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Mulher apalpando a axila direita, relacionando com linfonodos

O que são os linfonodos na mama e qual a relação deles com o câncer nessa parte do corpo?

Entenda o papel dos linfonodos na mama durante a evolução de um quadro de câncer e em que situações eles precisam ser removidos

Os linfonodos também são chamados de gânglios linfáticos. Coloquialmente, eles também recebem o nome de ínguas. Eles estão distribuídos ao longo de todo o corpo, principalmente na região do pescoço, axilas e virilhas. Assim, eles desempenham funções essenciais no organismo. Além disso, os linfonodos na mama podem interagir com os tumores nessa região.

Logo, é valioso compreender de que modo esses pequenos elementos estão vinculados à evolução de um tumor e o que pode ser feito a partir da constatação de determinadas situações. Com uma avaliação cuidadosa, os linfonodos fornecem informações importantes sobre o estágio do tumor. Desse modo, em muitos casos, eles precisam ser retirados.

Afinal, qual a função dos linfonodos?

De forma resumida, a função primordial dos linfonodos de qualquer parte do organismo é atuar como parte dos mecanismos de defesa do sistema imune. Além disso, eles são responsáveis por filtrar a linfa, líquido que circula pelos vasos linfáticos e que pode carregar impurezas. Os linfonodos da axila drenam a região das axilas e das mamas, além de, parte do abdômen e dos membros superiores.

Quando um invasor entra no organismo, ele é interrompido ao passar próximo a um linfonodo. Em seguida, os linfonodos passam a produzir um maior número de linfócitos (um tipo de célula de defesa), fazendo com que eles aumentem de tamanho e fiquem doloridos. É por isso que a maioria das ínguas está relacionada às infecções ou lesões.

O que é preciso saber sobre a ligação entre linfonodos na mama e câncer?

Entretanto, inflamações e infecções não são as únicas causas para alterações dos linfonodos, inclusive da região axilar. Essa região do corpo conta com um número que varia entre 20 e 30 linfonodos. Eles são responsáveis pela defesa do organismo e a drenagem da linfa, conforme já mencionado.

Diante de tal configuração, a presença de um tumor na mama pode alterar os linfonodos. Isso se dá, justamente, pela infiltração de células cancerígenas neles, que tendem a ficar endurecidos. Com isso, também podem se formar caroços na axila, embora tal quadro não costume gerar dor.

A disseminação das células do câncer de mama ocorre pela corrente sanguínea ou pelo sistema linfático. A presença ou não de células cancerígenas nos linfonodos axilares ajuda na definição do estadiamento e grau de evolução dos tumores. Portanto, isso explica a relevância clínica da avaliação dos linfonodos nos diagnósticos de câncer de mama. Além disso, tal informação orientará o cirurgião sobre o tipo de tratamento apropriado e o prognóstico de cada caso.

Se houver suspeita de presença de células cancerígenas nos linfonodos, o médico pode solicitar alguns exames para confirmar tal acometimento. Entre os métodos mais comuns para isso estão a punção com agulha fina (PAAF) ou a core biópsia (biópsia com agulha grossa). Contudo, a biópsia nem sempre é necessária. Um exame do tipo é solicitado apenas em casos de dúvida diagnóstica.

O que é um linfonodo sentinela?

Outra técnica relevante para estabelecer a condição dos linfonodos da mama diante de um quadro de câncer de mama se dá por meio dos chamados linfonodos sentinelas. Tal intervenção pode ser conduzida em diversos estágios. De todo modo, em geral ela costuma ser feita em tumores em estágios iniciais ou após quimioterapia neoadjuvante (ou seja, feita antes da remoção do tumor por meio de cirurgia).

Para isso, é realizado um procedimento chamado de linfocintilografia. Por meio dela, o cirurgião insere um marcador (um corante azul ou uma solução radioativa apropriada) perto do tumor. Com isso, os linfonodos da região da mama drenarão o conteúdo, marcando o chamado linfonodo sentinela. Ele recebe esse nome em razão da sua posição, que faz com que ele seja o primeiro a receber o conteúdo drenado da mama.

Posteriormente, os linfonodos identificados são removidos por meio de uma cirurgia. Normalmente isso é feito junto com a cirurgia de remoção do tumor. Logo após, os linfonodos retirados são encaminhados para análise do médico patologista. Ele indicará se os linfonodos axilares foram atingidos pelas células cancerígenas.

A biópsia do linfonodo sentinela é um procedimento simples que usualmente não traz sequelas. Porém em alguns casos muito raros, tal conduta pode causar algumas complicações como alergia ao marcador, dor crônica na região axilar, seromas e linfedemas.

Em que situações a paciente precisa remover os linfonodos na mama?

Os linfonodos na mama podem ser removidos por meio de uma linfadenectomia axilar (também conhecida como dissecção ou esvaziamento axilar). Ela é feita quando já existem células cancerígenas nos linfonodos, mediante confirmação por exame.

Os linfonodos podem estar comprometidos em diferentes níveis, em uma escala que vai do nível I ao III. A maioria dos casos submetidos a linfadenectomia precisará da ressecção do nível I e II. São retirados cerca de 10 a 20 gânglios da região axilar. Todavia, esse número varia. Ele depende da anatomia de cada paciente e da técnica cirúrgica do profissional.

A cirurgia é realizada sob anestesia geral e pode acontecer simultaneamente à cirurgia da mama. Um dreno cirúrgico é colocado para melhor recuperação e coleta de secreções que possam interferir no processo de cicatrização. Ele permanece na região axilar até drenar pelo menos uma quantidade inferior a 50ml em 24 horas.

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Quais são os cuidados pós-operatório e os riscos de uma linfadenectomia axilar?

Normalmente, a paciente recebe alta um dia após a cirurgia, porém esse tempo também pode variar. Após a alta hospitalar são fornecidas algumas orientações. Entre elas estão:

  • Prescrição de antibióticos para prevenir infecção e medicamentos para aliviar a dor;
  • Instruções sobre cuidados com a ferida da cirurgia;
  • Orientações para o manejo e esvaziamento correto do dreno;
  • Conselhos sobre a quantidade e os tipos de atividade indicadas após a cirurgia (a recomendação geral é garantir a movimentação precoce dos membros, inclusive do lado operado, mas evitar carregar pesos excessivos durante as primeiras semanas pós-cirurgia);
  • Data e horário para seu retorno em consulta de acompanhamento;
  • Informações sobre quais sinais e sintomas de alarme para retorno precoce.

Algumas sequelas podem se desenvolver após alguns dias, meses ou anos após o procedimento. Entre as mais frequentes estão episódios de infecção, seromas ou sangramento na região operada. Além disso, pode haver:

  • Ressecção de nervos cutâneos durante a cirurgia, gerando perda sensibilidade e dormência na parte medial ou interior do braço ou axila. Na maioria das vezes, tal problema melhora após alguns meses;
  • Limitação na amplitude na movimentação do braço;
  • Linfedema. Essa é a sequela mais temida e pode acontecer entre 20% das mulheres submetidas ao esvaziamento axilar e ou a radioterapia, principalmente em mulheres obesas.

Seja como for, a linfadenectomia é um recurso importante. Com a cirurgia, é possível determinar quantos deles foram atingidos pelas células tumorais. Com a complementação dos tratamentos posteriores (como a radioterapia e/ou a quimioterapia), tal forma de intervenção também reduz a chance de recidivas.

Aproveite e conheça agora mais alguns dos cuidados essenciais após um procedimento cirúrgico para remoção de um tumor nas mamas.

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