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Paciente homem com câncer de mama

Câncer de mama em homens continua raro, mas vem aumentando no mundo todo

Embora seja mais comum em mulheres, o câncer de mama também pode ocorrer no público masculino. A incidência de casos de tumores mamários nesse grupo, por sinal, vem crescendo nos últimos anos.


De acordo com estudo publicado neste ano, na revista Clinical Breast Cancer, o número de casos de câncer de mama em homens mais que dobrou entre 1990 e 2021.

Os dados acendem um alerta para a importância do diagnóstico precoce e da conscientização sobre a condição que, apesar de rara, pode ter sérias consequências se não for tratada a tempo.

Taxas de incidência e mortalidade por câncer de mama em homens ao longo do tempo

Para realizar a pesquisa, os autores utilizaram dados do Global Burden of Disease — banco internacional que reúne informações sobre 371 condições de saúde em mais de 200 países.


A análise dos dados revela um crescimento expressivo no número de diagnósticos de câncer de mama em homens cuja idade varia entre 15 a 64 anos.

Em 2021, por exemplo, foram 20.750 casos de câncer de mama masculino — um aumento de 272% em relação a 1990.

Nesse período, a taxa de incidência padronizada por idade passou de 0,40 para 0,77 (por 100 mil homens); a taxa de mortalidade, em contrapartida, subiu de 0,18 para 0,22 (por 100 mil homens).

O que explica o aumento do câncer de mama em homens

Segundo os autores do estudo, o envelhecimento da população e o aumento dos fatores de risco modificáveis ajudam a explicar essas tendências.

Entre os homens diagnosticados com câncer de mama, o consumo excessivo de carne vermelha foi o principal hábito associado ao risco de morte pela doença, seguido pela ingestão de álcool e pela exposição ao fumo passivo.

Nesse sentido, os dados mostram a importância de ampliar a conscientização e a prevenção — incluindo mudanças no estilo de vida — para reduzir o risco de desenvolvimento do câncer de mama em homens, ressalta artigo sobre a pesquisa, publicado no portal do Breast Cancer.

Leia também: O impacto do câncer de mama no Brasil

O câncer de mama em homens no Brasil

O câncer de mama ocorre quando há uma multiplicação desordenada de células anormais no tecido mamário, formando um tumor que pode invadir estruturas próximas e, em alguns casos, se espalhar para outros órgãos (metástases).

Embora o tecido mamário em homens seja menor do que em mulheres, o câncer na população masculina deve ser considerado sério tanto quanto o diagnosticado na feminina.

Atualmente, a doença representa cerca de 1% de todos os casos no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Embora raro, o país registrou 207 óbitos de homens em decorrência da doença em 2020 (ano mais recente com dados sobre a doença).

Segundo o Ministério da Saúde, a probabilidade de desenvolver câncer de mama cresce diante de condições que desequilibram os hormônios ou causam danos às células, facilitando o aparecimento de tumores.

O histórico familiar também eleva o risco, mesmo quando há registros apenas entre mulheres da família.

Dessa forma, entre os principais fatores estão:

  • alterações genéticas (como mutação no gene BRCA2);
  • obesidade, que eleva os níveis de estrogênio;
  • consumo excessivo de álcool;
  • doenças hepáticas crônicas;
  • síndrome de Klinefelter (condição genética caracterizada pela presença de um cromossomo X extra, o que aumenta o estrogênio no organismo);
  • radioterapia prévia na região do tórax.

Principais tipos de câncer de mama masculino

Os tipos mais frequentes de tumores mamários em homens são semelhantes aos observados em mulheres, apontam o Ministério da Saúde e o INCA. São eles:

  • Carcinoma Ductal Invasivo: mais comum, responsável por cerca de 80% dos casos. Inicia-se na parede dos ductos mamários e pode avançar para o tecido glandular da mama.
  • Carcinoma Ductal In Situ: tem origem nos ductos mamários, mas permanece restrito à região, sem se espalhar para outras estruturas;
  • Doença de Paget: também se desenvolve, em um primeiro momento, nos ductos e acomete os mamilos, causando lesões, coceira e sangramentos.

Da mesma forma, os sintomas também são muito similares em homens e mulheres, incluindo nódulos palpáveis na região mamária, alterações na textura da pele, mudanças na cor ou no aspecto do mamilo, além de secreção ou sangramentos espontâneos.

Os protocolos de manejos clínicos são os mesmos utilizados para mulheres, podendo envolver cirurgias ou outras abordagens oncológicas (como quimioterapia e radioterapia).

Entretanto, como muitos homens não costumam observar a região com atenção ou associar os sinais descritos com doença, o diagnóstico do câncer de mama neles costuma acontecer em estágios avançados — o que pode dificultar o tratamento.

Saiba mais: Câncer de Mama em Homens

Como a atenção e a prevenção salvam vidas

O estudo publicado na Clinical Breast Cancer reforça que o aumento dos casos de câncer de mama em homens é uma tendência mundial, merecendo atenção da comunidade médica e da população.

Por ser considerado raro na população masculina, o câncer de mama é considerado por muitos homens como uma preocupação exclusivamente feminina. Consequentemente, medidas de prevenção são ignoradas por esse grupo, assim como os sintomas.

Por isso, é fundamental ampliar a conscientização sobre o tema e reforçar que o câncer de mama também exige atenção dos homens. Além disso, pequenas atitudes podem fazer a diferença. Entre elas:

  • manter hábitos saudáveis, com alimentação equilibrada e prática regular de atividade física;
  • evitar o consumo excessivo de álcool e carne vermelha;
  • parar de fumar e reduzir a exposição ao fumo passivo;
  • observar alterações no corpo, especialmente na região das mamas e mamilos;
  • realizar check-ups de saúde periodicamente e buscar avaliação médica ao notar qualquer alteração relevante.

Quanto antes o câncer de mama em homens for identificado e tratado, maiores são as chances de recuperação completa.

Aproveite e saiba mais sobre a recorrência do câncer de mama: quais os riscos e como evitar?

Médica mastologista especializada em reconstrução mamária. Além de sua prática clínica, Dra. Brenda atua como mastologista no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é preceptora da residência médica de Mastologia na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) e membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia. | CRM-SP 167879 / RQE – SP Cirurgia Geral: 81740 / RQE – SP Mastologia: 81741

ps.in@hotmail.com

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