Quem tem câncer de mama pode menstruar? Confira a resposta para essa e outras dúvidas comuns
Quem tem câncer de mama pode menstruar de forma irregular, inclusive com a interrupção completa dos ciclos durante o tratamento.
Saber se quem tem câncer de mama pode menstruar ou está suscetível a sofrer qualquer outro tipo de alteração nesse ciclo é um questionamento comum entre mulheres que passam por um tratamento oncológico.
De forma geral, tais modificações não estão relacionadas necessariamente à evolução da doença, mas sim a alguns efeitos colaterais das terapias empregadas. Nesse mesmo contexto, é natural que as mulheres que ainda desejam engravidar tenham interrogações sobre os impactos dos tratamentos na fertilidade.
Por isso, acima de tudo, é importante que essas pacientes tenham espaço para discutir esses tópicos junto dos responsáveis pelo seu acompanhamento nessa jornada.
Afinal, como o tratamento oncológico pode afetar a menstruação?
A menstruação, não custa lembrar, é resultado do processo de descamação do endotélio. Esse tecido reveste o útero e todo mês se prepara para acolher um óvulo fecundado. Quando isso não acontece, ele se desprende e provoca sangramentos que as mulheres experimentam regularmente ao longo da sua vida fértil.
Com isso, conforme já destacado, vários tipos de tratamento utilizados para combater um câncer de mama têm o potencial de afetar a regularidade do ciclo menstrual.
O principal exemplo disso é a hormonioterapia. Como o próprio nome indica, esse tipo de intervenção usa medicamentos que alteram o nível de produção e circulação de determinados hormônios no organismo. O objetivo é impedir que tumores com receptores hormonais positivos continuem a usá-los para se proliferarem.
De forma resumida, a hormonioterapia pode bloquear a função ovariana, a produção de estrogênio ou ainda atuar para impedir os efeitos desse hormônio no organismo. Diante disso, é provável que a mulher perceba algum tipo de desorganização no seu ciclo menstrual. Em parte dos casos, a mulher pode deixar de menstruar (a chamada amenorreia) enquanto em outras podem voltar a notar os sangramentos (veja mais sobre isso no tópico abaixo).
No caso das pacientes submetidas à quimioterapia, pode haver também prejuízo à função dos ovários. Logo, não é raro que essas pacientes também experimentem quadros de amenorreia. Embora eles possam ser revertidos com o fim do tratamento, em alguns casos os danos aos ovários por conta dos quimioterápicos podem ser permanentes.
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O uso de medicamentos como o tamoxifeno interferem no ciclo menstrual?
Um dos medicamentos mais importante da história da oncologia e da mastologia, o tamoxifeno também pode provocar alterações no ciclo menstrual. Por isso, pacientes que farão uso do fármaco, inclusive de forma profilática, devem ser orientados sobre o que pode acontecer. É possível, por exemplo, que as menstruações se tornem mais irregulares, com sangramentos menos intensos ou mesmo sejam interrompidos.
Entretanto, cabe reforçar que na maioria das mulheres em período pré-menopausa, os ovários continuam a funcionar mesmo com a ingestão regular do tamoxifeno.
Embora, mais uma vez, tais alterações podem ser revertidas com o fim do tratamento, sangramentos vaginais constantes em uma mulher na pós-menopausa podem ainda chamar a atenção para o risco de um câncer de endométrio. Já se sabe que o uso desse fármaco pode elevar a chance de desenvolver a doença entre as pacientes com câncer de mama.
De que forma tudo isso impacta na fertilidade feminina?
Por fim, junto das alterações no ciclo menstrual, é interessante abordar como os tratamentos oncológicos são capazes de afetar a fertilidade das mulheres. Nesse sentido, mulheres que ainda desejam engravidar devem expressar essa vontade ao seu médico. Isso permite planejar alternativas para preservar a capacidade de levar em frente uma gestação.
Em geral, o risco de comprometimento da fertilidade (de forma temporária ou permanente) depende do tipo de tratamento empregado. Sessões de quimioterapia podem ser uma causa de infertilidade, por exemplo. No entanto, em muitos casos, a capacidade de engravidar retorna alguns meses depois de finalizada a terapia, dependendo da dose e do fármaco utilizado. Isso não exclui a chance de uma infertilidade definitiva.
A hormonioterapia, por sua vez, pode ainda provocar sintomas de menopausa precoce, dificultando também uma possível gestação. No mais, a remoção dos ovários costuma ser considerada para algumas pacientes, sobretudo de forma profilática. Essa intervenção, claro, também compromete de forma irreversível a fertilidade.
Entre os métodos bem estabelecidos para preservação de fertilidade estão o congelamento de embriões e óvulos, com posterior fertilização in vitro. Além disso, alguns estudos já levantam evidências mostrando que interromper tratamentos como a hormonioterapia para engravidar pode ser uma opção segura.
Em suma, quem tem câncer de mama pode menstruar de forma irregular, ter os ciclos completamente interrompidos ou mesmo perceber novos sangramentos, dependendo do tratamento adotado, com reflexos sobre a sua fertilidade. Diante de tantas variáveis, é indispensável que a paciente tenha um canal aberto para expor suas queixas sobre esse e outros tópicos.
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