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Mulher tomando suplemento

5 pontos da relação entre suplementos e câncer de mama que toda paciente deve saber

Discutir a conexão entre suplementos e câncer de mama é fundamental a partir do momento em que esse tipo de intervenção é uma constante entre as pacientes diagnosticadas com a doença, sobretudo durante o tratamento.

Por isso, sempre vale a pena repassar uma série de pontos sobre o tema, com base nos insights de uma palestra realizada na edição de 2024 do San Antonio Breast Cancer Symposium, evento que reúne anualmente especialistas em oncologia e mastologia de todo o mundo.

1. A vitamina D pode ser uma aliada importante

Constantemente a vitamina D é pauta quando se fala de suplementação e câncer de mama. Várias evidências sobre o tema sugerem que essa substância, essencial para ossos fortes, regulação do humor e manutenção do sistema imune, pode reduzir o risco de se desenvolver um tumor.

Além disso, com o passar do tempo, os especialistas vêm reunindo dados que permitem afirmar que mulheres com níveis normais do elemento têm melhores desfechos depois do diagnóstico.

Exemplo disso é um estudo publicado na revista Nutrition and Cancer em janeiro de 2025. Os autores apontam que a suplementação de vitamina D em baixa dosagem pode elevar a eficácia da quimioterapia contra o câncer de mama. Os pesquisadores obtiveram essa conclusão a partir de um estudo clínico randomizado:

  • de um lado, 40 mulheres passando por quimioterapia neoadjuvante receberam a suplementação de 2.000 UI de vitamina D;
  • o segundo grupo, também com 40 mulheres, seguiu com a terapia de modo convencional, recebendo apenas placebo.

Após seis meses, 43% das participantes recebendo vitamina D responderam à quimioterapia, com o desaparecimento do tumor. No grupo sem o suplemento, esse patamar foi de 23%.

Dessa forma, testar o nível de vitamina D no momento do diagnóstico pode fornecer um parâmetro importante para a suplementação durante o tratamento.

2. Alguns compostos geram efeitos indesejados

Muitos suplementos com vitaminas e minerais não são indicados para o uso durante o tratamento do câncer de mama, embora muitas vezes sejam vistos como inofensivos.

Uma das principais razões para isso está na forma como a combinação desses itens (em produtos comercializados como suplementos multivitamínicos, por exemplo) pode interferir na recuperação.

Um estudo de 2019 das páginas do Journal of Clinical Oncology , por exemplo, indicou que suplementos antioxidantes (com vitaminas A, C e E) estão associados com uma maior chance de que a doença volte. Resultado semelhante foi observado com a suplementação à base de ferro.

Por fim, o uso de vitamina B12 desencadeou períodos menores de sobrevida livre de recorrência e sobrevida total. Portanto, não é porque algo pode ser comprado na farmácia sem receita que ele deve ser usado irrestritamente.

Leia também: A suplementação durante o tratamento do câncer de mama faz diferença?

3. Muitos suplementos interagem com os tratamentos recomendados

Mesmo quando utilizadas de modo isolado, algumas substâncias podem fazer com que o corpo processe de modo inadequado fármacos prescritos para tratar o câncer de mama.

A cúrcuma, reconhecida por propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, tem o potencial de atrapalhar o efeito do tamoxifeno e de alguns quimioterápicos (como a doxorrubicina e a ciclofosfamida).

Além disso, diante da infinidade de suplementos e da falta de dados perante o uso de medicamentos já estabelecidos, nem sempre é possível determinar com certeza como essas combinações agem.

Algo similar já foi destacado entre pacientes que usam compostos à base de cannabis (frequentemente empregada para o alívio da dor ou de sintomas como náuseas e vômitos, por exemplo).

4. Certos suplementos oferecem mais riscos que benefícios

O uso de qualquer suplemento deve ter como perspectiva oferecer algum benefício durante a jornada da paciente com câncer de mama. Entretanto, o princípio por trás de cada solução deve sempre se basear na ideia de que, acima de tudo, o mais importante é não fazer mal.

Para ilustrar isso, é possível recorrer ao uso da acetil-L-carnitina. O aminoácido é encontrado com facilidade em farmácias e lojas de produtos naturais. Ele promete melhorar a saúde neurológica.

Todavia, uma publicação do Journal of Clinical Oncology de 2013 mostra que a substância tem o potencial de piorar a neuropatia associada à quimioterapia. Por isso, há um desestímulo ao uso da substância por pacientes oncológicas.

5. O uso de suplementos com supervisão profissional é sempre a melhor recomendação

Diante de tudo isso, qualquer suplemento durante o tratamento de um câncer de mama deve ser discutido junto ao médico.

O especialista responsável pelo acompanhamento consegue ponderar o potencial do benefício de cada substância. Para isso, ele leva em conta, sobretudo, as evidências disponíveis (mesmo que muitas vezes elas sejam escassas).

Além disso, o médico pode sugerir alternativas não medicamentosas para determinadas queixas associadas a diferentes modalidades de terapias. É o que acontece com a psicoterapia para pacientes com ansiedade, a meditação para quem sofre de insônia ou a acupuntura para alguns tipos de dor vinculada ao câncer.

Com isso, a mensagem que deve ficar é que a relação entre suplementos e câncer de mama ainda tem muitas áreas cinzas. Mesmo que haja alguns ganhos com a escolha correta, nem sempre é viável determinar com exatidão quem vai se beneficiar deles sem riscos colaterais.

Saiba mais agora sobre um estudo que mostrou que uma técnica de respiração profunda com sessões de 20 minutos ajuda no controle da dor oncológica.

Médica mastologista especializada em reconstrução mamária. Além de sua prática clínica, Dra. Brenda atua como mastologista no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é preceptora da residência médica de Mastologia na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) e membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia. | CRM-SP 167879 / RQE – SP Cirurgia Geral: 81740 / RQE – SP Mastologia: 81741

ps.in@hotmail.com

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