Sintomas, características e tudo mais o que você precisa saber sobre um angiossarcoma de mama
De difícil diagnóstico, um angiossarcoma de mama é uma forma rara de câncer que pode ser bastante agressiva
Quando se pensa nos tipos de tumores que podem atingir os seios, pouco se fala sobre uma manifestação mais rara dessa condição conhecida como angiossarcoma de mama. E as estatísticas explicam isso: uma vez que apenas entre 0,04% e 1% de todos as neoplasias da mama são angiossarcomas, é natural que eles recebam menos atenção na rotina de médicos e pacientes.
Apesar da raridade, esse tipo de câncer pode ser agressivo. Além disso, a dificuldade de diagnóstico em estágios iniciais tende a desfavorecer prognósticos positivos. Logo, saber reconhecer eventuais sintomas e entender melhor alguns fatores de risco contribui para fortalecer o cuidado com a saúde.
Afinal, quais são as principais características de um angiossarcoma de mama?
Angiossarcomas são tumores que se desenvolvem a partir das células endoteliais dos vasos sanguíneos e linfáticos. Essas células são responsáveis por revestir o interior de veias, artérias e vasos tanto do sistema circulatório quanto do sistema linfático. Em tese, um angiossarcoma pode se desenvolver em qualquer parte do corpo. Contudo, a pele, os pulmões, o fígado, o baço e as mamas concentram a maior parte desses diagnósticos.
A partir disso, as células cancerígenas se proliferam nos tecidos do endotélio, formando canais comunicantes entre si, permitindo que o tumor avance e atinja outras estruturas do organismo, incluindo pele, glândulas e tecido adiposo. Com a evolução da neoplasia, ela pode alcançar um estágio metastático, afetando partes distantes do organismo.
Os angiossarcomas que atingem as mamas podem ser classificados como:
Angiossarcomas primários
Atingem mulheres que nunca foram tratadas contra um câncer de mama antes.
Angiossarcomas secundários
São aqueles que se desenvolvem em pacientes que já passaram por um tratamento oncológico de mama anterior. Em geral, estão associados a presença de linfedemas crônicos ou ainda a exposição à radiação mamária e no braço durante sessões de radioterapia. Os angiossarcomas não são neoplasias exclusivamente relacionadas à radioterapia prévia. Porém, eles são parte dos chamados tumores radioinduzidos.
Em muitos casos, a paciente com angiossarcoma primário tem idade abaixo da idade recomendada para o rastreamento convencional de um tumor na mama, entre os 30 e 40 anos. Com isso, o diagnóstico pode ser prejudicado.
A manifestação relacionada à radiação pode demorar anos para se manifestar e pode ser ainda mais rara. Mulheres que apresentam a condição podem demorar entre 8 e 10 anos após o fim do tratamento para passar pelo segundo diagnóstico. Considerados tumores radio-induzidos os Angiossarcomas secundários costumam afetar mulheres mais velhas.
Os quadros de angiossarcoma na área do linfedema crônico são conhecidos como síndrome de Stewart-Treves. Esse tipo de linfoangiosarcoma ocorre em pacientes com linfedema crônico adquirido após cirurgia axilar por câncer comumente associadas à radioterapia, com problemas congênitos ou com histórico de traumas na área.
Existem sinais que podem indicar a presença de um angiossarcoma de mama?
O sinal mais perceptível de um angiossarcoma primário, assim como em outros tumores, costuma ser a presença de um nódulo palpável na mama . Além disso, a mulher pode notar sinais como o espessamento ou alterações na cor da pele da mama, placas e nódulos violáceos ou ainda, em alguns casos, ferimentos ulcerados.
Já angiossarcomas secundários podem se manifestar por meio de nódulos acompanhados de dor, além de inchaço na mama ou nos braços e alterações na pele, que são perceptíveis por meio de sinais de irritação ou alteração na cor, sobretudo em mulheres que foram submetidas a uma linfadenectomia axilar e à radioterapia.
A partir disso, é fundamental que ao notar alterações nas mamas, as mulheres procurem suporte médico adequado. Tal afirmação também leva em conta que angiossarcomas atingem mulheres fora da idade de rastreamento de tumores nas mamas, como já destacado.
O diagnóstico de um angiossarcoma nem sempre é fácil. As características fisiológicas desse tipo de tumor fazem que muitas vezes eles sejam confundidos com outras formações em exames de imagem. Devido à falta de um padrão claro desse tipo de neoplasia, elas podem ser confundidas com lesões benignas na mama, por exemplo.
Com isso, embora importantes, os exames de imagem (como mamografia, ultrassons e ressonâncias magnéticas) devem ser complementados com a realização de uma biópsia. De forma resumida, nesse procedimento, um pequeno fragmento de tecidzda mama é retirado com uma agulha. Um pequeno pedaço da pele também pode ser coletado por meio de uma biopsia incisional. O material coletado é encaminhado para a avaliação de um médico patologista, que fará a avaliação da natureza do tumor, confirmando ou não a presença de células cancerígenas.
Veja também: Entenda o que é um fibroadenoma na mama, quais são os sintomas e como deve ser feito o tratamento
Quais as opções de tratamento e as perspectivas de prognóstico?
Por se tratar de um tumor de progressão agressiva e com potencial de se espalhar rapidamente por outras partes do organismo, o tratamento contra um angiossarcoma costuma envolver abordagens menos conservadoras.
Assim, cirurgias podem ser a primeira opção de tratamento. Dependendo da posição e do tamanho do tumor, o médico pode indicar a realização de uma mastectomia ou de uma lumpectomia. Como a neoplasia raramente atinge os linfonodos, nem sempre é preciso fazer a ressecção axilar, embora isso possa ser considerado conforme avaliação do profissional responsável.
Adicionalmente, a paciente pode ser submetida a sessões de quimioterapia ou radioterapia após a cirurgia. Elas são importantes para eliminar eventuais células cancerígenas ainda presentes na região afetada. Uma vez que esse tipo de tumor raramente têm receptores hormonais ou HER2, tratamentos com esses alvos não fazem sentido.
A associação entre cirurgia e quimioterapia/radioterapia pode oferecer períodos significativos de sobrevida, inclusive sem novas manifestações da doença. Ainda assim, isso depende da precocidade do diagnóstico e de aspectos que envolvem a extensão e a disseminação do tumor no início do tratamento, bem como da presença de margens livres no procedimento cirúrgico.
Em suma, ainda que raro, o angiossarcoma de mama merece atenção especial. Mulheres com histórico anterior de tratamento de câncer de mama com radioterapia, com o risco de desenvolver linfedemas ou mesmo com episódios desse tipo de câncer na família devem conversar com seus médicos sobre as orientações para fazer o acompanhamento adequado. O benefício de um diagnóstico precoce nesses cenários tende a ser ainda mais significativo.
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