Blog

Mulher segurando uma pílula anticoncepcional

Anticoncepcional e câncer de mama: entenda relação e riscos

Muito se fala da relação entre o anticoncepcional e o câncer de mama. Leia este artigo e entenda se o risco é mesmo maior para quem usa esse tipo de remédio!

A relação entre o anticoncepcional e o risco de desenvolvimento do câncer de mama é uma das mais debatidas e principais dúvidas quando surge a necessidade de usar esse tipo de remédio. Vale lembrar que o anticoncepcional é utilizado com diversos propósitos que vão desde evitar a gravidez e ter maior controle do planejamento familiar, até o tratamento de doenças como a acne ou a Síndrome do Ovário Policístico (SOP), entre outras.

Em relação ao câncer de mama, a dúvida aparece porque as pílulas são compostas, na maioria da vezes, de progesterona e estrogênio. Mais conhecidos como hormônios femininos, ambos são usados para tratar condições como a acne e a SOP, mas também estão muito relacionados ao estímulo das células e, consequentemente, ao desenvolvimento do câncer de mama. Então, vamos entender melhor esses dois temas.

O que é o anticoncepcional?

De uma forma simples, podemos dizer que o anticoncepcional é um remédio que ajuda a prevenir a gravidez utilizando a combinação de hormônios, principalmente estrogênio e progesterona, e que atua de duas maneiras. Uma delas é na inibição da liberação do óvulo e a segunda é na alteração do muco endocervical que impede a fecundação dos espermatozoides ao proteger as trompas.

Voltando um pouco no tempo, de acordo com a Sociedade Brasileira da História da Ciência, o primeiro anticoncepcional foi criado em 1960, chegando ao Brasil apenas em 1962. Nessa época, ainda de acordo com SBHC, a difusão da pílula anticoncepcional envolveu questões jurídicas, políticas, morais e religiosas, sendo o interesse maior para o controle do aumento demográfico, do que nos benefícios e riscos do medicamento em si.

Desde então, a indústria farmacêutica tem sofrido grande pressão pública, se vendo na obrigação de desenvolver novas fórmulas e pílulas com menores quantidades de hormônios.

Benefícios do anticoncepcional

Os principais benefícios relatados pelas pessoas que utilizam pílulas anticoncepcionais são:

  • Diminuição das dores provindas de cólicas e da TPM;
  • Regulagem do ciclo menstrual;
  • Menor chance de desenvolvimento de câncer de ovário ou do endométrio;
  • Melhora na pele;
  • Redução dos efeitos da osteoporose.

Riscos do anticoncepcional

Por outro lado, também há algumas condições de risco com o uso de anticoncepcionais:

  • Retenção de líquido, resultando em ganho de peso;
  • Aumento da chance de doenças hepáticas;
  • Maior propensão a doenças como trombose, infarto, derrame ou embolia pulmonar;
  • Maior chance de hipertensão arterial.

O que é o estrogênio?

Junto à progesterona, o estrogênio é muito importante para o organismo feminino. Enquanto a progesterona é responsável por preparar o corpo para a gravidez, o estrogênio trabalha no desenvolvimento dos órgãos sexuais femininos e no controle dos períodos menstruais.

Existem quatro tipos de estrogênio, veja quais são:

  • Estrona (E1): Produzido nas células de gordura do corpo, nos ovários e na placenta;
  • Estradiol (E2): Tipo mais ativo e envolvido no ciclo menstrual;
  • Estriol (E3): Principal estrogênio da gravidez é produzido e secretado a partir da placenta;
  • Estetrol (E4): Produzido somente durante a gravidez a partir do fígado do feto.

Para este artigo, falamos especificamente do tipo E2, que recebe o nome de Estradiol e é o que tem relação com o câncer de mama. Além do desenvolvimento das características sexuais, o estrogênio ainda contribui para a saúde dos ossos e a melhora da função cognitiva, além de outras funções.

