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Mulher apreensiva conversando sobre remoção do silicone

Retirada do silicone: como funciona o procedimento para a remoção das próteses?

A retirada do silicone vem se tornando mais comum, inclusive por questões estéticas. Além disso, algumas condições podem forçar a remoção da prótese.

O implante de próteses mamárias ainda é um procedimento bastante comum, inclusive entre as brasileiras. De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, em 2022, foram realizados mais de 240 mil procedimentos do tipo no país. Ao mesmo tempo, quase 30 mil pacientes foram pelo caminho oposto e passaram pela retirada do silicone.

Tal escolha pode se dar tanto por questões estéticas (anos depois, a modificação no corpo pode não deixar a paciente mais satisfeita) quanto por problemas de saúde. Ainda que não tão comuns, determinadas alterações podem exigir o explante, nome técnico desse tipo de procedimento, descrito com mais detalhes nos tópicos abaixo.

Como a retirada do silicone costuma ser feita?

Os implantes mamários, da forma como conhecemos hoje, são utilizados desde meados da década de 60. Ainda que a maior parte dos procedimentos sejam feitos com fins estéticos, essa intervenção pode ser bastante importante como alternativa para a reconstrução da aparência das mamas de mulheres que passaram por mastectomias durante o tratamento de um câncer nessa parte do corpo.

Seja como for, com o tempo, muitas mulheres desejam fazer a retirada das próteses. O explante, nome dessa operação, depende de novas incisões e pode ser feito de forma simples ou em bloco, que é quando a cápsula de tecido que envolve o implante é removida complementarmente. Essa cápsula se forma naturalmente após o implante e impede que o corpo reaja à presença do silicone, que poderia ser considerado um “corpo estranho” no organismo.

O profissional pode ainda remover tecidos cicatriciais presentes ao redor da prótese e eventuais materiais que tenham vazado do implante.

De forma concomitante à retirada das próteses, a paciente pode ser submetida também a uma mastopexia. Ela tem como objetivo manter uma boa aparência estética da mama mesmo com a remoção do silicone. Para isso, são retirados excessos de pele e reposicionados o mamilo e a aréola após a retirada do silicone.

Outra intervenção que pode ser conduzida junto ao explante é a lipoenxertia. Nesse caso, uma lipoaspiração remove gordura de outras partes do corpo para que esse material seja enxertado nas mamas. Assim, consegue-se, em partes, recompor parte do volume das mamas perdido com a retirada da prótese.

Em todo caso, mesmo que a mulher não deseje (ou não precise) remover em definitivo os implantes, é fundamental seguir a orientação do médico e do fabricante do material sobre a validade das próteses. Embora não haja uma recomendação padrão, a sugestão para a substituição de um implante gira em torno de um intervalo médio de 10 a 15 anos, desde que nenhuma alteração tenha sido identificada antes disso.

Em quais circunstâncias as próteses devem ser removidas?

Diante de determinadas circunstâncias, a paciente pode ser orientada a fazer a remoção do implante mamário. Um dos motivos mais comuns para a retirada da prótese é a chamada contratura capsular.

Ela acontece quando o tecido que circunda o silicone se torna duro e mais espesso. Com esse problema, podem aparecer deformidades na mama e a paciente pode sofrer com dores e inchaços na área. Em alguns casos, a substituição da prótese pode resolver o problema. No entanto, quando ele se torna recorrente, a orientação costuma ser pelo explante.

A ruptura das próteses é outra situação em que a retirada é indicada. Esse tipo de incidente pode se dar por conta de traumas, pelo desgaste do material, por acidentes com agulhas durante procedimentos nas mamas e, muito raramente, durante a realização de exames na região (como a mamografia, por exemplo). Como a captura das imagens depende da compressão da mama, há o risco de danos ao silicone, o que não deve ignorar a importância desses recursos na detecção precoce de um câncer de mama.

Cabe reforçar que, na maioria dos casos, o rompimento não apresenta qualquer sintoma. Em situações específicas, a paciente pode perceber sinais como formigamento, inchaço, queimação e alteração no formato das mamas. De todo modo, o problema só pode ser confirmado por meio de uma ultrassonografia ou de uma ressonância.

Não por menos, quem coloca um implante recebe a orientação para fazer um exame três anos após a cirurgia e repeti-lo a cada dois anos, mais ou menos. Assim, é possível identificar eventuais rupturas no material.

Saiba mais: Sinais de que é hora de procurar um mastologista

Que doenças da mama podem estar associadas a um implante de silicone?

Além dos problemas já destacados, a literatura sobre o tema inclui a descrição de outras condições que podem estar associados à colocação do silicone nas mamas.

Em 2011, por exemplo, foi descrita o que ficou conhecido como Síndrome ASIA (de Autoimune Syndrome Induced by Adjuvants ou síndrome autoimune induzida por adjuvantes). Também chamadas apenas de “síndrome do silicone”, essa alteração estaria associada à resposta imune despertada pela presença da prótese.

Entre os sintomas mais comuns relatados nesses casos estão queixas neurológicas, fadiga e dores articulares. Além de raro, não há exame específico para o diagnóstico do problema. Outro obstáculo para confirmar o quadro é que nem sempre é possível garantir que o aparecimento do problema tem relação com o implante.

É importante também não confundir a síndrome ASIA com o que se costuma chamar de “doença do silicone”. Esse termo, que ganhou popularidade nas redes sociais, compreende uma série de alterações relatadas pelas pacientes que, supostamente, teriam relação com a prótese. Mais uma vez, ainda faltam evidências que possam estabelecer critérios para determinar tal conexão.

Por outro lado, mulheres com silicone parecem ter mais risco de desenvolver um linfoma anaplásico de células grandes. Em resumo, esse problema surgiria diante de uma resposta imunológica à inflamação crônica induzida pelo implante mamário, gerando hiperplasia (multiplicação celular) de células de defesa do corpo. Ainda que os casos relatados sejam raros, diante do diagnóstico, a orientação envolve justamente a retirada do silicone. Por isso, na dúvida, é essencial procurar seu médico.

Aproveite e confira agora o que se sabe da relação entre silicone e câncer de mama.

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