O que é, quais os sintomas e o que pode explicar a doença do silicone?
Ainda envolta em muitas incertezas, a doença do silicone é uma complicação que vem se tornando mais conhecida entre mulheres com implantes nos seios.
Cirurgias para implantes nas mamas são um dos procedimentos estéticos mais comuns entre as mulheres. No entanto, a colocação das próteses muitas vezes levanta dúvidas sobre a segurança dessa opção e o risco de complicações com relação ao material utilizado. Nesse contexto, a repercussão em torno da chamada doença do silicone vem crescendo nos últimos anos, inclusive por conta das redes sociais.
Embora os relatos se acumulem, muito ainda precisa ser esclarecido sobre esse problema que, em muitos casos, leva ao explante (ou seja, remoção) da prótese. Além disso, mulheres que optam pela colocação do silicone nas mamas devem conversar com seus médicos sobre que riscos podem estar associados aos procedimentos. Ainda que, na média, a chance seja pequena, elas podem ser mais suscetíveis a alguns problemas por conta dos implantes nas mamas.
O que se sabe sobre a doença do silicone?
Mesmo sendo um procedimento cirúrgico considerado seguro, com o tempo, vários relatos foram surgindo sobre possíveis complicações associadas à presença das próteses nas mamas. Nesse contexto, a chamada doença do silicone vem chamando cada vez mais a atenção de médicos e pacientes.
Na prática, como o nome sugere, o termo engloba uma série de condições que atingem mulheres submetidas a cirurgias para colocação de silicone. As manifestações podem surgir logo após a implementação das próteses ou apenas meses ou anos depois. No mais, mesmo que tal problema apresente-se de forma variada, os sintomas mais comuns são:
- Dores musculares, de cabeça e nas juntas;
- Fadiga persistente;
- Problemas de memória e dificuldades de concentração;
- Irritações na pele e outras alterações dermatológicas, incluindo queda de cabelo;
- Secura na boca e nos olhos;
- Disfunções gastrointestinais;
- Sinais de ansiedade e depressão.
A descrição de um quadro de doença do silicone esbarra no fato de que esse problema ainda não é um diagnóstico oficial. Ou seja, embora haja suspeitas de que os sintomas são desencadeados por disfunções autoimunes, ainda são necessárias investigações mais aprofundadas para entender como o problema surge, evolui e de que forma mulheres com próteses de silicone estão sujeitas a esse risco.
Com isso, é até mesmo difícil saber quantas pacientes são afetadas pela doença do silicone. De todo modo, médicos e pacientes devem sempre manter contato próximo para esclarecer dúvidas e discutir queixas que surjam depois do implante.
Veja também: Silicone pode causar câncer de mama? O que se sabe sobre o assunto?
Como a doença do silicone pode ser identificada e quais as opções de tratamento disponíveis?
Como é possível notar, além de ainda não ser um diagnóstico oficial, a doença do silicone envolve um grupo de sintomas razoavelmente inespecíficos (ou seja, que podem ser confundidos com aqueles causados por uma série de doenças). Também não há ainda testes e exames próprios que permitam confirmar que as queixas levantadas estejam efetivamente associadas ao implante da prótese.
Sendo assim, a confirmação de um quadro compatível com o que se conhece sobre a doença do silicone depende de uma avaliação criteriosa do médico. Dessa forma, ele pode descartar outras hipóteses que expliquem os sintomas apresentados.
Contudo, o caminho para isso pode ser longo. Não é raro que pacientes com esse problema só procurem ajuda quando os sintomas passam a interferir em sua vida diária. Além disso, pode ser necessário passar por vários médicos até estabelecer melhor a conexão entre o quadro relatado e o implante mamário.
Seja como for, quando todas as alternativas forem descartadas e houver indícios suficientes para caracterizar a doença do silicone, a paciente pode ser orientada a remover a prótese das mamas. Esse procedimento recebe o nome de “explante mamário”. Em geral, quando há segurança, a remoção é feita com a ressecção de toda a cápsula (formada de tecido da mama onde o implante fica alojado) e dos tecidos próximos.
Não se sabe também quais as razões por trás disso, mas há evidências que apontam que a remoção da prótese induz a uma melhoria nos sintomas relatados pelas pacientes com a doença do silicone.
Que outros problemas podem atingir mulheres com próteses de silicone nas mamas?
Mulheres que passam pelo implante de silicone podem ser orientadas sobre outros riscos associados ao procedimento. Exemplo disso é a chamada síndrome ASIA (sigla em inglês para síndrome autoimune induzida por adjuvantes).
De forma resumida, adjuvantes são substâncias capazes de despertar uma resposta imune. E é justamente esse que parece ser o problema nesse caso. Por uma série de fatores, o organismo de determinadas mulheres desenvolve uma resposta exacerbada à presença do silicone.
A partir disso, queixas como fadiga constante, dores articulares e até mesmo alterações neurológicas podem surgir. O diagnóstico da síndrome ASIA envolve também uma avaliação médica criteriosa, que passa pelo histórico de doenças autoimunes e de reações a outros adjuvantes conhecidos. Ao mesmo tempo, mediante análise prévia, pode ser contraindicado levar em frente o implante em mulheres em que há suspeita desses problemas.
Quando diagnosticada, a síndrome ASIA associada ao silicone pode ser manejada com o uso de determinados medicamentos, de modo similar ao que acontece com outras disfunções autoimunes. Entretanto, em certos quadros, a remoção da prótese pode ser indicada.
Por fim, mulheres com próteses devem ficar atentas ao risco de desenvolvimento do linfoma anaplásico de células grandes, que surge a partir da resposta inflamatória crônica diante da presença do implante. Assim sendo, a paciente pode notar inchaços, dor e deformidades na mama, além da formação de um seroma ao redor da cápsula do implante.
O diagnóstico da condição pode ser feito por meio de material coletado por biópsia. Se confirmada a condição, a remoção da prótese costuma ser a intervenção indicada, assim como pode acontecer em casos de doença do silicone e síndrome ASIA.
Para saber mais sobre o linfoma anaplásico de células grande associado ao silicone, confira esse outro texto já publicado aqui no blog.