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Mulher adicionando terapia complementar ao tratamento de câncer de mama

Os benefícios e os cuidados necessários com as terapias complementares no câncer de mama

O diagnóstico de câncer de mama é um momento delicado para qualquer mulher. Nesse contexto, junto dos tratamentos convencionais disponíveis, muitas pacientes buscam formas de melhorar sua qualidade de vida durante essa jornada.

Assim, asterapias complementares no câncer de mamasurgem como uma possibilidade real de tornar o tratamento mais tolerável, sem substituir as abordagens comprovadas pela medicina,sendo cada vez mais procuradas.

Ao mesmo tempo, aparecem dúvidas sobre a efetividade e a segurança desses recursos, o que merece ser sempre discutido. É isso o que vamos fazer nos tópicos a seguir.

O que são as terapias complementares no câncer de mama?

As terapias complementares (ou integrativas) no câncer de mama são práticas utilizadas em conjunto com o tratamento médico convencional. Ou seja, em complemento à cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e o que mais for pertinente conforme orientação profissional.

De modo geral, essas práticas englobam uma série de técnicas que trabalham o corpo e a mente de forma integrada. As mais conhecidas são a acupuntura, a meditação e a ioga, entre outras modalidades terapêuticas.

Um trabalho apresentado na edição de 2021 do encontro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) revelou que 73% das pacientes com câncer de mama nos Estados Unidos relataram usar ao menos um tipo de terapia complementar após o diagnóstico.

Esse número é muito superior às estimativas que os oncologistas tinham sobre a utilização desses métodos, que, em geral, não ultrapassava metade das pacientes atendidas (43%). Ainda assim, dois terços dos médicos e das pacientes acreditam que essas técnicas têm potencial para melhorar a qualidade de vida durante o tratamento.

No Brasil, essas práticas também ganham espaço. Muitas delas já foram incorporadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) dentro da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (as PICs), posta em prática em 2006.

Por que elas são diferentes das terapias alternativas?

Embora os termos sejam frequentemente usados de forma conjunta, existe uma diferença fundamental entre terapias complementares e terapias alternativas no câncer de mama. Essa distinção é crucial para a segurança das pacientes.

Comumente, as terapias alternativas são aquelas utilizadas no lugar dos tratamentos convencionais. Em outras palavras, quando uma pessoa opta por substituir a quimioterapia, a cirurgia ou a radioterapia por dietas restritivas, suplementos sem comprovação ou outras práticas não validadas pela ciência, ela está assumindo riscos consideráveis.

Não raro, a substituição ou o atraso no início do tratamento adequado pode permitir que o tumor avance para estágios mais graves, reduzindo drasticamente as chances de remissão da doença.

Por outro lado, as terapias complementares são usadas ao lado dos tratamentos médicos comprovados. Elas não prometem curar o câncer, mas sim ajudar a aliviar efeitos colaterais e reduzir sintomas (como insônia, ansiedade e dor, entre outros) para melhorar a qualidade de vida como um todo, dentro do possível.

Que tipo de benefício é possível obter com esse recurso?

As terapias complementares no câncer de mama oferecem benefícios cada vez mais documentados, especialmente no manejo de sintomas e efeitos colaterais do tratamento.

Para ajudar a separar o que de fato é relevante, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e a Sociedade de Oncologia Integrativa publicaram diretrizes sobre o uso dessas práticas, classificando-as de acordo com o grau de evidência científica disponível. Entre os benefícios mais consistentes, destacam-se:

  • redução da ansiedade: meditação, ioga e musicoterapia podem amenizar o desconforto em pacientes, o que está associado a melhorias na saúde mental e no bem-estar emocional;
  • combate à fadiga: a acupuntura e a ioga já se mostraram úteis no combate à fadiga pós-tratamento, um dos sintomas mais debilitantes relatados pelas pacientes;
  • alívio da dor: mais uma vez, a acupuntura e a musicoterapia demonstraram potencial para o alívio da dor relacionada ao câncer;
  • prevenção e controle do linfedema: por meio dedrenagem linfática manual e uso de faixas de compressão no pós-cirurgia.

Seja como for, muito ainda precisa ser explorado quando o tema é o uso de terapias complementares no câncer de mama. O que funciona para uma pessoa pode não ser tão efetivo em outras circunstâncias, por exemplo.

Por isso, vários estudos estão em curso para determinar como e quando esse tipo de solução tende a apresentar melhores resultados nas diferentes fases do tratamento oncológico.

Leia também: O risco de interação entre a cannabis e os medicamentos para o câncer

O que médicos e pacientes devem levar em consideração nessas abordagens?

Acima de tudo, é fundamental que as terapias complementares no câncer de mama sejam implementadas de forma segura. Com tal finalidade, existem aspectos importantes que tanto médicos quanto pacientes devem sempre ter em mente.

A comunicação transparente entre paciente e equipe médica é essencial. Muitas mulheres hesitam em compartilhar que estão utilizando terapias complementares por receio de julgamento. No entanto, o oncologista e o mastologista precisam ter essa informação para garantir que não haja interações prejudiciais com os tratamentos em curso.

Além disso, nem todas as terapias complementares são reguladas adequadamente pelas autoridades responsáveis. Diferentemente dos medicamentos convencionais, muitas práticas integrativas não passam por controle de qualidade rigoroso. Por isso, é importante buscar profissionais qualificados, apoiando-se em fontes confiáveis e reconhecidas.

Outro ponto de atenção refere-se às expectativas realistas. As terapias complementares não substituem o tratamento convencional e não curam o câncer. Elas devem ser vistas como parte de um plano de cuidado mais amplo e integrado.

Por fim, a individualização do cuidado é fundamental. A escolha das ferramentas complementares deve levar em conta o perfil da paciente, o tipo de tumor, o estágio da doença e os tratamentos convencionais em curso. Cada caso exige uma avaliação minuciosa.

De todo modo, quando utilizadas de forma consciente e orientada, as terapias complementares no câncer de mama representam uma abordagem promissora para o suporte à paciente. Elas refletem uma mudança positiva, que cada vez mais reconhece a importância de tratar não apenas a doença, mas a pessoa como um todo.

Depois de conhecer os benefícios das terapias complementares, confira 5 pontos da relação entre suplementos e câncer de mama que toda paciente deve saber.

Médica mastologista especializada em reconstrução mamária. Além de sua prática clínica, Dra. Brenda atua como mastologista no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é preceptora da residência médica de Mastologia na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) e membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia. | CRM-SP 167879 / RQE – SP Cirurgia Geral: 81740 / RQE – SP Mastologia: 81741

ps.in@hotmail.com

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