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Mulher recebendo radioterapia na mama

Conheça os possíveis efeitos da radioterapia da mama na pele e veja como lidar com eles

A radioterapia é capaz de provocar uma série de efeitos colaterais que podem afetar a qualidade de vida durante o tratamento

Mesmo diante da importância do tratamento, é natural se preocupar com os efeitos da radioterapia da mama na pele e em outras partes do corpo. Embora em muitos casos tais desconfortos possam ser leves e passageiros, é preciso considerar o impacto cumulativo da radiação e entender de que forma efeitos colaterais de longo prazo podem se manifestar.

A radioterapia é um tratamento amplamente utilizado no câncer de mama. Raios ionizantes (em outras palavras, ondas de radiação capazes de retirar elétrons das moléculas) são empregados para destruir as células do tumor, ajudando na sua eliminação e na prevenção de futuras recidivas da doença.

Existem diferentes métodos de aplicação da radioterapia, mas nos quadros de câncer de mama normalmente são empregados a radioterapia externa, a braquiterapia e a radioterapia intraoperatória.

Quais são os efeitos colaterais mais comuns da radioterapia?

Assim como outras opções de tratamento para o câncer de mama, a radioterapia pode, claro, provocar efeitos colaterais. Eles normalmente estão associados, com maior intensidade, às partes do corpo que recebem a terapia, bem como ao tamanho da dose de radiação e capacidade do corpo de reparar as células saudáveis danificadas no processo.

Os efeitos costumam ser cumulativos, como já mencionamos: é normal que os primeiros desconfortos comecem a aparecer após cerca de 3 semanas do início do tratamento e podem seguir até depois de alguns dias ou semanas após a finalização do tratamento. De todo modo, é preciso observar a chance de efeitos mais prolongados, capazes de permanecer por meses após o fim da intervenção.

No mais, é importante levar em conta que cada organismo reage de forma diferente aos efeitos da radioterapia (ou de qualquer outro tratamento). Algumas pessoas podem sentir com menos força determinados desconfortos, enquanto passam por períodos mais difíceis durante o tratamento. Com isso em mente, vale reforçar os efeitos colaterais mais comuns da radioterapia na mama.

Efeitos na pele

A maioria das pacientes nota uma vermelhidão na área irradiada. Com o passar do tempo, a região pode ficar mais escura ou rosada. Outros sinais da reação são coceira e ressecamento na área, bem como do aumento da sensibilidade, que também pode deixar a região mais dolorida. A pele pode também descamar.

Esses efeitos colaterais na pele são conhecidos como radiodermites. Como já mencionado, eles geralmente se iniciam por volta da terceira semana de tratamento. Cerca de 80 a 90% das pacientes irão desenvolvê-las em algum grau. Além disso, em torno de 10 a 15% das pacientes desenvolverão sintomas mais avançados como descamação, ulceração da pele, sangramento ou mesmo necroses. Cabe ressaltar que essas reações costumam ser dolorosas e ocorrem principalmente em regiões de dobras de pele, como nas axilas e abaixo das mamas.

Há diversas recomendações para reforçar os cuidados da pele durante a radioterapia, que devem ser levados em consideração a partir de conversas com o médico radioterapeuta ou radio-oncologista. Entre algumas dessas orientações estão o uso de chá de camomila, cremes à base de ácidos graxos essenciais ou ácidos graxos insaturadas, placas de hidrocoloide, aloe vera e corticoterapia tópica (ou seja, como o uso de medicamentos corticoides na área afetada). Por fim, tecnologias de luz como a biofotomodulação tem se tornado um método seguro e eficaz para ajudar na cicatrização e regeneração dos tecidos atingidos.

Inchaços no braço e na mama

Uma vez que a radioterapia provoca maior dificuldade para a circulação de fluidos na região irradiada, a paciente pode experimentar inchaços na região do braço e da mama, o que é chamado de linfedema, condição presente em até 25% das pacientes. Normalmente, tais efeitos podem melhorar após a finalização do tratamento, embora possa haver quadros em que eles permanecem como uma alteração crônica na área dos braços.

Logo, é importante informar o médico se o problema persistir ou surgir após o encerramento das sessões de radioterapia. O fisioterapeuta é outro profissional que pode ter papel fundamental na avaliação, prevenção e/ou tratamento desses efeitos colaterais.

