
Mamografia: o que toda mulher precisa entender sobre esse exame em 5 pontos
Falar sobre o câncer de mama envolve quase sempre falar sobre a mamografia. Esse exame é indispensável para o diagnóstico da doença, principalmente nos primeiros estágios de sua evolução.
Apesar de ser amplamente conhecido, muitas mulheres ainda têm dúvidas sobre como o procedimento funciona, quando deve ser realizado e quais cuidados são necessários para a sua execução.
Portanto, sempre vale a pena repassar alguns pontos para saber o que esperar antes, durante e depois de cada avaliação, garantindo que ela contribua efetivamente com a saúde feminina.
1. O que é a mamografia?
A mamografia funciona basicamente como uma radiografia específica para as mamas. Durante o exame, são utilizados raios-X para criar imagens detalhadas do interior do tecido mamário.
Para isso, é usado um equipamento chamado mamógrafo. Ele conta com duas placas de acrílico que posicionam e comprimem suavemente os seios, viabilizando uma visualização das estruturas internas da região.
A compressão permite espalhar uniformemente o tecido mamário, facilitando a identificação de pequenas alterações que poderiam passar despercebidas. O procedimento geralmente dura entre 10 e 15 minutos, com imagens coletadas a partir de diferentes ângulos.
Os registros obtidos mostram diferentes densidades do tecido mamário em tons de cinza. Tecidos mais densos, como glândulas e possíveis tumores, aparecem em tons mais claros, enquanto o tecido gorduroso aparece mais escuro.
Essa diferenciação permite aos médicos radiologistas identificar nódulos, microcalcificações, distorções na composição do tecido e outras alterações que merecem investigação adicional.
Todas essas informações ficam dispostas no laudo elaborado pelo responsável pelo exame e devem ser interpretadas pelo profissional que solicitou a avaliação. A partir dos resultados, é possível determinar se é necessária alguma investigação adicional com outros recursos (como uma biópsia, por exemplo).
2. Qual a finalidade da mamografia?
Esse exame é indispensável no rastreamento do câncer de mama. Ele é capaz de detectar tumores em estágios iniciais, muitas vezes antes de qualquer sintoma ou mesmo que eles sejam palpáveis durante o autoexame ou consulta médica. Com a detecção precoce, aumentam significativamente as chances de cura.
Um estudo publicado na The Lancet Oncology em 2020, por exemplo, demonstrou que mulheres entre 40 e 49 anos têm mortalidade por câncer de mama 25% menor quando são submetidas a mamografias periódicas nessa fase da vida.
O rastreamento permanente por meio da mamografia também contribui para criar um histórico individual das mamas ao longo do tempo. Comparar exames anteriores com os atuais ajuda os médicos a identificar mudanças sutis e até mínimas, mas que podem ser significativas e indicar uma lesão pré-cancerígena, por exemplo.
3. A mamografia oferece algum risco?
A mamografia é considerada um procedimento totalmente seguro. O único incômodo significativo é aquele proveniente da compressão das mamas no mamógrafo.
A radiação também não deve ser uma preocupação, ainda mais quando se leva em conta que o exame é repetido poucas vezes ao longo da vida.
A mamografia usa uma dose baixa e bastante controlada de radiação. Em média, são 1–2 mGy (miligray, uma unidade de medida que calcula a radiação absorvida) por imagem.
Assim, em um exame de rastreamento (com duas imagens por mama), são cerca de 3–4 mGy por mama. Como referência, isso equivale aproximadamente a algumas semanas da radiação natural recebida do ambiente em circunstâncias corriqueiras.
Quando indicada, a tomossíntese (mamografia 3D) pode aumentar um pouco essa dose, mas ela permanece dentro de limites seguros definidos por órgãos internacionais. Logo, os benefícios da detecção precoce do câncer de mama superam largamente eventuais riscos.
Todavia, para que o exame ocorra adequadamente, algumas recomendações devem ser seguidas. Elas envolvem:
- realizar o exame na primeira semana após a menstruação, quando as mamas estão menos sensíveis;
- não aplicar desodorantes, talcos, perfumes ou cremes na região das mamas e axilas no dia do exame, pois esses produtos podem comprometer a interpretação devido aos resíduos sobre a pele;
- escolher uma blusa ou camisa que possa ser facilmente removida da cintura para cima.
Leia também: Recomendação orienta que avaliação de risco de câncer de mama seja feita aos 25 anos
4. O uso de próteses de silicone impede a mamografia?
De modo geral, as próteses de silicone não impedem a realização do exame, mas exigem alguns ajustes no procedimento.
Por isso, essas mulheres precisam informar a presença do implante no momento do agendamento e, posteriormente, ao técnico que manipula o equipamento durante a coleta das imagens.
Isso permitirá que sejam utilizadas técnicas específicas, como o deslocamento do implante, que empurra a prótese em direção ao músculo do tórax, permitindo melhor visualização do tecido mamário natural.
No fim, isso significa que o exame pode levar um pouco mais de tempo, mas sem comprometer sua eficácia ou oferecer riscos adicionais.
5. Existe idade certa para fazer uma mamografia?
As diretrizes para a realização da mamografia variam ligeiramente entre diferentes recomendações de órgãos e especialistas, o que muitas vezes é um ponto de polêmica.
Mas a Sociedade Brasileira de Mastologia, alinhada a outras entidades médicas nacionais e internacionais, aponta que o rastreamento com o exame deve começar aos 40 anos e seguir de modo anual. Tal recomendação parte do princípio de que parte dos tumores é diagnosticada antes dos 50 anos.
Depois dos 75 anos, a decisão costuma ser individualizada. Pacientes em boas condições de saúde e expectativa de vida ainda relevante podem continuar fazendo a mamografia se houver pertinência.
Mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou outros fatores de risco podem necessitar começar o rastreamento mais cedo, conforme orientação médica individual. Entram nessa conta:
- densidade mamária elevada;
- histórico pessoal de lesões benignas de alto risco;
- presença de mutações genéticas, como alterações nos genes BRCA1 e BRCA2.
Nesses cenários, o rastreamento poderá incluir não apenas mamografias mais frequentes, como também outros exames complementares, como as ressonâncias magnéticas. Na dúvida, a decisão é sempre feita caso a caso, seguindo a orientação do especialista.
Assim sendo, a mamografia permanece como o método de rastreamento mais eficaz, prático e acessível para detecção precoce do câncer de mama, o que pode salvar vidas.
Entenda agora qual papel e as limitações do autoexame de mama no acompanhamento da saúde da mulher.