O que é um linfedema? Saiba mais sobre esse problema que causa inchaço nos braços após o câncer de mama
O linfedema é um problema comum em mulheres tratadas contra um câncer de mama
e se caracteriza pelo inchaço nos braços, além de outros sintomas
O surgimento do chamado linfedema costuma estar associado ao quadro de câncer de mama. Nesses casos, as pacientes oncológicas sofrem com o acúmulo de linfa em determinadas partes do corpo, principalmente no braço. Isso gera inchaço anormal e a presença de outros sintomas.
Esse é um problema relativamente comum. Algumas estimativas mostram que até 40% das mulheres tratadas contra um câncer de mama manifestaram a condição. Por isso, é essencial entender melhor o que provoca os linfedemas, os principais sintomas além do inchaço e o que pode ser feito para minimizar riscos e tratar o desconforto.
Definição e causas de um linfedema
Em linhas gerais, um linfedema é resultado do acúmulo da linfa em determinados tecidos do organismo. A linfa é o líquido que percorre o sistema linfático, estrutura que faz parte dos mecanismos de defesa do organismo. Esse líquido é rico em glóbulos brancos, essenciais para estabelecer resposta imune contra infecções e lesões. Dentro do sistema linfático, os chamados linfonodos atuam filtrando e drenando a linfa, removendo invasores e substâncias prejudiciais.
É comum que pacientes oncológicos passem por cirurgias que retiram linfonodos. É o que acontece, por exemplo, com mulheres com tumores nas mamas, que podem remover linfonodos da região da axila através de biópsias do linfonodo sentinela ou de linfadenectomias axilares. Além disso, essa parte do organismo pode ser tratada com radiação durante a radioterapia axilar.
Desse modo, a mulher submetida a essas intervenções para lidar com um câncer de mama pode sofrer com um linfedema. Isso se dá pelo bloqueio no fluxo da linfa gerado pela remoção dos linfonodos ou pela lesão gerada pela radiação.
Tal manifestação pode ocorrer a qualquer momento após a cirurgia ou as sessões de radioterapia axilar. Enquanto alguns se formam nos dias seguintes após feito o procedimento cirúrgico ou tratamento com radiação, outros podem demorar semanas ou mesmo anos para aparecerem. No mais, uma infecção na área também pode desencadear um linfedema.
Fatores de risco para desenvolver um linfedema
Entre os fatores que podem contribuir para um risco maior de ter que lidar com o problema estão características físicas da paciente (como obesidade, por exemplo) ou histórico anterior de traumas e infecções. É importante ressaltar que alguns dos fatores são preveníveis e podem ser controlados, enquanto outros não. Entre eles estão:
- Ressecção de vários linfonodos. Assim, quem já realizou linfadenectomia axilar tem maior risco para desenvolver um linfedema. Nesses quadros, a chance pode ser até 20% maior. Por outro lado, o risco é menor em quem realiza apenas a biopsia de linfonodo sentinela, que usualmente atinge somente entre 2 e 3 linfonodos. Desse modo, o risco gira em torno de 5%;
- Múltiplas cirurgias mamárias ou cirurgias extensas na mama ou no tórax;
- Radioterapia, principalmente quando as sessões são realizadas nas axilas;
- Quimioterapia, principalmente em mulheres obesas;
- Sobrepeso e obesidade, considerando pacientes com IMC acima de 25. Esse perfil tem risco maior de desenvolver o problema devido ao excesso de gordura e a deficiência de drenagem linfática;
- Infecções ou lesões na pele, que levam a inflamações constantes e fazem com que o sistema linfático trabalhe mais. Diante de uma deficiência no sistema linfático, o linfedema pode surgir.
Seja como for, a presença de um linfedema causa grande prejuízo à qualidade de vida das sobreviventes de um câncer de mama, com impactos consideráveis se comparados às mulheres que não sofrem com o problema.
Sintomas mais comuns de um linfedema
Como já mencionado, o inchaço dos braços é o sintoma mais característico de um linfedema. Ele costuma se manifestar no membro do lado em que os linfonodos foram removidos ou tratados com radiação.
O volume do inchaço varia de caso a caso. Porém, o tamanho do edema pode ser bem evidente em relação ao tamanho do braço que não foi afetado. No mais, o inchaço pode se estender até a mão. Além disso, a paciente com o problema pode apresentar:
- Sensação de peso ou aperto no braço, axila ou mesmo no tórax;
- Desconforto em relação a peças de roupas (como sutiãs ou camisetas) ou acessórios (como anéis e pulseiras) que antes serviam normalmente;
- Dores na região do braço ou dificuldade para mover as articulações próximas;
- Alterações na pele da área, incluindo vermelhidão e espessamento.
- Rigidez nas áreas afetadas.
O diagnóstico de um linfedema é feito mediante avaliação clínica do médico. Ele pode mensurar o volume do inchaço e ainda fazer perguntas sobre o histórico da paciente, incluindo questões sobre os tratamentos aos quais ela foi submetida e quando os inchaços começaram. O diagnóstico precoce do problema aumenta as chances de um manejo adequado da condição.
Entretanto, nem sempre é fácil diagnosticar um linfedema de início, já que os sintomas iniciais são leves. Em todo caso, diante de qualquer sinal suspeito, a recomendação é sempre procurar assistência médica. A partir do momento em que o linfedema se forma, ele dificilmente regride sem o tratamento apropriado. Não há cura para a condição, mas ela pode ser manejada, evitando complicações e impactos maiores para o bem-estar da paciente.
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Formas de tratamento e prevenção
Com o diagnóstico do linfedema confirmado, o tratamento dependerá do resultado da avaliação médica, que indicará o grau de comprometimento gerado pelo problema. Acima de tudo, as intervenções têm como intuito reduzir o inchaço e o desconforto gerado por esses e outros sintomas. Entre as medidas mais adotadas estão:
- Exercícios específicos para drenar a linfa acumulada, incluindo aqueles que permitem manter o membro atingido elevado acima do nível do corpo;
- Mangas e meias elásticas de compressão;
- Massagens de drenagem;
- Procedimentos cirúrgicos;
- Uso de determinados medicamentos, embora não haja evidências suficientes em casos de mulheres tratadas contra câncer de mama.
Médicos e pacientes devem observar sinais de infecção na evolução do linfedema. Reforçar a higiene e os cuidados com a pele também contribui para reduzir esse risco. No mais, evite tomar vacinas ou fazer coletas de sangue no lado do membro atingido.
Outros mecanismos de prevenção contra o desenvolvimento de um linfedema envolvem reforços com a preservação do braço do lado operado. Com isso, o ideal é evitar esforços físicos exagerados, não utilizar roupas apertadas, além de garantir o controle do peso mediante dieta equilibrada e prática regular de atividades físicas.
Após superar um câncer de mama, a presença de um linfedema tem o potencial de gerar um impacto significativo no bem-estar das pacientes. Redobrar a atenção para as medidas de prevenção e acompanhar com cuidado sinais que podem indicar a presença do problema é fundamental para identificar o surgimento de inchaços no braço e dos demais sintomas associados.
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