Como a neutropenia afeta a imunidade durante o tratamento de um câncer de mama?
A neutropenia é um efeito colateral relativamente comum da quimioterapia e prejudica as defesas do organismo da paciente com câncer de mama.
A neutropenia é um efeito colateral bastante comum associado à quimioterapia contra um câncer de mama. Como a toxicidade dos fármacos utilizados pode afetar inclusive as células saudáveis, o sistema imune da paciente pode ser prejudicado com a progressão das sessões de administração dos medicamentos.
Assim sendo, essa condição pode afetar a qualidade de vida da paciente e ou mesmo as próximas etapas do tratamento. Por isso, o médico responsável pelo acompanhamento desses quadros pode fornecer orientações sobre como lidar com a vulnerabilidade provocada pela imunodeficiência temporária e prescrever determinadas intervenções para reduzir a chance de complicações.
Afinal, o que é a neutropenia?
A quimioterapia é parte importante de muitos tratamentos contra um câncer de mama, seja de forma adjuvante ou neoadjuvante. De forma bastante resumida, esse tipo de intervenção consiste na administração de medicamentos capazes de destruir as células cancerígenas.
No entanto, ainda que as alternativas quimioterápicas tenham avançado bastante, a toxicidade dos medicamentos ainda pode gerar uma série de efeitos colaterais. Entre alguns dos mais conhecidos estão a queda de cabelo, a fadiga e os problemas gastrointestinais. Isso acontece porque os medicamentos, uma vez dentro do organismo, muitas vezes também destroem células saudáveis ou impedem a substituição de células que são renovadas frequentemente.
Assim, as células do sistema imune também podem se tornar um “alvo” indesejado da quimioterapia. Com isso, a paciente pode apresentar uma contagem abaixo do ideal dos chamados neutrófilos, parte dos glóbulos brancos que desempenham papel essencial já na primeira linha de defesa do organismo diante da invasão de microrganismos nocivos. É justamente essa queda no número de neutrófilos que caracteriza a chamada neutropenia.
Tal quadro pode ser constatado por meio de exames de sangue que incluem a contagem de glóbulos brancos. Vale ressaltar que outras opções terapêuticas contra um câncer de mama (como a radioterapia) e aspectos que não têm relação nenhuma com a doença (como o uso de outros tipos de medicamento e outras condições de saúde específicas) também podem provocar a neutropenia.
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Como essa condição afeta pacientes com câncer de mama?
Os índices de pacientes que sofrem com a neutropenia durante o tratamento do câncer de mama variam conforme o recorte analisado. Entretanto, estima-se que essa seja uma das principais causas de interferência no tratamento, reduzindo o tamanho das doses ou aumentando o intervalo entre as sessões.
Além disso, a neutropenia pode expor o organismo a um risco maior de infecções, às vezes potencialmente fatais. Em uma pessoa saudável os neutrófilos atuam rapidamente para tentar conter uma infecção causada por vírus, bactérias ou fungos. Por outro lado, diante da baixa contagem dessas células de defesa, a resposta imune de pessoas com neutropenia pode ficar prejudicada.
De todo modo, a neutropenia por si só não costuma gerar sintomas perceptíveis. Por isso, o médico responsável pelo acompanhamento do tratamento solicita exames de sangue periodicamente para acompanhar a contagem dos neutrófilos e outros componentes do sangue.
Contudo, diante do risco de complicações, a paciente é orientada a procurar ajuda médica imediatamente se notar qualquer sinal de infecção. Dessa forma, merecem atenção alterações como:
- Febre;
- Calafrios;
- Dor de garganta ou na barriga;
- Feridas na boca;
- Diarreia;
- Dor ou ardência ao urinar;
- Tosse ou dificuldade para respirar;
- Vermelhidão na pele, sobretudo perto de feridas, cortes ou da área da incisão do catéter.
É esperado que a contagem do número de neutrófilos atinja seu ponto mais baixo cerca de uma ou duas semanas depois da aplicação do quimioterápico. Depois disso, ela tende a subir novamente. Porém, leva até três ou quatro semanas para que essas células voltem a circular normalmente pelo organismo.
Como lidar com a neutropenia e reforçar a imunidade durante o tratamento?
A forma de lidar com o quadro de neutropenia depende do comprometimento da contagem de células. A partir disso, o médico pode:
- Prescrever antibióticos para prevenir infecções por bactérias;
- Postergar a próxima sessão de quimioterapia ou reduzir a dose do fármaco;
- Orientar sobre o uso de medicamentos capazes de estimular a produção de células de defesa na medula óssea (os mais utilizados costumam ser aqueles conhecidos como fatores estimulantes de colônias de granulócitos).
Além disso, a paciente deve seguir algumas recomendações para reduzir o risco de infecções. Entre algumas das medidas para isso estão usar máscara em locais públicos, reforçar a higiene das mãos e evitar o contato com pessoas que manifestem algum sintoma de infecção.
Cuidados com a alimentação também são importantes. Eles dizem respeito tanto ao que se coloca no prato quanto a preocupação em relação ao preparo das refeições. Dessa forma, é essencial manter a assepsia enquanto cozinha (lavando adequadamente frutas e verduras, por exemplo) e evitar alimentos com alto risco de contaminação (como carnes, ovos e laticínios crus ou não devidamente cozidos).
Ademais, uma dieta balanceada e rica em vitaminas e minerais pode contribuir para fortalecer a imunidade, ainda que não seja capaz de, por si só, reverter a neutropenia. Em todo caso, o médico (ou mesmo um nutricionista capacitado) pode ter papel importante na hora de abordar todas as preocupações com a alimentação nesse período.
Aproveite para saber mais sobre o impacto da quimioterapia na alimentação e conferir dicas do que comer durante o tratamento.