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Jovem fazendo autoexame de mama enquanto se olhava no espelho

Hiperplasia na mama: que riscos isso oferece e como a quimioprevenção pode ser usada?

Uma hiperplasia da mama pode ser típica ou atípica, atingido estruturas como os ductos ou os lóbulos mamários e elevando o risco de câncer

A hiperplasia da mama é uma das alterações benignas do tecido mamário mais frequentes. Não é raro que esse tipo de formação apareça em exames de rotina, sobretudo naqueles voltados para o rastreio de possíveis tumores na mama.

Dependendo das características desse tipo de lesão pré-cancerígena, a paciente pode receber orientações sobre uma série de estratégias de profilaxia. Tais medidas têm como objetivo reduzir o risco de desenvolver um câncer de mama associado a uma hiperplasia, sobretudo se ela for atípica.

Vale destacar que as hiperplasias são consequência do envelhecimento. Logo, embora possa atingir pessoas de qualquer idade e sexo, elas são mais comuns em mulheres a partir dos 35 anos. Casos em homens são extremamente raros.

O que é uma hiperplasia da mama?

De forma resumida, o tecido mamário normal contém ductos e lóbulos. Os lóbulos mamários são as estruturas responsáveis por produzir o leite materno no período de lactação. Já os ductos são os canais pelos quais o leite sai dos lóbulos e alcança os mamilos. Além desse tecido glandular, as mamas são formadas pelo tecido adiposo (que combina tecidos fibrosos e gorduras), bem como pelos vasos sanguíneos e nervos que atravessam a região.

Dessa forma, a hiperplasia é resultado do crescimento das células dos ductos ou lóbulos mamários. Isso leva em conta que, normalmente, essas células estão agrupadas em duas camadas: assim, quando o crescimento das células mamarias é parecido com as células normais, a alteração recebe o nome de hiperplasia usual ou sem atipias. Já quando o crescimento das células tem uma forma irregular, a alteração é chamada de hiperplasia atípica.  Em geral, ambos os quadros não manifestam qualquer sintoma ou sinal.

As hiperplasias podem ser classificadas conforme a parte da mama que atingem. Assim, hiperplasias que afetam os ductos são chamadas de hiperplasias ductais e aquelas que se formam a partir dos lóbulos são chamadas de lobulares.

Outra distinção importante dentro dos quadros de hiperplasia envolve a característica da multiplicação das células. Dessa forma, uma paciente pode ser acometida por:

  • Uma hiperplasia típica, em que as células crescem, mas não é identificada nenhuma alteração anormal;
  • Uma hiperplasia atípica (ou hiperplasia com atipias), na qual a multiplicação das células adquire sinais anormais, sobretudo no padrão e no tamanho das células. Essa alteração também pode ser classificada conforme a região da mama que atinge. Ou seja, há hiperplasias ductais atípicas (HDA) e hiperplasias lobulares atípicas (HLA).

Em geral, as HDA costumam ser um achado clínico de maior relevância, uma vez que a característica celular dessas formações se aproxima muito mais dos chamados carcinomas ductais in situ, a forma mais inicial de um câncer de mama . Apesar disso, ambas as manifestações têm o potencial de elevar o risco de desenvolver um câncer de mama invasivo no futuro.

Saiba mais: Como os exercícios podem ajudar na prevenção e no tratamento de um câncer de mama?

Como as hiperplasias da mama são descobertas?

As hiperplasias normalmente são diagnosticadas ao acaso, durante exames de imagem (como as mamografias, por exemplo). Em alguns casos, as alterações celulares são acompanhadas de microcalcificações. Esses pequenos depósitos de cálcio no tecido mamário estão presentes em diferentes tipos de lesões pré-cancerígenas ou de neoplasias malignas, o que reforça a necessidade de análise da condição por meio de uma biópsia. Nessa condição, o procedimento para remoção de um fragmento do tecido geralmente é feito com o auxílio de uma agulha.

