A influência da cirurgia bariátrica na redução do risco de câncer de mama
A cirurgia bariátrica, conhecida popularmente como cirurgia de redução de estômago, é um procedimento que ajuda no manejo de casos graves de obesidade.
Em geral, é indicada quando o índice de massa corporal (IMC) passa de 40 ou está acima de 35 com a presença de doenças associadas, como diabetes, colesterol alto e comprometimento hepático.
Seja como for, o acúmulo de peso já é um fator de risco comprovado para uma série de complicações de saúde, incluindo o câncer de mama em mulheres.
Porém, se submeter a uma cirurgia bariátrica pode auxiliar na redução desse risco? O que as pesquisas atuais dizem sobre o tema? Confira essas e outras respostas nos tópicos abaixo.
Sobrepeso, obesidade e o risco de desenvolver um câncer
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2022 cerca de 43% da população mundial acima de 18 anos estava vivendo com sobrepeso ou obesidade.
Vale lembrar que esses quadros são definidos pelo cálculo do peso em quilos divido pelo quadrado da altura (índice de massa corporal). O sobrepeso compreende um IMC oscilando entre 25 e 29,9 e a obesidade quando ultrapassa 30.
A própria OMS também estima que, no ano de 2019, as doenças relacionadas ao excesso de peso foram responsáveis por 5 milhões de mortes. Entre elas estão vários tipos de câncer.
O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos aponta que a obesidade eleva o risco de tumores em localidades como:
- esôfago;
- estômago;
- pâncreas;
- vesícula biliar;
- fígado;
- intestino (cólon e reto);
- rins;
- ovários;
- endométrio;
- mamas.
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Como o peso se relaciona com o câncer de mama
O acúmulo de gordura corporal pode causar uma série de desequilíbrios no organismo da mulher, sobretudo na pós-menopausa, como disfunções na ação da insulina ou aumento da produção do estrogênio, por exemplo.
Em tese, ambos os hormônios estão envolvidos em processos de desenvolvimento e proliferação das células cancerígenas.
Além disso, a obesidade pode colocar o corpo em um estado de inflamação crônica que favorece erros na replicação do material genético das células. Esse é justamente o “gatilho” para que a doença se forme.
O impacto da cirurgia bariátrica na redução de riscos
Um estudo de 2022 publicado no Journal of the American Medical Association (Jama) já havia mostrado resultados promissores de que a redução de estômago poderia diminuir a mortalidade e o número de tumores relacionados à obesidade.
Para essa conclusão, os autores acompanharam 30 mil pacientes obesos entre 2004 e 2017. Cinco mil deles foram operados, enquanto os outros 25 mil não. No final, aqueles que passaram pela cirurgia apresentaram 32% menos chances de ter a doença.
Em 2023, outra pesquisa analisou dados coletados ao longo de seis anos de um grupo de mais de 60 mil mulheres com obesidade. Do montante, 659 tiveram um câncer de mama, assim como parte delas passou por uma cirurgia bariátrica e outra não.
Em resumo, os autores puderam concluir que o procedimento estava atrelado a um menor risco de câncer de mama em mulheres com obesidade prévia. Inclusive, o índice foi equivalente ao de uma mulher com IMC abaixo de 25.
Por fim, um artigo de maio de 2024 veiculado na JAMA Surgery acompanhou, ao longo de quase 24 anos, pouco mais de 2.500 mulheres entre 37 e 60 anos com uma média de IMC acima de 38.
Nesse período, cerca de 1.400 fizeram uma cirurgia bariátrica e as demais mantiveram mecanismos convencionais de redução de peso. A conclusão foi de que as mulheres operadas apresentaram um risco 32% menor de câncer de mama.
O que médicos e pacientes precisam levar em consideração
A possibilidade de que a cirurgia bariátrica reduza as chances de um câncer de mama está diretamente associada ao fato de que o procedimento pode contribuir com uma perda de peso significativa ao longo do tempo.
No entanto, qualquer análise de risco deve considerar que a doença nunca surge a partir da presença de um único aspecto. Uma série de outros componentes, incluindo herança genética e hábitos acumulados ao longo da vida, podem influenciar em seu desenvolvimento.
Já em relação à obesidade, é preciso também ponderar que a cirurgia bariátrica pode não ser uma abordagem viável para todos os casos.
De qualquer maneira, existem evidências que permitem concluir que esse procedimento ajuda a diminuir os riscos de câncer, o que pode ser um ponto importante no processo de decisão para orientações e tratamentos.
Aproveite e entenda por que a avaliação de risco de câncer deve ser feita aos 25 anos em algumas circunstâncias.