Carcinoma lobular invasivo da mama: o que isso indica e o que você precisa saber?
Com diagnóstico que pode ser difícil por meio de exames de imagem, o carcinoma lobular invasivo é o segundo tipo de tumor na mama mais comum
Tumores do tipo carcinoma lobular invasivo (CLI) respondem por entre 5% e 15% de todos os cânceres de mama invasivos diagnosticados, de acordo com artigo de revisão sobre o tema publicado em 2021 na Frontiers of Oncology. Isso faz dele o segundo tipo de tumor de mama invasivo mais comum, atrás apenas dos carcinomas ductais. Nas últimas décadas, parece ter havido uma crescente incidência da manifestação de CLI, principalmente em mulheres na pós-menopausa.
Diante disso, vale reforçar o que caracteriza um carcinoma lobular invasivo, entender se existem causas que predispõem seu desenvolvimento e ainda repassar os caminhos para o diagnóstico e o tratamento adequado, que se feito de forma precoce, amplia a chance de sobrevivência.
O que é um carcinoma lobular invasivo?
O carcinoma lobular invasivo é um tipo de tumor de mama que começa a se formar nos lóbulos, estruturas responsáveis pela produção de leite materno. Eles são diferentes dos carcinomas ductais, outro tipo de tumor invasivo, que se origina nos ductos mamários, que levam o leite do lóbulo até o mamilo. Seja como for, a partir disso, ambos podem se espalhar para o restante do tecido da mama e do organismo.
Com características biológicas relativamente distintas e padrões de proliferação de celular difusos quando comparados a outros tipos de tumor, os carcinomas lobulares invasivos podem representar um desafio para o diagnóstico, o tratamento e todo o manejo clínico.
Quais são os principais fatores de risco?
Alguns fatores e hábitos estão associados a um maior risco de desenvolver um carcinoma lobular invasivo. Certos estudos, por exemplo, indicam uma correlação entre a administração de terapias de reposição hormonal e uma incidência maior desse tipo de tumor, o que não é uma surpresa quando se leva em conta que a maioria deles são receptores hormonais positivos.
Menarca precoce (antes dos 12 anos), menopausa tardia (após os 55 anos), ausência de gestações ao longo da vida e gravidez tardia também podem indicar uma maior predisposição para carcinomas lobulares.
Em relação ao estilo de vida, o consumo excessivo de álcool também está relacionado a um risco adicional de desenvolver tumores invasivos no lóbulo da mama, conforme vários estudos que avaliam o potencial carcinogênico da bebida alcoólica, inclusive em casos de câncer de mama. Parece haver também a atuação de componentes genéticos e hereditários.
No mais, carcinomas lobulares invasivos costumam ser diagnosticados com mais frequência em pacientes mais velhas (a partir dos 50 anos, graças, em parte, a avanços nas técnicas diagnósticas) e em estágios mais avançados, diante da ausência de sinais clínicos perceptíveis em boa parte dos casos.
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Como é feito o diagnóstico?
Como já ressaltamos, o diagnóstico de carcinomas lobulares invasivos pode ser um desafio. As pacientes não costumam ter sinais clínicos visíveis, muito menos caroços palpáveis nas mamas. Nos casos em que é possível perceber algum sintoma, os mais comuns são espessamento ou inchaço nas mamas, inversão dos mamilos ou ainda alterações na pele da mama.
Além disso, do ponto de vista molecular, é comum que um CLI apresente deficiência na expressão de uma proteína chamada e-caderina. Em linhas gerais, essa molécula é responsável pela adesão de uma célula a outra e garante a integridade do tecido. Sem a e-caderina, o tumor se torna menos coeso e mais difícil de ser identificado em exames de imagens, como as mamografias.
A partir disso, sempre que uma mamografia indicar alguma alteração que cause preocupação ou houver sinais que despertam a atenção do médico, podem ser utilizados outros métodos para confirmar o diagnóstico. Entre os mais indicados estão as ressonâncias magnéticas, os ultrassons e as biópsias, que removem com o auxílio de uma agulha ou de uma cirurgia uma pequena amostra do tecido da mama para análise laboratorial.
Confirmado o diagnóstico de um carcinoma lobular invasivo, o médico pode solicitar exames adicionais para determinar o estádio do tumor (de pequeno e pouco invasivo até avançado e em estado metastático, com várias escalas entre esses dois pontos). De qualquer forma, os exames de imagem, testes sanguíneos e avaliações clínicas costumam ser suficientes para indicar a extensão do quadro.
Quais os tratamentos disponíveis?
Diante do diagnóstico e do estadiamento também vão ser definidas as condutas relativas ao tratamento para combater o tumor. Essa decisão dependerá da extensão do carcinoma lobular, do tipo molecular, da sua agressividade, da condição geral de saúde da paciente e de uma avaliação cuidadosa por parte do médico, que deve ponderar o risco e o benefício diante de cada alternativa. As opções disponíveis são:
– Cirurgia
A extensão do processo cirúrgico dependerá do grau de avanço do tumor. Desse modo, pode ser feita uma cirurgia conservadora (quadrantectomia ou lumpectomia). Pode haver ainda indicação de abordagem axilar, com dissecção de linfonodos sentinelas (linfadenectomia axilar).
– Terapias adjuvantes e neoadjuvantes (quimioterapia e radioterapia)
O uso de radiação ou quimioterápicos de forma adjuvante (depois da cirurgia) contribui para a eliminação de células cancerígenas que ficaram no corpo mesmo após a intervenção ou ainda para evitar que elas se espalhem para outros locais do organismo.
A quimioterapia neoadjuvante, aquela feita antes da cirurgia, é indicada em alguns casos. Ela pode oferecer benefícios maiores, por exemplo, na presença de tumores de grande volume, com o intuito de reduzir o tamanho do acometimento e possibilitar uma cirurgia de menor extensão. Outra possibilidade é em casos de tumores de pequeno volume, porém com perfil molecular mais agressivo, como os triplo negativos e HER2 positivo.
– Terapia hormonal
Essa opção é quase sempre parte do tratamento, uma vez que esse tipo de tumor na maioria dos casos é receptor hormonal positivo. Empregado antes ou depois da cirurgia, o uso de medicamentos para bloquear a produção de hormônios (como os inibidores de aromatase e os moduladores seletivos dos receptores de estrogênio, como o tamoxifeno) ajudam na prevenção de recidivas e na redução da velocidade do espalhamento do tumor.
É claro que cada caso precisa ser analisado individualmente, mas, em geral, um quadro de carcinoma lobular invasivo tem bom prognóstico e altas taxas de sobrevida, principalmente quando diagnosticado em estágios iniciais. Nesse sentido, eles mantêm patamares de regressão e controle similares ao que acontece nos diagnósticos de carcinomas ductais in situ.
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