Através da biópsia de fragmento, um médico patologista consegue analisar a natureza das alterações da mama em nível celular, confirmando ou não a presença de hiperplasia, seja ela típica ou atípica. Nos casos em que uma hiperplasia ductal atípica é identificada, é necessário remover mais tecido ao redor da lesão inicial para avaliar e garantir que não há nenhum outro tipo de problema ali, como um carcinoma ductal in situou um carcinoma invasivo

Seja como for, é a partir da biópsia que o médico responsável pelo acompanhamento fornecerá as orientações necessárias para o acompanhamento e o eventual tratamento de uma hiperplasia mamária. Isso leva em conta principalmente o maior risco de desenvolver um câncer de mama que esse tipo de achado implica.

De acordo com a American Cancer Society (ACS), a presença de uma hiperplasia típica pode aumentar o risco de desenvolver um câncer de mama nessa região entre uma vez e meia e duas vezes. Já pacientes com hiperplasias ductais e lobulares atípicas podem carregar um risco entre quatro e cinco vezes maiores de desenvolver um tumor quando comparado a mulheres sem essas alterações, como também aponta a ACS.

Fui diagnosticada com uma hiperplasia mamária. E agora?

Em geral, hiperplasias típicas não precisam ser tratadas. Por outro lado, o médico pode indicar algum tipo de acompanhamento diferenciado (com mamografias em intervalos maiores). Entretanto, a conduta é diferente quando a hiperplasia é atípica.

É possível, por exemplo, que o médico indique a realização de uma pequena cirurgia para remoção da hiperplasia com atipias, incluindo as áreas ao redor dela. Adicionalmente, devido ao alto risco para desenvolver câncer de mama podem ser sugeridas mudanças no estilo de vida (como parar de fumar, beber menos álcool e controlar a alimentação e o peso), a realização de mamografias em períodos menores, e o uso de medicações, no que é chamado de quimioprevenção.

Como a quimioprevenção pode reduzir o risco e prevenir um câncer de mama?

Ou seja, diante do diagnóstico de uma hiperplasia atípica (sobretudo ductal), medidas de quimioprevenção (também chamadas de quimioprofilaxia) são recomendadas. Entre os medicamentos utilizados para tal fim estão os moduladores seletivos de receptores de estrogênios (SERMs) como o tamoxifeno e raloxifeno e os inibidores de aromatase, como o anastrozol e exemestasano. Esses fármacos agem inibindo e modulando a atuação de hormônios como o estrogênio e a progesterona.

Presentes em grandes quantidades no organismo feminino, eles têm papel importante na evolução de um tumor nas mamas em boa parte dos casos. De qualquer forma, eles têm indicações precisas e é fundamental ter uma discussão clara com seu médico para entender se eles realmente são indicados para o seu caso.

De acordo com várias evidências reunidas desde o início do uso do tamoxifeno, hoje sabemos que tais medicamentos reduzem o risco de câncer de mama em até 50 % ao longo da vida, quando usados de forma contínua durante 5 anos. Em alguns casos, o uso pode ser reduzido para um período de 3 anos.

A escolha da melhor medicação para a paciente depende de vários fatores como o estado menopausal e a presença doenças prévias. Para aqueles que não atingiram a menopausa ainda, apenas o tamoxifeno é indicado para redução do risco de câncer de mama primário. De qualquer forma, além do tamoxifeno, o raloxifeno e os inibidores de aromatase também reduzem o risco de câncer de mama em mulheres na pós-menopausa. 

Por outro lado, o uso de raloxifeno e dos inibidores de aromatase é indicado apenas em mulheres na pós-menopausa. Uma vez prescritas diante da identificação de uma hiperplasia na mama ou outros fatores de risco, estas medicações podem provocar efeitos colaterais como fogachos, dores articulares ou ainda elevar o risco de tromboses. Elas podem ajudar a prevenir fraturas.

Aproveite para saber mais sobre as indicações de uso do tamoxifeno, incluindo eventuais efeitos colaterais, e entenda como esse medicamento revolucionou a oncologia.

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