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Médica conversando com paciente mulher que está sentada e de máscara

Câncer de mama HER2 positivo: o que isso indica?

HER2 positivo é um dos subtipos mais agressivos de câncer de mama e requer tratamento e medicamentos específicos

O diagnóstico de câncer de mama descortina uma grande variedade de termos médicos que muitas vezes deixam as pacientes com dúvidas. Um desses termos associados à nomenclatura da doença é o HER2 positivo.

Segundo as estatísticas divulgadas pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão vinculado a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de mama é a forma de câncer mais comumente diagnosticada em todo o planeta. No entanto, é preciso compreender que existem diversos subtipos de câncer de mama caracterizados de acordo com as especificações de cada tumor, o câncer de mama HER2 positivo é um desses subtipos.

De acordo com o subtipo do câncer de mama, o mastologista responsável pelo acompanhamento da paciente pode adotar as opções de tratamento e estratégias mais recomendadas para obtenção dos melhores resultados conforme o quadro clínico de cada mulher.

Para ajudar a entender mais sobre o câncer de mama HER2 positivo e tirar suas principais dúvidas sobre o assunto preparamos uma FAQ (Frequently Asked Questions ou Perguntas Frequentes).

O que significa HER2 positivo?

A sigla HER2 é abreviação de Human Epidermal growth factor Receptor-type 2 que pode ser traduzido como “receptor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano”.

O HER2 é uma proteína com um importante papel relacionado ao crescimento e desenvolvimento epidérmico dos seres humanos, entre elas as células que compõem o tecido mamário. Contudo, quando em níveis mais elevados do que os normais, esta proteína pode ser hostil ao organismo humano levando a formação do tumor cancerígeno, o câncer de mama HER2 positivo.

Esse é um dos subtipos mais agressivos de câncer de mama e requer tratamento e medicamentos específicos.

Como são as classificações moleculares de câncer de mama?

A classificação molecular do câncer de mama é caracterizada pela presença quantitativa de HER2 e também dos receptores hormonais de estrogênio e/ou progesterona nas células do tumor. Assim temos como possíveis classificações moleculares:

HER2

Possuem a expressão da proteína HER2 (HER2 positivo ou 3+), que podem ou não ter expressão de receptores hormonais.

HER2 LOW

É um novo subtipo, caracterizado como positividade de 1+ na análise imunohistoquímica ou 2+ com teste de hibridização in situ para HER-2 negativo. Antes, essa população era classificada como negativa para fins terapêuticos. Hoje, esse grupo de pacientes foram redefinidos e vislumbram uma nova possibilidade de tratamento, de acordo com estudos em andamento.

Luminal A

Têm crescimento celular lento, não possuem a expressão de HER2, sendo conhecidos, portanto, como HER2 negativo; apresentam muitos receptores hormonais;

Luminal B

Apresentam do mesmo modo que o Luminal A receptores hormonais positivos e também são HER2 negativo, no entanto, apresentam um nível de crescimento celular mais acelerado;

Triplo Negativo

Não apresenta nem a expressão de HER2, nem de estrogênio e progesterona.

Leia também: Para que serve a Biópsia das Mamas?

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do subtipo de câncer mama HER2 positivo é realizado por meio da análise molecular de imunohistoquímica do fragmento de biopsia e serve como guia para que o mastologista possa orientar a paciente acerca do tratamento individualizado mais adequado para o seu quadro.

Os resultados da biópsia podem variar em uma escala de 0 a 3+. Em casos que os resultados forem 0 é considerado como HER2 negativo, se o resultado for HER2 1+ ou 2+ com teste negativo de hibridização in situ para HER-2, é considerado como HER2-Low. Já resultados com +2 apontam que o subtipo do câncer não tem o status definido e, portanto, será preciso realizar um novo exame, que consistiria na hibridização in situ do HER2. Quando ocorrem resultados 3+ é considerado um câncer de mama do tipo HER2 positivo.

Veja também: Cirurgia para câncer de mama: quais as opções de tratamento cirúrgico?

Quais as opções de tratamento de câncer de mama HER2 positivo?

Como aponta o Instituto Nacional do Câncer (Inca), atualmente existem tratamentos específicos para pacientes diagnosticados com câncer de mama HER2 positivo com resultados expressivos.

As opções de tratamento devem ser determinadas de acordo com as características biológicas do tumor, o estadiamento do câncer, além de fatores como idade, comorbidades, menopausa, assim como as preferências da paciente.

Entre as possibilidades de tratamento do câncer de mama HER2 positivo temos os tratamentos local e sistêmico. O tratamento local compreende cirurgia para remoção do tumor associada a radioterapia e também reconstrução da mama. Enquanto o tratamento sistêmico envolve a realização de quimioterapia, terapia biológica e hormonioterapia.

A terapia alvo, por meio de medicações que produzem menos efeitos colaterais para o organismo, e que tem por objetivo atingir como alvo a proteína HER especificamente, tem apresentado bons resultados.

Atualmente o medicamento Herceptin, cujo nome químico é trastuzumab, é aprovada pelo FDA, órgão regulatório americano, para ser usada no tratamento de câncer de mama HER2-positivo que esteja em estágio inicial ou avançado/metastático.

Desde 2019, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou no Brasil a utilização de um novo medicamento, o T-DM1 (trastuzumabe entansina) para o tratamento de pacientes com câncer de mama HER2 positivo com doença residual após tratamento com terapia neoadjuvante. Essa tem sido uma importante opção terapêutica nos casos de pacientes que não apresentaram melhores respostas com os outros tratamentos disponíveis, assim como para diminuir a possibilidade de recidivas.

