongar-se ou caminhar alguns passos. Isso ajuda a reduzir os riscos ligados ao comportamento sedentário;
  • observar sempre os sinais do corpo para entender se o esforço não está além do limite do organismo;
  • considerar outras formas de se movimentar, como andar de bicicleta, dançar, fazer pilates, entre outras modalidades.

Assim sendo, ao incorporar esse tipo de atividade na rotina, fica mais fácil aproveitar os benefícios da caminhada e de outras práticas, reduzindo o risco de complicações de saúde mesmo depois do diagnóstico de um câncer.

Saiba agora como exercícios após cirurgia de câncer de mama melhoram a mobilidade do braço e do ombro.

Médica mastologista especializada em reconstrução mamária. Além de sua prática clínica, Dra. Brenda atua como mastologista no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é preceptora da residência médica de Mastologia na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) e membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia. | CRM-SP 167879 / RQE – SP Cirurgia Geral: 81740 / RQE – SP Mastologia: 81741

ps.in@hotmail.com

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