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Mulher sentada no vaso sanitário

É normal ter diarreia como efeito da quimioterapia? Entenda relação

Entenda o que faz com que o tratamento quimioterápico provoque diarreia e como minimizar esse desconforto ao longo das sessões de quimioterapia

Antes mesmo do início do tratamento quimioterápico, que em muitos quadros de câncer de mama é componente essencial para lidar com a doença e chegar à cura, é comum que as pacientes recebam informações sobre possíveis efeitos colaterais. Efetivamente, desconfortos atingem quem recebe os fármacos necessários para a destruição das células cancerígenas. Exemplo disso são os episódios de diarreia como efeito da quimioterapia. O evento faz parte do quadro mais amplo de distúrbios gastrointestinais que podem trazer impactos sobre a qualidade de vida de quem está recebendo esse tipo de intervenção.

Nesse sentido, toda a orientação ao longo do tratamento deve ser guiada por informações sobre esse e outros efeitos colaterais, bem como o que deve ser feito para que tais problemas sejam minimizados e a paciente possa não só prosseguir com as sessões, como também manter um nível razoável de bem-estar durante esse período.

Diarreia e quimioterapia

A diarreia é um quadro no qual há evacuação constante de fezes moles ou aquosas, atrelado ou não com algum grau de desconforto abdominal. A presença desse sintoma costuma aparecer horas ou depois da administração da dose dos medicamentos quimioterápicos. A partir disso, a diarreia pode durar alguns dias.

Nos episódios mais graves, a intervenção médica é essencial para prevenir consequências indesejadas. Para caracterizar a gravidade do quadro, é levado em conta o número de evacuações diárias, além da presença de sinais de incontinência.

A diarreia como resultado da quimioterapia é um efeito colateral frequente, mas que muitas vezes é subestimado durante o tratamento de diferentes tipos de câncer. Sua incidência varia de acordo com os medicamentos empregados na tentativa de eliminar as células cancerígenas. Há também casos de pacientes que não manifestam esse tipo de problema ao longo de todo o tratamento. Assim como outros efeitos colaterais, a diarreia pode permanecer por semanas ou mesmo após finalizado o tratamento.

Ainda assim, em casos em que os quadros de diarreia são severos, pode haver necessidade de ajustes na conduta do tratamento (como o postergamento de sessões, por exemplo). Além disso, a intensidade e a duração do efeito colateral podem favorecer a instalação de quadros de desnutrição, desidratação, o que leva à perda de peso (caquexia) e amplia a sensação de fadiga comum ao câncer.

Desnutrição e desidratação se dão, sobretudo pela passagem excessivamente rápida de líquidos, eletrólitos e nutrientes pelo trato gastrointestinal, impedindo que eles sejam adequadamente absorvidos pelo organismo, processo que acontece principalmente no intestino.

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As principais explicações para esse efeito colateral

A explicação dos motivos que levam os regimes quimioterápicos a provocar diarreia passa pelo mecanismo de ação desse tipo de tratamento. Como já mencionamos, em linhas gerais, a quimioterapia consiste no emprego de substâncias para eliminar as células cancerígenas, que sem isso cresceriam rápida e descontroladamente, se espalhando para outras partes do organismo além da região original do tumor diagnosticado.

A partir do momento que esses fármacos entram no organismo, células saudáveis podem ser atingidas também. Desse modo, há prejuízo à atividade de diferentes órgãos e tecidos até que eles se recuperem desse dano colateral provocado pelos quimioterápicos. Esse dano é mais intenso em tecidos que se regeneram continuamente, como é o caso das mucosas da boca, do esôfago e do trato gastrointestinal. De forma resumida, é isso que provoca a maioria dos efeitos adversos da quimioterapia. Não por menos, os médicos sempre fazem um ajuste fino das doses da quimioterapia para alcançar o resultado esperado, com o menor impacto colateral possível.

Em relação à diarreia, a explicação mais aceita para ela é relativa ao dano que os quimioterápicos provocam na mucosa que reveste o tecido do intestino. Além disso, parece haver relação entre os danos provocados à microbiota intestinal com o equilíbrio da atuação do órgão, deixando sua função abaixo do ideal.