Já a Trastuzumab deruxtecan (Enhertu) é o mais novo medicamento aprovado pela FDA nos casos de câncer de mama metastático que apresentam o HER2 Low, contudo ainda não foi liberada pela Anvisa para utilização no Brasil.

Câncer de mama HER 2 positivo tem cura?

De acordo com dados do National Cancer Institute (NCI), nos Estados Unidos, o câncer de mama do subtipo HER2 positivo corresponde a 14% dos casos de câncer de mama diagnosticados. Contudo, o diagnóstico não é uma sentença de morte.

O rastreamento precoce, associado ao avanço das técnicas cirúrgicas e a descoberta de novos medicamentos pela Ciência tem conduzido a uma resposta patológica completa com significativas chances de cura. As estatísticas apontam que quando diagnosticado na fase inicial as chances de cura do câncer de mama podem chegar a 95%.

Qual a probabilidade de reincidência do câncer de mama HER2 positivo?

A maioria dos casos de câncer de mama quando diagnosticado na sua fase inicial, independente do perfil molecular, podem ser curados e não apresentar reincidência ao longo da vida.

Porém, uma pequena parte das pacientes pode apresentar recidiva do câncer na mama (recorrência local), ou nos linfonodos axilares (recidiva loco regional) ou em outros órgãos do corpo (metástase à distância).

Os riscos de recorrência estão associados a diversos fatores como tamanho do tumor, idade da paciente, comprometimento dos linfonodos e do grau de diferenciação.

O risco é mais elevado nos primeiros dois anos após o tratamento, diminuindo ao longo do tempo. Considera-se que depois de 10 anos o risco de câncer de mama é semelhante a mulheres que nunca tiveram a doença. Importante destacar que é essencial o acompanhamento de um mastologista para avaliação periódica das pacientes com histórico de câncer de mama.

Esse conteúdo foi útil para você e ajudou a responder sobre suas principais dúvidas sobre o câncer de mama HER2 positivo? Para mais conteúdos informativos sobre câncer de mama e saúde das mamas, continue navegando por nosso blog.

Médica mastologista especializada em reconstrução mamária. Além de sua prática clínica, Dra. Brenda atua como mastologista no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é preceptora da residência médica de Mastologia na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) e membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia. | CRM-SP 167879 / RQE – SP Cirurgia Geral: 81740 / RQE – SP Mastologia: 81741

ps.in@hotmail.com

11 Comments
  • Marlene

    Descobri câncer de mama em 2017, porém só procurei ajuda médica em 2018. Passei por tratamento, cirurgia mastectomia radical esquerda esvaziando de axila esquerda. 16 sessões de quimios, e 29 sessões de radioterapias. 18 aplicações de hercetin. Atualmente apareceu nódulos na região cervical, fiz core biopsy, laudo infelizmente deu metástase carcinoma mamário, no meu caso estádio 4. Segundo feira próxima, dia 08 de maio, começa as químioterapias.
    Meu caso é her 2 + , mais hormonal.

    6 de maio de 2023 19:05
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    • Joselli Ventura

      Olá, Marlene!
      Li seu relato e gostaria de saber como vc está.
      Desejo que seu novo tratamento seja tenha absoluto sucesso.
      Muita saúde e força para você!

      9 de setembro de 2024 00:09
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  • Any

    Percebo que conseguimos entender melhor e até ter ideias de melhores tratamentos qd lemos, vamos atrás. Muitos médicos agem como robô e n observam particularidades de paciente.

    19 de julho de 2024 13:07
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    • brendadmin

      Realmente Any, buscar informações nos permite entender melhor os tratamentos e encontrar abordagens mais personalizadas, um abraço.

      16 de fevereiro de 2025 19:02
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  • Maria Eva Gomes

    Olá Marlene, qual foi o subtipo de câncer, não pare de guerriar, que o Senhor te dê forças e vitória em nome de Jesus!!

    30 de outubro de 2024 18:10
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  • Inês Freitas

    Estou tratando de um câncer de mama direita, já retirei a mama e descobriu que fui cometida pelo Her2 e estou fazendo o tratamento com o trastuzumabe meu tratamento termina em março de 2025 vivendo um dia de cada vez

    19 de novembro de 2024 08:11
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    • brendadmin

      Olá, Ines! Fico feliz em saber que você está seguindo o tratamento com o trastuzumabe. Viver um dia de cada vez é essencial. Se precisar de mais informações ou apoio, estou à disposição. Cuide-se bem!

      16 de fevereiro de 2025 19:02
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  • Lia

    Oi Marlene tbm passei por isso
    Força pra vc Deus sempre

    27 de novembro de 2024 20:11
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  • MARIA GONÇALVES PEIXOTO

    TENHO 2 IRMÃS EM TRATAMENTO DE CANCER DE MAMA AMBAS COM MASTECTOMIA RADICAL COM PROTESE E EXPANSOR , RADIOTERAPIA E QUIMIOTERAPIA , A LUTA E DIFICIL ,GOSTARIA DE SABER SE APOS A REALIZAÇÃO DO TESTE GENATEICO,CASO POSITIVO PODEMOS REALIZAR A MASTECTOMIA PREVENTIVA PELO PLANO DE SAUDE .

    7 de janeiro de 2025 10:01
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    • brendadmin

      Olá, Maria! A decisão de realizar uma mastectomia redutora de risco (preventiva) após um teste genético positivo depende de vários fatores, como o tipo de mutação (por exemplo, BRCA1 ou BRCA2), o histórico familiar e a idade. Quando há um alto risco confirmado, essa cirurgia pode ser considerada quando existe maior beneficio do que risco. Se houver indicação, o plano de saúde tem cobertura sim.
      É essencial também discutir as opções de redução de risco.

      16 de fevereiro de 2025 19:02
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