
Como a crioterapia pode ser uma alternativa minimamente invasiva para tratar um câncer de mama
A partir do diagnóstico de câncer de mama, várias opções de tratamento podem ser indicadas pelo mastologista e oncologista clínicos responsáveis à frente do acompanhamento. Nesse sentido, além das opções mais conhecidas (cirurgias, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia etc.), novos recursos vêm sendo explorados. Esse é o caso da crioterapia.
Também chamada de crioablação ou criocirurgia, essa é uma técnica minimamente invasiva (ou seja, feita com o menor impacto possível sobre a paciente) que utiliza baixíssimas temperaturas para congelar e eliminar o foco das células cancerígenas.
No que consiste e como funciona a crioterapia
De modo geral, essa é uma alternativa bem estabelecida em outras condições clínicas, incluindo tumores dermatológicos, hepáticos e prostáticos. Mais recentemente, vários estudos ganharam forma e passaram a considerá-la para o manejo de tumor na mama, dentro de contextos bastante restritos.
Na prática, uma grande vantagem em comparação às cirurgias tradicionais é a relativa praticidade e comodidade da crioterapia. O procedimento pode ser conduzido no ambulatório, já que na maioria dos casos não depende de internação.
A paciente recebe uma dose de anestésico em torno da mama atingida pelo tumor. Em seguida, o médico pode usar ultrassom para confirmar a localização exata da lesão cancerígena.
Feito isso, uma espécie de agulha, chamada de criossonda, é inserida nessa localidade e a preenche com uma substância (geralmente nitrogênio ou gás argônio líquidos) em temperaturas que podem chegar a 150°C negativos.
Ao entrar no corpo, o material faz com que o tumor vire um bloco de gelo: a crioterapia cria uma “bola congelada” ao redor dele, levando as células malignas a congelarem e morrerem. A agulha é removida e um curativo é feito. Com o passar dos dias, o próprio organismo se encarrega de eliminar as células mortas por meio do sistema linfático.
A mulher pode perceber hematomas, inchaço ou sensibilidade na área manipulada, mas a recuperação tende a ser satisfatória. Posteriormente, novos exames podem ser repetidos para confirmar que a área está livre do tumor e orientar a necessidade de terapias adicionais (como radioterapia e/ou quimioterapia).
Quando essa alternativa pode ser considerada
É fundamental entender que, atualmente, a crioterapia não faz parte do tratamento padrão para casos de câncer de mama. Embora seja uma técnica promissora e em constante evolução, seu uso no ainda está restrito principalmente ao contexto de estudos clínicos e pesquisas.
Ou seja, isso significa que o potencial da crioterapia é cuidadosamente avaliado em ambientes controlados para determinar sua eficácia e segurança a longo prazo para diferentes tipos e estágios da doença. A partir disso, o recurso eventualmente poderá ser empregado em situações muito específicas, incluindo:
- impossibilidade de realização de procedimento cirúrgico convencional, sobretudo por condições clínicas que tornem a intervenção muito arriscada;
- determinados tipos de tumor ainda em estágios iniciais, com extensão que não ultrapasse cerca de um ou dois centímetros;
- metástases em que os focos da doença estão controlados com terapia sistêmica (quimioterapia ou radioterapia), mas o sítio primário da lesão cancerígena a na mama ainda não foi removido;
- fibroadenomas (um tipo de lesão benigna da mama) pequenos.
Portanto, muitos dos usos da crioterapia ainda dependem de evidências mais robustas para orientar a decisão clínica. De qualquer forma, a escolha por qualquer tratamento deve ser sempre personalizada, levando em conta as particularidades de cada caso.
O que se sabe sobre a eficácia da crioterapia nos casos de câncer de mama
Em síntese, com a triagem adequada dos casos em que a técnica parece ser útil, a taxa de sucesso do congelamento do tumor se mostra relativamente alta.
Em um estudo conduzido na Universidade Federal de São Paulo com aproximadamente 60 pacientes com tumores de até 2,5 centímetros, pesquisadores concluíram que naqueles com tumores de até 2 cm, a crioablação eliminou completamente o câncer.
O protocolo utilizado na investigação não dispensava completamente as cirurgias convencionais. As mulheres eram depois operadas para remoção do quadrante afetado e dos linfonodos da axila, uma conduta comum dentro desse tipo de quadro oncológico.
De qualquer forma, além de estudos com grupos maiores de pacientes, é necessário confirmar que a crioterapia é tão eficaz no longo prazo quanto a cirurgia e, assim, não interfere nas chances de recidiva da doença. Além disso, novos dados podem ajustar os protocolos utilizados e determinar com mais precisão quem se beneficia do congelamento do tumor.
A crioterapia representa uma promissora alternativa minimamente invasiva no tratamento do câncer de mama. Embora ainda necessite de mais evidências científicas para estabelecer definitivamente sua viabilidade, os resultados disponíveis demonstram o potencial dessa técnica em oferecer uma opção menos invasiva em algumas circunstâncias.
Aproveite e entenda melhor como funcionam as opções de cirurgia para o tratamento de um câncer de mama.