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Médica que analisa resultados da mamografia no raio-x

O que precisa ser levado em conta no acompanhamento pós-câncer de mama?

O acompanhamento pós-câncer de mama exige uma série de medidas que contribuem para reduzir o risco de que a doença volte

Embora seja um marco significativo, o fim do tratamento contra um tumor na mama não é um ponto final. Ele também não representa uma volta imediata à vida normal, pelo menos quando comparada ao cotidiano antes do diagnóstico. Logo, a adaptação a essa nova realidade passa por uma série de medidas de acompanhamento pós-câncer de mama.

Além disso, as pacientes que finalizaram o tratamento devem estar cientes sobre as ações de monitoramento necessárias para identificar possíveis recidivas e entender o que pode contribuir para ampliar a sobrevida.

Mudanças no corpo e efeitos colaterais após o tratamento

É natural que o corpo da mulher passe por uma série de mudanças durante e após o tratamento contra um tumor nas mamas. A natureza das alterações dependerá principalmente das condutas adotadas para lidar com a doença e os efeitos colaterais decorrentes delas.

Pacientes submetidas a uma cirurgia, por exemplo, podem experimentar uma série de desconfortos após o procedimento. Além disso, a remoção do tecido da mama ou mesmo as cicatrizes cirúrgicas podem prejudicar a autoestima, impactando diversos âmbitos da vida (como a sexualidade, por exemplo). Em muitos casos, procedimentos de reconstrução mamária podem ser feitos para recompor a aparência da mama.

Já tratamentos com medicamentos (como quimioterapia, hormonioterapia ou terapia-alvo) podem contribuir, entre outros efeitos colaterais, para a manifestação de sintomas precoces da menopausa. Entre os sinais mais comuns desse quadro estão as ondas de calor, a sudorese noturna e disfunções sexuais, incluindo redução da libido e secura vaginal. É possível também que a paciente ganhe peso. Por outro lado, a perda de cabelo característica da quimioterapia costuma ser revertida assim que o tratamento é encerrado.

Outra alteração corporal que merece atenção em quem foi submetido a uma cirurgia axilar ou tratamento radioterápico são os linfedemas. Eles surgem devido a danos ao sistema linfático, fazendo com que a área afetada (geralmente os braços e axilas) acumule linfa e fique inchada. Além do desconforto, tal problema afeta a estética. Assim, é fundamental que a paciente receba orientação sobre como prevenir e lidar com essa condição.

Recuperação física e fisioterapia acompanhamento pós-câncer de mama?

Movimentar o corpo é justamente uma das medidas essenciais para evitar linfedemas e outras complicações durante o acompanhamento pós-câncer de mama. Por isso, mesmo mulheres que passam por cirurgias são incentivadas a se exercitar, inclusive com o suporte de um fisioterapeuta. Esse cuidado pode acelerar a recuperação física e contribuir para um maior bem-estar geral nessa nova fase da vida.

Entretanto, cada etapa da recuperação faz com que a indicação da intensidade e do tipo de atividade seja diferente. Mulheres recém-operadas, por exemplo, devem se movimentar com cuidado, mas sempre tendo em mente que os exercícios contribuem para uma recuperação mais ágil dos movimentos de braços e ombros. Exercícios específicos podem contribuir para fortalecer a capacidade respiratória. Ademais, os movimentos indicados contribuem para garantir a flexibilidade da região acometida.

Por outro lado, esforços físicos maiores não devem ser feitos antes de remover os pontos. A orientação profissional de médico e fisioterapeuta deve ser sempre respeitada. Eles que garantirão que sua rotina de exercícios seja segura e contribua efetivamente para a recuperação.

No mais, interrompa a prática e procure ajuda sempre que aparecem sinais como tontura, dores, inchaço, dormência ou qualquer outro desconforto na região operada. Eles podem indicar que algo não vai bem e merecem atenção apropriada, evitando riscos maiores.

Atividades físicas e sobrevida

Além de ajudar na recuperação, a prática regular de exercícios físicos contribui com uma menor chance de recidivas e um aumento da sobrevida nas pacientes. Ou seja, elas podem viver mais tempo sem a doença após o tratamento. Cada vez mais, estudos reforçam tal afirmação.

Um artigo publicado em 2020, no periódico do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, mostrou que pacientes que faziam mais atividades antes do diagnóstico e depois do tratamento tinham menor chance de sofrer com uma recidiva do tumor.

Ao todo, o estudo contou com a participação de 1340 pacientes. Elas foram convidadas a preencher questionários informando características do seu biotipo e a quantidade/intensidade da prática de atividade física ao longo de diferentes momentos, do diagnóstico da doença até o fim do tratamento, passando pelo período de quimioterapia. Além disso, elas foram acompanhadas por dois anos após a recuperação.

No fim, mulheres que antes e depois do tratamento atingiam o patamar recomendado para a prática regular de exercícios físicos indicado pelas diretrizes de atividades físicas para norte-americanos ( indicada entre 2 horas e 2 horas e 30 minutos por semana de exercícios moderados), tinham uma chance 55% menor de ter uma recidiva. Além disso, o grupo que mais se exercitava tinha um risco 68% menor de morrer por qualquer outro problema de saúde.

Outro destaque do estudo é que pacientes sedentárias antes do diagnóstico, mas que atingiram o patamar recomendado dois anos após o fim do tratamento também viram cair o risco do retorno da doença. Nesses casos, a redução foi de 46%. Ou seja, isso indica que nunca é tarde para começar a se exercitar.

Saiba mais: Como os exercícios podem ajudar na prevenção e no tratamento de um câncer de mama?

O monitoramento no acompanhamento pós-câncer de mama

Mesmo após o fim do tratamento e sem a presença de qualquer vestígio da doença no organismo, é essencial que as pacientes mantenham o acompanhamento para rastrear um possível retorno do câncer de mama. O planejamento desse monitoramento deve ser feito com cuidado junto ao médico. Entre as medidas recomendadas estão:

  • Consultas periódicas, que se repetem de acordo com o período passado do fim do tratamento. Quanto maior a sobrevida sem recidiva, maiores os intervalos entre uma visita e outra;
  • Mamografias, em especial para mulheres que passaram por cirurgias conservadoras;
  • Exames para avaliar a saúde do útero e do endométrio, principalmente para mulheres submetidas a um tratamento hormonal, o que pode elevar a chance de câncer nessa região;
  • Testes para avaliar a densidade óssea, em especial para mulheres que usam/usaram inibidores de aromatase.

Cabe sempre ao profissional fornecer orientações sobre efeitos colaterais de longo prazo dos tratamentos, bem como instruir a paciente sobre atitudes que podem contribuir para reduzir o risco de recorrência do tumor ou do desenvolvimento de outros tipos de câncer. Diante de algum sintoma sugestivo do retorno do tumor, o médico também pode indicar novos exames, inclusive de imagem.

Com tudo isso, é possível garantir o acompanhamento pós-câncer de mama de forma mais tranquila. Superar a doença é uma conquista e tanto, mas conviver com o medo de que ela retorne pode ser difícil. Assim, saber como agir a cada etapa vencida, bem como entender o que pode ser feito para minimizar tais riscos e ampliar a qualidade de vida é o melhor caminho para a vida que começa após finalizado o tratamento.

Aproveite e saiba mais sobre os riscos da recorrência de um tumor na mama e confira dicas adicionais para reduzir tal chance.

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