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Mulher obesa com certos risco no câncer de mama

Estudo aponta como síndrome metabólica interfere na incidência e na mortalidade pelo câncer de mama

Em geral, a síndrome metabólica compreende alterações fisiológicas que, no longo prazo, podem elevar a chance de complicações cardiovasculares, diabetes e outras disfunções potencialmente graves. Adicionalmente, esse quadro pode estar acompanhado de manifestações relacionadas à obesidade.

Nesse contexto, um artigo publicado em maio de 2024 no periódico Cancer reforçou como essas disfunções podem também ampliar o risco de uma mulher na pós-menopausa não superar um tumor maligno nas mamas.

Embora tal constatação não seja necessariamente uma novidade, a publicação demonstra o tamanho do efeito dessas alterações e indica de que forma isso se dá em diferentes subtipos do câncer de mama.

Os indicadores e características da síndrome metabólica

De acordo com os critérios diagnósticos utilizados atualmente, a síndrome metabólica se faz presente quando são constatados ao menos três ou mais dos fatores abaixo:

  • Circunferência elevada da cintura, por conta do acúmulo de gordura na região. Como referência, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) considera medidas da barriga acima de 102 centímetros para homens e 92 para mulheres.
  • Elevação do colesterol “ruim” (LDL igual ou acima de 150 mg/dL).
  • Redução do colesterol “bom” (HDL igual ou inferior a 40 mg/dL em homens e 50 mg/dL em mulheres).
  • Pressão arterial alta (em geral, acima de 13 por 8 ou que exija medicação para ser controlada).
  • Glicose no sangue aumentada, considerando um valor de referência de 100 mg/dL em jejum.

Em resumo, aponta-se que a síndrome metabólica tem origem multifatorial. Em outras palavras, isso significa que ela é resultado da interação de uma série de aspectos, que vão desde uma maior predisposição genética até o acúmulo de hábitos ruins, como falta de atividades físicas e alimentação desequilibrada.

De acordo com as evidências disponíveis, estima-se que pessoas com a síndrome metabólica têm duas vezes mais chance de desenvolver aterosclerose (a obstrução das artérias do coração) e cinco vezes maior probabilidade de serem diagnosticadas com diabetes.

Por compartilhar alguns dos mesmos fatores de risco (como o excesso de peso e o sedentarismo), é provável que a síndrome metabólica também acentue a chance de que uma mulher tenha um câncer de mama.

No entanto, vários componentes desta associação ainda não são bem determinados. Assim sendo, preencher essas lacunas sobre o conhecimento a respeito do tema pode ampliar as ações preventivas em todas as fases da vida da mulher, incluindo a pós-menopausa.

Confira também: A possível conexão entre estresse e câncer de mama

O tamanho do impacto da síndrome metabólica e da obesidade no câncer de mama

Para providenciar mais dados sobre a questão, os autores do estudo reuniram informações de mais de 68 mil mulheres que já tinham atravessado a menopausa. Elas não tinham qualquer histórico de câncer de mama.

Em seguida, a partir dos fatores considerados na composição (descritos acima) de um quadro de síndrome metabólica e obesidade, elas foram classificadas da seguinte maneira:

  • Mulheres no grupo 0 não tinham nenhum indicador de síndrome metabólica.
  • Aquelas do grupo 1-2 tinham um ou dois desses indicadores.
  • Por fim, as incluídas no segmento 3-4 apresentavam três ou quatro das alterações listadas (circunferência da cintura, colesterol, pressão alta e diabetes).

A partir disso, um acompanhamento médio de 20 anos foi mantido. O objetivo era registrar todos os casos de câncer de mama, os desfechos obtidos e de que forma a síndrome metabólica pareceria interferir.

Ao todo, foram diagnosticados 4.562 casos dentro da amostra da pesquisa. Como consequência da doença, 659 pacientes morreram. Outras 2.073 faleceram depois do diagnóstico, mas não necessariamente por conta do tumor.

As principais conclusões apresentadas

Nesse cenário, os autores do estudo apontaram que graus 3-4 de síndrome metabólica estão fortemente associados com uma maior mortalidade. Foi constatada uma chance 44% maior de morrer por conta do câncer e 53% de mortalidade por qualquer causa depois do diagnóstico.

Os prognósticos de tumores receptores de estrogênio positivos e progesterona negativos demonstram uma piora nessas circunstâncias. Por outro lado, a presença da síndrome metabólica não influenciou no número de casos de câncer como um todo.

Já o aumento do Índice de Massa Corporal (IMC) se mostrou diretamente ligado com um maior risco de diagnóstico de câncer de mama. Assim, mulheres com obesidade severa apresentam 69% mais chances de desenvolver a doença em comparação àquelas com peso normal.

Paralelamente, pacientes com obesidade poderiam ter maior risco de diagnóstico de tumores receptores hormonais positivos (de estrogênio e progesterona). A mortalidade, por sua vez, só foi maior em casos graves de obesidade (IMC acima de 35).

Como esses resultados podem interferir na prevenção do câncer de mama

Com tudo isso, os autores reforçam que a síndrome metabólica parece influenciar de forma diferente o risco de ter a doença e o prognóstico de um câncer de mama.

Se piores indicadores metabólicos podem aumentar a mortalidade pela doença e por outras causas depois do diagnóstico, o acúmulo de peso corporal parece elevar a incidência de casos entre pacientes na pós-menopausa. Por fim, ambos os fatores parecem influenciar de alguma maneira em determinados subtipos da doença.

Seja como for, esses dados devem servir como reforço para o controle adequado de fatores associados ao desenvolvimento da síndrome metabólica e da obesidade. Quem já é afetada pela condição deve conversar com o médico sobre como isso interfere na chance de ter um câncer de mama. Há estratégias que podem ser adotadas para fortalecer o controle e a prevenção adequada.

Entenda agora como a redução no consumo de alimentos ultraprocessados pode ser parte das iniciativas para evitar um câncer de mama.

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