Imunoterapia para câncer de mama: como é e indicações
A imunoterapia para câncer de mama funciona de modo diferente da quimioterapia
Ao longo dos anos, o avanço científico na área de pesquisas médicas tem possibilitado o desenvolvimento de novos tratamentos, um exemplo disso é a utilização da imunoterapia para câncer de mama.
Até pouco tempo, tínhamos apenas a quimioterapia convencional como tratamento eficaz para o câncer de mama, mas felizmente, outros tratamentos, como a imunoterapia, tem se mostrado uma modalidade terapêutica promissora.
A imunoterapia é mais uma das possibilidades terapêuticas que elevam consideravelmente as taxas de cura do câncer de mama devido sua ação em diferentes tipos de tumores.
O que é a imunoterapia?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a imunoterapia estimula e auxilia o sistema imunológico do paciente, responsável pela defesa do organismo contra infecções e células tumorais, a atacar as células cancerígenas. Assim, a imunoterapia
funciona de modo diferente da quimioterapia. Enquanto os mecanismos de ação contra o tumor oferecidos pela quimioterapia se baseiam em atacar as células tumorais diretamente, a imunoterapia auxilia o próprio sistema imunológico do paciente a identificar e combater o câncer. Contudo, é preciso que fique claro que a imunoterapia não se aplica a todos os casos de câncer.
A recomendação para este tratamento está relacionada com o tipo de tumor e a fase do tratamento na qual o paciente se encontra. Atualmente, no Brasil, existem medicamentos imunoterápicos, aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para os cânceres de pulmão, rim, bexiga, estômago, cabeça e pescoço, melanoma, pele e alguns tipos de câncer de mama.
Outro aspecto importante de ser abordado, é que mesmo com o aumento da utilização do método, o tratamento não apresenta eficácia para todos os pacientes. Os resultados dependem da resposta imunológica no paciente.
Continue a leitura deste artigo para saber mais sobre as indicações da imunoterapia para câncer de mama.
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Utilização e indicações da imunoterapia para câncer de mama
O primeiro tratamento imunoterápico para tratamento do câncer de mama foi aprovado há alguns anos pelo FDA (US Food and Drug Administration), órgão americano responsável pelo controle e regulamentação de alimentos e fármacos.
Os imunoterápicos utilizados na prática do tratamento do câncer de mama são vários, entre eles Pembrolizumabe e Atezolizumabe.
Recentemente, mais exatamente no mês de maio de 2022, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso de do anticorpo anti-PD-1 Pembrolizumabe para tratamento de câncer de mama triplo-negativo localizado ou em estágio inicial, considerado de risco alto, em combinação à quimioterapia neoadjuvante e mantido como monoterapia adjuvante após a cirurgia.
Esta nova indicação terapêutica no cenário da doença localizada é embasada no estudo de fase III Keynote-522, que revisaremos neste artigo.
Também foi aprovado o uso de Pembrolizumabe para o tratamento de pacientes portadoras de câncer de mama triplo-negativo (CMTN) irressecável ou metastático com expressão positiva de PDL-1 (pontuação positiva combinada [PPC] ≥ 10), conforme os dados do estudo de fase III Keynote-355.
Efeitos colaterais
Um obstáculo que ainda precisa ser superado pela imunoterapia são os efeitos colaterais. Contudo, como as células sadias não são acometidas pela imunoterapia, ao contrário da
quimioterapia, os sintomas costumam ser menores. Ainda assim, reações como alergias, diarreia, fadiga e infecções no pulmão podem acontecer.
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Pembrolizumab aliada a quimioterapia neoadjuvante
Já no recente estudo Keynote-522, divulgado pelo The New England Journal of Medicine, realizado entre as pacientes com câncer de mama inicial triplo negativo, mostrou resultados positivos significativos em pacientes que receberam a droga Pembrolizumab aliada a quimioterapia neoadjuvante do que entre aqueles que receberam placebo mais quimioterapia neoadjuvante.
Outro ponto positivo observado no Keynote – 522 foi relacionado à taxa de efeitos colaterais considerada aceitável e dentro do esperado. Nenhuma ocorrência relevante com relação à segurança ou a efeitos colaterais foi observada neste estudo.
Os dados iniciais do estudo foram publicados em 2020, com uma atualização dos resultados publicada em 2022 também no The New England Journal of Medicine. A taxa de resposta completa foi de 63% no braço Pembrolizumabe e 56% no braço placebo (p<0,001), sendo considerado o benefício consistente.
Adicionalmente, o tratamento com Pembrolizumabe reduziu em 37% o risco de eventos, ou seja, diminui as chances de recidivas tumorais, progressão de doença para metástase ou aparecimento de um outro tumor primário. Houve também uma tendência a benefício em sobrevida global em favor do braço Pembrolizumabe (HR=0,72; IC de 95%: 0,51-1,02).
Esses dados mostram que a sobrevida livre de eventos do estudo Keynote-522 é bastante encorajadora, oferecendo às mulheres com câncer de mama TN em estágio inicial, mas de alto risco, uma nova opção de tratamento.
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