Saiba quais os sintomas mais comuns de um câncer de mama inflamatório e como funciona o tratamento
Altamente invasivo, um câncer de mama inflamatório pode ser diagnosticado apenas em estágios já relativamente avançados, dificultando o tratamento
Embora relativamente raro, um câncer de mama inflamatório pode ser muito agressivo. De acordo com dados da Sociedade Norte-Americana de Câncer, esse tipo de neoplasia responde por entre 1% e 5% de todos os tumores diagnosticados nessa parte do organismo. Por outro lado, ele tende a atingir mulheres mais jovens, que ainda não ultrapassaram os 40 anos.
Assim, é preciso considerar as principais formas de manifestação, tratamento e prognóstico dessa doença, sobretudo diante do seu caráter mais agressivo. Isso gera um alto risco de metástase e outras complicações que podem afetar a sobrevida da paciente.
As manifestações de um câncer de mama inflamatório
Um câncer de mama inflamatório não parece com um câncer de mama “convencional” (ou seja, não aparece pelo meio do surgimento de nódulos na mama, presentes nos casos mais comuns da doença). Ainda que ele possa ser classificado como um carcinoma ductal invasivo, suas principais características são a presença de sinais como vermelhidão e inchaço na pele da mama afetada.
Esses aspectos, portanto, tornam o diagnóstico por meio de mamografias mais difícil. No mais, um câncer de mama inflamatório tende a:
- Aparecer com maior frequência em mulheres negras do que brancas;
- Ter maior incidências em mulheres com sobrepeso ou obesas;
- Ser mais agressivo que outras formas de apresentação do câncer de mama;
- Ser diagnosticado em estágio mais avançados, quando a progressão da doença já atingiu as células da pele e os vasos linfáticos;
- No momento do diagnostico já apresentar metástases a distância, o que faz com que ele tenha um prognóstico pior que outros tumores de mama.
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas de um câncer de mama também tendem a evoluir de forma mais acelerada dos aqueles presentes em um câncer “convencional”. Em um período que oscila entre três e seis meses a paciente pode perceber:
- Inchaços na pele da mama afetada; o que pode fazer com que ela pareça maior e mais pesada do que a outra;
- Vermelhidão em mais de um terço da mama;
- Pele com aparência de casca de laranja;
- Mamilo invertido ou retraído;
- Coceira, dor ou sensação de calor na mama;
- Inchaço dos linfonodos na axila ou na região do pescoço.
É claro que a presença de um ou mais desses sintomas não indica imediatamente que a mulher tem um câncer de mama inflamatório. Ao notar esses sinais, é essencial procurar ajuda médica para uma avaliação detalhada.
As opções de tratamento disponíveis
A aparência inflamada desse tipo de tumor é provocada pelo bloqueio de determinadas estruturas do sistema linfático pelas células cancerígenas. Logo, isso explica a aparência similar a uma inflamação na mama desse tipo de tumor.
A partir do momento em que há suspeita de um câncer de mama inflamatório, o médico pode solicitar exames de imagem (como mamografias, ultrassons e ressonâncias magnéticas) ou uma biópsia para confirmar o diagnóstico. Podem ser feitas fotografias da extensão da inflamação na pele da mama, principalmente para acompanhar a evolução após o início do tratamento.
Concluído o diagnóstico e o estadiamento do tumor, o tratamento pode ser feito com a combinação de recursos como quimioterapia, terapias-alvo, cirurgia, radioterapia e hormonioterapia. A mescla de recursos terapêuticos contribui para uma maior chance de remissão.
Em tumores que não se espalharam pelos linfonodos (ou seja, em estágio III), a quimioterapia é a primeira linha de tratamento. Terapias-alvo para tumores HER2 positivo podem ser introduzidas. Adicionalmente, a paciente pode passar por uma cirurgia para remover o tumor, seguida de sessões de radioterapia. Em tumores com receptores hormonais positivos, a hormonioterapia pode também ser indicada.
Mulheres com casos de câncer de mama inflamatório já metastático (em estágio IV) se beneficiam de terapias sistêmicas. Elas incluem além das alternativas já mencionadas, recursos como imunoterapia (para tumores que expressam a proteína PDL1) e inibidores de PARP (quando uma mutação no gene BRCA está presente). Em determinados contextos, cirurgia e radioterapia também são prescritas.
Confira também: O que é um carcinoma lobular invasivo?
O prognóstico de um câncer de mama inflamatório
Uma vez que se espalha mais rápido, é diagnosticado em estágios mais avançados e tem maiores chances de recidivas se comparados a outros tumores, o câncer de mama inflamatório costuma predispor a uma sobrevida menor. De forma resumida, a sobrevida define a porcentagem de pacientes que sobrevivem à doença após o diagnóstico dentro de um determinado período (usualmente 5 anos).
A taxa de sobrevida é calculada com base em alguns fatores. Entre eles, estão os dados de um grupo de pessoas com o mesmo tipo e estágio de um câncer de mama. No caso de câncer de mama, é comum se ouvir falar em sobrevida de cinco anos, que se refere a porcentagem de pacientes que sobreviverem a tal período. Embora isso não possa ser usado como método de previsão para quanto tempo a pessoa viverá, pode indicar a chance de sucesso do tratamento.
Embora haja diferenças metodológicas, principalmente no que diz respeito ao estadiamento, as estatísticas da base de dados de vigilância epidemiológica do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos apontam que mulheres diagnosticadas com um câncer de mama inflamatório entre 2012 e 2018 tem uma taxa de sobrevida de cinco anos entre percentuais que variavam de 19% (quando o tumor já havia se espalhado) a 52% (quando o quadro ainda era localizado). Como referência, a taxa de sobrevida em 5 anos para outros tipos de tumor na mama supera os 90%.
Essas estatísticas, claro, não são nenhuma sentença. Além disso, é preciso considerar que as opções de tratamento estão avançando, inclusive quando o tumor diagnosticado é um câncer de mama inflamatório. De qualquer maneira, esses números são relevantes para orientar decisões clínicas a respeito das melhores condutas terapêuticas.
Agora, aproveite para saber mais sobre os diferentes estágios do câncer de mama e de que forma a evolução do quadro influencia no tratamento.