A microbiota é o grupo de microrganismos que habitam diferentes partes do organismo humano e desempenham funções essenciais para o equilíbrio de diferentes mecanismos fisiológicos. No caso do intestino, danos à microbiota podem provocar alterações no trânsito intestinal, bem como no aproveitamento de nutrientes e eletrólitos.

Por fim, vale observar que em alguns casos a diarreia pode ser desencadeada pelo nervosismo e a ansiedade que cerca a vida de quem está tratando um câncer. Medicamentos utilizados para manejar outros problemas associados a um tumor, com a dor, por exemplo, também podem favorecer esse tipo de desequilíbrio gastrointestinal.

O que pode ser feito para minimizar o problema?

Diante dos perigos, já citados, que os quadros severos de diarreia podem causar, é fundamental que médicos e pacientes conversem sobre o que pode ser feito para minimizar o problema, ainda que seja impossível estimar o grau de intensidade de qualquer efeito colateral antes do tratamento começar. De qualquer forma, algumas medidas podem ser adotadas para reduzir o impacto e os riscos associados a tal tipo de desconforto:

Ingestão adequada de líquidos

Assim como em outras situações, líquidos são aliados essenciais para minimizar os efeitos negativos dos quadros de diarreia. Durante todo o quadro, invista em diferentes tipos de bebidas além da água para reforçar a hidratação. Sucos, chás, água de coco, ou mesmo fórmulas isotônicas para atletas, vendidas normalmente em supermercados, são boas opções. Vale manter a atenção sobre sinais de desidratação, como boca seca, ausência de suor, redução do volume de urina e fadiga acentuada.

Porções menores, mas refeições mais frequentes

Para contornar o desconforto gastrointestinal, dividir a alimentação em porções menores, mas distribuídas ao longo do dia, pode ajudar. Logo, em vez de 3 grandes refeições, talvez faça mais sentido seguir uma rotina que estabeleça um espaço para 5 ou 6 pausas para alimentação, sempre com porções menores. Tal cuidado pode ajudar seu organismo no processo de digestão e regular o trânsito intestinal.

Inclua nas refeições alimentos que podem ajudar contra a diarreia

Alguns alimentos podem contribuir para reduzir o desconforto da diarreia e acelerar a recuperação diante da presença do sintoma. Alguns deles, como banana, maçãs, batatas e cenouras são ricas em pectina, um tipo de fibra solúvel que contribui para a consistência do bolo fecal. Já alimentos ricos em potássio e sódio podem ser úteis para contornar a perda eletrolítica. A exceção para isso são pessoas com restrição para ingestão de sódio.

Limite a ingestão de certos alimentos

Por outro lado, vale sempre evitar alguns alimentos que podem contribuir para a intensidade do desconforto provocado pela diarreia ou ainda acelerar o quadro de desidratação. Exemplo disso são as bebidas alcoólicas ou ricas em cafeína, comidas gordurosas ou apimentadas, vegetais crus, cereais integrais e laticínios. Assim, vale considerar a retirada ou a redução durante o tratamento de alimentos que contenham lactose, sacarose e glúten.

Procure ajuda médica

Mantenha seu médico informado sobre a frequência e a gravidade da diarreia (ou de qualquer outro efeito colateral). Sempre que o problema se agravar ou você perder a capacidade de manejá-lo em casa, procure ajuda médica imediatamente. Um profissional poderá prescrever medicamentos específicos para controlar o problema, indicar regimes de reidratação apropriados e, com calma, avaliar a possibilidade de adequações no tratamento quimioterápico, se for o caso.

Com tudo isso, será possível minimizar os transtornos maiores provocados pela diarreia na quimioterapia e seguir com o tratamento necessário, aumentando as possibilidades de superar o tumor, que é o que médicos e pacientes mais desejam.

Saiba agora como funciona a hormonioterapia e quais os efeitos colaterais desse tratamento.

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