Saiba mais sobre as características de um câncer de mama metaplásico
Um câncer de mama metaplásico, embora raro, pode ser bastante agressivo. Além disso, é comum que eles sejam classificados como triplo-negativo
Um caso de câncer de mama metaplásico (não confundir com o termo metastático) tende a ser relativamente raro. Em geral, as evidências apontam que esse tipo de doença corresponde a entre 0,2% e 5% de todos os tumores mamários. Entretanto, ainda que pouco comuns, tais quadros podem ter um tratamento mais difícil.
O prognóstico pode ser ainda mais desafiador quando se leva em conta outras alterações presentes na biologia do tumor. Há mais chances de que ele seja triplo-negativo, por exemplo. Em geral, essa característica está associada a uma maior agressividade e a piores desfechos, incluindo uma maior chance de disseminação da doença e de recidivas no longo prazo.
Quais os sintomas e como um tumor metaplásico na mama é diagnosticado?
Assim como outros tumores, um câncer de mama metaplásico geralmente começa a se desenvolver nos ductos mamários. No entanto, em determinado momento, a evolução da doença faz com que comecem a se acumular diferentes tipos de células, muito distintas daquelas que geralmente estão presentes em outros tumores.
Normalmente os tumores metaplásicos compartilham sintomas em comum com outros tipos de câncer de mama. Dessa forma, a paciente pode suspeitar do problema diante de alterações como:
- Modificações no formato e no tamanho da mama;
- Espessamento, enrugamento ou ondulações da pele na região;
- Presença de um nódulo ou caroço;
- Dores nos seios;
- Mudanças no mamilo, incluindo a eliminação de secreções.
Ainda que a mulher possa perceber essas alterações e a partir disso procurar ajuda para entender o que está causando tais problemas, é comum que um câncer de mama metaplásico não apresente sintomas e seja identificado por meio de exames de rastreamento rotineiros. No mais, diante da suspeita de um tumor na mama, o médico pode recorrer a uma série de exames para confirmar o diagnóstico. Os mais utilizados são:
- Mamografias;
- Ressonâncias magnéticas;
- Biópsias, que coletam um fragmento do tecido da região e encaminham essa amostra para a análise de um médico patologista. Esse profissional pode identificar se as alterações celulares são compatíveis com as de um câncer de mama metaplásico.
Não se sabe ao certo o que leva o organismo a desenvolver essa forma específica de câncer. De qualquer maneira, é importante considerar os fatores de risco já conhecidos para qualquer tumor na mama, como a idade, a predisposição genética e os hábitos ao longo da vida (como fumar ou manter uma rotina sedentária).
Que opções de tratamento podem ser utilizadas?
A escolha entre as opções de tratamento com mais chances de sucesso em um câncer de mama metaplásico depende também da avaliação de outros aspectos fisiológicos do tumor. Ou seja, é preciso considerar o estágio no momento do diagnóstico, a presença de receptores hormonais e o status HER2, por exemplo.
Como já destacado, os tumores metaplásicos da mama tendem a ser triplo-negativos. Isso significa que eles não expressam a proteína HER2 e não apresentam receptores de estrogênio e progesterona. Além disso, eles têm mais chances de serem diagnosticados quando já são localmente avançados (com um estágio avançado, mas ainda sem metástase). Com isso, as opções de tratamento podem ser mais restritas.
Dessa forma, na maioria dos casos, a cirurgia acaba sendo a primeira intervenção recomendada para combater a enfermidade. A extensão do procedimento e a quantidade de tecido da mama removido depende da avaliação do médico responsável pelo acompanhamento.
Contudo, nem sempre é preciso recorrer a uma mastectomia. Cirurgias conservadoras com uma boa margem para a remoção do tumor podem ser uma opção. Em alguns casos, será preciso também fazer a ressecção dos linfonodos da axila e a investigação dos linfonodos sentinela.
Depois da cirurgia, uma série de tratamentos localizados ou sistêmicos podem ser indicados de forma adjuvante. Eles são essenciais para reduzir a chance de que a doença retorne ou que alguma célula cancerígena que tenha permanecido no corpo se espalhe pelo organismo. Nessa fase, as opções mais adotadas são a quimioterapia e a radioterapia. Nos casos de tumor com status HER2 positivo ou a presença de receptores hormonais, terapias alvo e hormonioterapia podem ser utilizadas.
Veja também: Saiba quais as diferenças entre uma mastectomia e uma quadrantectomia
Quais as perspectivas do prognóstico de um câncer de mama metaplásico em relação a outros subtipos da doença?
O fato de um câncer de mama metaplásico ser triplo-negativo não significa que ele seja exatamente igual aos demais tumores que compartilham as mesmas características. Há outros subtipos de câncer de mama relativamente raros que também não apresentam a expressão da proteína HER2 ou receptores hormonais.
Não por menos, um estudo publicado em 2021 buscou mapear como diferentes tumores triplo-negativos respondiam ao tratamento. Foram analisados os casos de doenças metaplásicas, de carcinomas medulares e de tumores adenoides císticos, reunindo os dados de pouco mais de oito mil pacientes entre 2010 e 2016.
Como resultado, os pesquisadores concluíram que, embora tumores metaplásicos e adenoides císticos apresentassem incidência similar de casos triplo-negativos, as pacientes diagnosticadas com um câncer de mama metaplásico tinham uma taxa de sobrevida em cinco anos menor comparado ao câncer de mama adenoide-cistico. Por outro lado, o fato desse tumor ser triplo-negativo parece não ter influenciado nos desfechos quando comparados a quadros HER2 positivo ou com a presença de receptores hormonais.
Dessa maneira, isso significa que o diagnóstico de um câncer de mama metaplásico triplo-negativo não aponta necessariamente para as chances de piores prognósticos. Além desse aspecto, o estágio em que a doença foi identificada e a progressão do tratamento diante das terapias introduzidas podem influenciar consideravelmente na evolução do quadro.
Aproveite para conferir mais detalhes a respeito das alternativas de tratamento para tumores de mama triplo-negativos.