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Enfermeira aplicando quimioterapia

Quimioterapia antes da cirurgia pode evitar radioterapia nos linfonodos axilares

Um estudo apresentado na edição de 2023 do San Antonio Breast Cancer Symposium mostrou que algumas pacientes podem ser dispensadas do tratamento com radiação nos linfonodos da axila. Tais resultados foram possíveis em mulheres tratadas com quimioterapia antes da cirurgia.

Em comum, essas pacientes obtiveram uma conversão de um status positivo para negativo da presença do tumor nessa região do organismo após o emprego dos quimioterápicos.

A utilização da quimioterapia antes da cirurgia em casos de câncer de mama

Depois que uma paciente é diagnosticada com câncer de mama, o médico responsável pelo acompanhamento pode investigar a presença de células do tumor nos linfonodos. Isso acontece geralmente por meio de uma biópsia e ajuda a avaliar de que forma o câncer está se disseminado pelo organismo.

Quando é constatada a presença do tumor nessa área, a doença é classificada como linfonodo positivo. Nesses casos, costuma haver a indicação de sessões de quimioterapia antes mesmo da cirurgia para remoção do tumor das mamas. Vale sempre lembrar que toda terapia introduzida antes do tratamento cirúrgico recebe o nome de “neoadjuvante”.

Como consequência, é possível que os medicamentos quimioterápicos sejam capazes de eliminar a presença das células cancerígenas na região axilar. Assim sendo, o câncer passa a ser categorizado como “linfonodo negativo”.

Embora essa seja uma excelente notícia, tal etapa na evolução abre um debate entre os especialistas. Quando a quimioterapia consegue eliminar o câncer dos linfonodos, de que forma é recomendado prosseguir com o tratamento?

Nos casos em que os linfonodos positivos persistem, pode ser necessário submeter a paciente a sessões de radioterapia axilar depois da cirurgia. Logo, a aplicação da radiação fica concentrada não apenas na mama como também no tórax e nas axilas.

No sentido oposto, se for constatado um status linfonodo negativo depois da quimioterapia antes da cirurgia, a radioterapia poderia ser descartada ou reduzida apenas à região da mama, sobretudo em pacientes que passaram por uma quadrantectomia.

Veja também: Entenda quando um caroço na axila deve ser sinal de alerta

As conclusões do novo estudo sobre a necessidade da radioterapia

Na prática, o estudo mencionado buscou justamente responder a tal questão. Afinal, pacientes que evoluíram de linfonodo positivo para negativo graças a quimioterapia antes cirurgia podem deixar a radioterapia axilar de lado de maneira segura?

Para compreender tal questão, foram reunidas 1556 pacientes diagnosticadas com câncer de mama em estágio inicial e confirmação de linfonodos positivos. As voluntárias foram recrutadas entre dezembro de 2013 e o mesmo mês de 2020.

Todo mundo foi tratado com quimioterapia neoadjuvante seguida de cirurgia de remoção do tumor (mastectomia ou lumpectomia) e ressecção dos linfonodos. Posteriormente, foi obtido um resultado negativo para a presença de células cancerígenas após o procedimento cirúrgico.

Após essa etapa do tratamento, houve uma divisão em dois grupos das pessoas envolvidas no estudo:

  • Uma parte das pacientes não recebeu radiação nas axilas; houve apenas monitoramento e radioterapia na mama inteira.
  • O restante das voluntárias foi tratada com radiação nos linfonodos e na parede torácica, mesmo após a cirurgia como quimioterapia neoadjuvante.

O que isso pode significar na dispensa da radioterapia

Após um acompanhamento que durou até dez anos contando do início do estudo, foi possível concluir que não houve diferença nos desfechos obtidos entre ambos os grupos. Em outras palavras, isso significa que foi possível pular a radioterapia axilar sem que isso aumentasse o risco de recidivas.

No grupo que recebeu a radiação nos linfonodos, 92,8% das pacientes não tiveram episódios de recidivas. Enquanto isso, nas pacientes em que não houve essa intervenção o número foi de 91,8%.

Recidivas distantes (que afetam outra parte do corpo que não o sítio original do tumor) e taxas de sobrevida também alcançaram patamares similares em ambos os recortes de pacientes.

Com isso, há evidências de que a omissão da radioterapia axilar é uma alternativa segura de abordagem para um câncer de mama nessas circunstâncias. Tal opção pode ser importante ainda para reduzir o risco de efeitos colaterais oriundos do tratamento com radiação.

Em resumo, eles envolvem desde dor e alterações na pele da região até fadiga e a formação de linfedemas, incluindo ainda os prejuízos ao processo de reconstrução das mamas.

De qualquer modo, a necessidade de introdução da quimioterapia antes da cirurgia seguida de radioterapia nos linfonodos da axila deve sempre ser discutida caso a caso. Dessa forma, é possível avaliar e ponderar riscos e benefícios da melhor forma possível.

Aproveite para saber mais sobre a radioterapia na mama e o uso dessa terapia no tratamento de um câncer.

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