Alterações no formato e aspecto da mama

Principalmente nos casos em que a radioterapia é aplicada após uma cirurgia conservadora de remoção do tumor, pode haver alterações que farão com que a mama pareça diferente. Isso é causado por alterações na estrutura do tecido , como as fibroses.

O seio pode ficar duro e menos elástico, além de menor do que antes, em um quadro conhecido como síndrome da fibrose radioinduzida. Diante do impacto que isso pode ter na autoestima e até mesmo na sexualidade, é importante conversar com os profissionais que fazem o acompanhamento para discutir o que pode ser feito.

A radioterapia provoca dor nas mamas? É normal se sentir cansada? Qual o efeito colateral mais grave?

No mais, vale reforçar outros efeitos colaterais que não necessariamente têm relação com o aspecto da pele da mama e de regiões próximas, mas podem impactar diretamente na qualidade de vida. É comum, por exemplo, que pacientes sob a radioterapia se sintam cansadas e indispostas, principalmente à medida que as sessões avançam.

A dor também pode estar presente, na forma de pontadas, agulhadas e dores agudas em toda a região das mamas e do peito. A intensidade costuma ser moderada, mas elas podem se prolongar por semanas após o fim do tratamento, ainda que com o tempo a intensidade e frequência dos episódios de desconfortos venha a diminuir.

No mais, pode haver alteração da sensibilidade no braço devido ao dano nos nervos da área tratada. Além da dor, esse problema se apresenta por meio de formigamentos, dormência e fraqueza. Nessas circunstâncias, a intervenção precoce da fisioterapia também ajuda na recuperação da paciente.

Em casos raríssimos, a radioterapia pode desencadear outro tumor no futuro. Eles são chamados tumores radioinduzidos. Entre os mais frequentes estão aqueles conhecidos como angiosarcomas, um câncer do sistema linfático que pode se formar na área previamente irradiada ou no membro superior do mesmo lado.

Entretanto, isso não é motivo para interromper o tratamento: os riscos de isso acontecer certamente são menores do que não tratar o câncer que gerou a prescrição do uso da radiação. De qualquer forma, vale discutir esse aspecto com seu médico sempre.

Leia também: Como é feita a radioterapia na mama?

Como minimizar os efeitos da radioterapia, em especial na pele?

É provável que os médicos que acompanham seu tratamento (sejam os oncologistas, mastologistas ou radioterapeutas) forneçam orientações básicas sobre como lidar com as reações provocadas pela radioterapia, em especial na pele. De qualquer forma, é possível apontar algumas recomendações gerais para minimizar o desconforto causado pelo tratamento, a partir das diretrizes das principais sociedades médicas:

  • Não esfregue a área irradiada, já que isso pode deixá-la ainda mais sensível. Lave de forma suave com água e sabão neutro. Se enxugue com uma toalha macia;
  • Não use perfumes, talcos, desodorantes, soluções com álcool nem nada que possa provocar irritação na região irradiada;
  • Não coloque bolsas de água quente ou fria na área;
  • Utilize protetor solar como fator de proteção solar maior que 30, no mínimo por 1 ano após finalizado o tratamento;
  • Não utilize roupas justas e escolha sempre peças de tecidos naturais. Sempre que possível, a recomendação é ficar sem o sutiã;
  • Não depile a região irradiada;
  • Seu médico deve indicar um hidratante para ser aplicado na região.
  • Beba bastante líquido e mantenha-se hidratado

Associados aos cuidados com o local irradiado, a manutenção de uma alimentação equilibrada, a prática regular de exercícios físicos (claro, dentro das limitações do momento) e o descanso adequado podem contribuir para minimizar esses e outros efeitos colaterais do tratamento.

Por fim, fica o reforço para procurar ajudar e avisar o médico sempre que qualquer sintoma anormal ou que cause preocupação apareça, durante ou depois do tratamento, seja relativo aos efeitos da radioterapia da mama na pele, seja relacionado a qualquer outro aspecto do seu bem-estar.

Veja mais sobre como os exercícios físicos colaboram na prevenção e no tratamento do câncer de mama.

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