
Saiba mais sobre as diferentes possibilidades de reconstrução mamária com retalhos miocutâneos
As possibilidades de recomposição da aparência das mamas, inclusive depois de uma intervenção cirúrgica para combater um câncer de mama, são cada vez maiores. Exemplo bem ilustrativo disso são as diferentes abordagens que visam a reconstrução mamária com retalhos miocutâneos.
Técnicas que recorrem a tecidos autólogos (ou seja, do próprio corpo da paciente) oriundos da grande dorsal ou aquelas conhecidas como TRAM e DIEP são alternativas relevantes em diversos contextos.
Em que consiste a reconstrução mamária com tecido miocutâneo?
Na prática, esse é um tipo de procedimento que pode dispensa próteses de silicone ou extensores para dar forma à mama reparada. Em vez disso, o cirurgião recorre ao chamado retalho miocutâneo isolado ou associado a gordura, ou associado a prótese.
Esse tipo de tecido recebe esse nome, porque é formado por uma parte do músculo, junto com a pele, a gordura e os vasos sanguíneos daquela região.
Desse modo, o profissional responsável pela intervenção remove o segmento da área doadora do retalho. Depois, ele busca acomodá-la na mama a ser reconstruída, sempre visando um bom resultado estético e funcional.
Essa é uma alternativa com grau considerável de complexidade, especialmente por envolver a remoção e o reposicionamento do tecido miocutâneo, bem como de suas estruturas (vasos sanguíneos, nervos, etc). Ainda assim, ela pode ser interessante quando:
- se deseja evitar as complicações que eventualmente surgem na reconstrução com implante mamário, incluindo o risco de linfoma anaplásico de grandes células e outras possíveis doenças associadas ao silicone;
- há a intenção de que a mama reconstruída se assemelhe o máximo possível à mama não afetada em formato e textura, uma vez que o retalho autólogo pode ser moldado mais facilmente;
- houve tratamento com radioterapia e/ou cirurgia que demandam pele e gordura para recompor a aparência da mama.
A partir disso, os responsáveis pelo acompanhamento são capazes de orientar sobre possíveis contraindicações para essa escolha (como nos casos em que não há tecido doador viável).
No mais, eles devem esclarecer os principais pontos sobre algumas das técnicas mais utilizadas. Como não poderia deixar de ser, isso inclui riscos e a preparação necessária para o antes e depois da cirurgia.
Leia também: Conheça os possíveis efeitos da radioterapia da mama na pele e veja como lidar com eles
A diferença da reconstrução com TRAM, DIEP e grande dorsal
De forma bastante resumida, cada procedimento de reconstrução mamária com retalho miocutâneo tem o nome do tecido de acordo com o local do corpo onde ele foi removido. Em algumas circunstâncias, a diferença está na maneira como o enxerto é fixado na área de destino.
DIEP (Deep Inferior Epigastric Perforator): preserva o músculo abdominal e proporciona resultado natural
O retalho DIEP (Deep Inferior Epigastric Perforator) utiliza pele, gordura e vasos da parte inferior do abdômen, sem remover o músculo. Por isso, preserva a força abdominal e reduz o risco de hérnias.
Além de oferecer um resultado estético muito natural com efeito semelhante ao de uma abdominoplastia, é uma técnica mais delicada, que exige cirurgiões especializados em microcirurgia.
Evidências sustentam que essa opção oferece um bom nível de satisfação entre as pacientes. Muito disso se dá por conta dos resultados naturais e duradouros, preservando a musculatura abdominal.
TRAM: inclui parte do músculo abdominal
O TRAM (Transverse Rectus Abdominis Myocutaneous) utiliza tecido da parte inferior do abdômen, mas leva junto uma parte do músculo reto abdominal.
Essa técnica pode ser feita de duas formas:
- TRAM pediculado: o retalho é mantido conectado ao músculo e transferido até a mama.
- TRAM livre: o retalho é desconectado e reconectado por microcirurgia, como no DIEP, mas ainda inclui músculo.
As desvantagens desta técnica inclui:
- o enfraquecimento da parede abdominal;
- risco aumentado de flacidez, hérnias ou abaulamentos;
- recuperação mais lenta.
Retalho do Grande dorsal
Esse retalho utiliza tecido das costas, incluindo músculo, pele e gordura, com irrigação mantida, o que facilita a cirurgia e dispensa microcirurgia.
É uma opção versátil, rápida e bastante realizada pelo cirurgião de reconstrução mamária.
Geralmente, o volume mamário é reconstruído com prótese ou enxerto de gordura, já que o retalho sozinho pode não ser suficiente.
A taxa de sucesso é alta e os resultados estéticos costumam ser bons.
Seja como for, independentemente da técnica de reconstrução mamária com retalhos miocutâneos, é preciso ter ciência de eventuais complicações. Elas vão desde infecções, seromas e hemorragias até necroses gordurosas ou do próprio tecido, além de consequências sobre a área onde ele foi removido.
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