Leia também: Câncer de mama e a sexualidade

Quais os impactos do uso do anticoncepcional para o câncer de mama

Como podemos presumir, a relação do anticoncepcional com o câncer de mama está no nível de estrogênio das pílulas, o que faz com que a utilização desse método contraceptivo esteja associada ao incremento do risco de desenvolvimento de tumor nas mamas.

Um estudo publicado em 2017 no New England Journal of Medicine procurou estimar melhor qual o tamanho desse risco. Para isso, pesquisadores dinamarqueses analisaram os registros médicos de 1,8 milhão de mulheres entre 18 e 45 anos daquele país, e cruzaram as informações com dados sobre o uso de pílulas anticoncepcionais, casos de câncer e outras informações que poderiam confundir a avaliação. Foram excluídas do estudo mulheres que haviam tido episódios de tromboembolismo ou que haviam feito algum tratamento contra infertilidade.

Depois de 10 anos, entre esse grupo de 1,8 milhão de mulheres, foram diagnosticados 11,517 casos de câncer de mama. Em média, o risco de desenvolver um tumor na mama foi 20% maior entre mulheres que haviam usado esse método de contracepção oral em relação àquelas que nunca haviam usado tal alternativa. O risco crescia conforme o período de utilização do contraceptivo. Por fim, o estudo conclui que houve um caso a mais de câncer do que seria o esperado a cada 7960 usuárias de pílulas anticoncepcionais.

Por outro lado, de acordo com o Breastcancer.org, é preciso considerar todos os fatores e não apenas o uso de pílulas anticoncepcionais como principal causador do câncer de mama, pois apenas as pílulas com grande quantidade de estrogênio apresentaram um risco relativo ao aumento das chances de câncer de mama de acordo com outros estudos analisados pela organização.

As pílulas anticoncepcionais são um fator adicional de risco de câncer de mama, pois contribuem para a exposição do estrogênio ovariano que já ocorre naturalmente e estimula as células mamárias ao longo da vida, desde a menstruação até o início da menopausa.

Além disso, fatores mais decisivos como a falta de hábitos saudáveis ou um histórico familiar são mais preocupantes do que o anticoncepcional, frente aos benefícios que ele pode representar.

Por isso, independentemente dos resultados das pesquisas, nenhuma pílula anticoncepcional ganha prioridade acima das principais recomendações de prevenção que incluem, entre outras atitudes, uma boa alimentação, a prática de exercícios físicos, controle do estresse, sono de qualidade e a visita regular ao médico, mais especificamente, o mastologista.

Veja como reforço esses hábitos de prevenção em outro artigo aqui do blog!

No meio de toda essa discussão, o mais importante é salientar que a mulher deve ter o direito de escolher o melhor método contraceptivo adequado para ela. Por isso é tão importante o conhecimento sobre todos eles e uma conversa esclarecedora com o médico ginecologista e/ou mastologista.

Leia também:Quais alimentos ajudam na prevenção ao câncer de mama?

A perimenopausa também é um fator alarmante

Para finalizar, deixo uma última dica: a perimenopausa e a menopausa são períodos importantes para as mulheres que usam anticoncepcional, inclusive como forma de reposição hormonal para alívio de sintomas. Mesmo que seja o período em que o organismo começa a produzir menos hormônios, essa é a idade de maior incidência do câncer de mama.

Lembre-se! Seja qual for a necessidade de utilização da pílula anticoncepcional, é sempre recomendado buscar o auxílio de um médico especialista para entender melhor os efeitos desse remédio e os riscos relacionados ao câncer de mama para cada caso, principalmente, o seu! Mulheres com câncer de mama têm a contraindicação para o uso de qualquer tipo de anticoncepção hormonal, uma vez que isso contribui para o aumento do risco de recidivas.

Achou este conteúdo bom? Confira mais artigos do meu blog aqui!

Sem comentário(s)
Comentar
Nome
E-mail
Website